Leão avança, mas passa aperto
O Remo cumpriu o seu papel, venceu por três gols de diferença e se classificou à 2ª fase da Copa Verde, coisa que não conseguia há dois anos. Apesar do placar folgado, a equipe remista foi inferior ao Sobradinho em grande parte do confronto. Na primeira meia hora, não se via sinal de organização e plano tático do lado azulino. As coisas só começaram a mudar (discretamente) após o gol de Gustavo Ramos, aos 38 minutos.
O lance nasceu de num lançamento alto de Dedeco na área, pegando a zaga desprevenida. Gustavo partiu da direita para o centro da área e recebeu livre para tocar no canto direito do gol de Léo.
Antes disso, porém, o Remo passou maus pedaços. Os primeiros 30 minutos de partida mostraram um Sobradinho jogando com liberdade, inicialmente em ritmo lento, mas tocando a bola com consciência pelos lados e se insinuando em direção à área azulina.
Com boa movimentação dos meias Geovane e Carlos Henrique, o time visitante acionava bem os atacantes Gilvan e Winsman, criando seguidas oportunidades quando exploravam o lado esquerdo da zaga remista. Ronaell não tinha cobertura e era constantemente envolvido nas triangulações.
A melhor chance do Sobradinho foi desperdiçada por Winsman. Após confusão na área, o atacante recebeu sem marcação e bateu rente ao poste do gol de Tiago, aos 29 minutos.
A situação só ficou mais tranquila para o time e a torcida presente ao Mangueirão após Gustavo balançar as redes. Minutos depois, Dedeco também marcou, mas a jogada foi invalidada por impedimento.
Na etapa final, o panorama não se alterou muito. O Remo voltou mais plugado, marcando mais em cima e com Neto Baiano saindo da área para tentar jogadas pelo lado esquerdo.
O problema é que o meio-campo não se acertava. Os erros de passe não permitiam a elaboração de jogadas. Zotti, que devia ser o organizador, foi um dos menos produtivos da equipe.
Aos 15’, Márcio Fernandes decidiu fazer uma alteração dupla, substituindo Neto Baiano e Geovane por Hélio Borges e Wesley. A modificação fez o Remo sair da apatia no meio. Surgiram mais jogadas pela direita com Hélio, que insistiu com tentativas de driblar e chegar à área.
Aos 20 minutos, Emerson Carioca perdeu chance preciosa. Recebeu passe longo de Fredson, chegou à frente dos zagueiros, mas chutou rasteiro facilitando a defesa parcial do goleiro.
Cansado, Zotti foi substituído por Eduardo Ramos aos 30’. Foi o último cartucho de Márcio Fernandes para tentar garantir a vitória por dois gols de diferença e fugir à cobrança de penalidades.
Ramos deu mais qualidade e dinamismo à meia-cancha, liberando Wesley para se juntar a Gustavo, Carioca e Hélio no ataque. Deu certo. Aos 34’, Hélio avançou pela direita, passou pela marcação e chutou cruzado. A bola bateu em dois zagueiros e entrou no meio do gol.
Depois de alcançar a vantagem que precisava, o Remo passou a marcar em seu próprio campo, facilitando a chegada do desesperado Sobradinho. Com a marcação sempre atrapalhada, acabou permitindo duas chegadas agudas do time candango, com Gilvan e Erick.
Aos 46, o goleiro Tiago apareceu muito bem para evitar o gol do Sobradinho. Andrei mandou um chute forte e o goleiro espalmou. No rebote, o próprio Andrei cabeceou e Tiago desviou com a ponta dos dedos quando a bola tomava o rumo das redes.
Aí o Remo saiu em contra-ataque rápido com Gustavo Ramos, que driblou o lateral e cruzou para Emerson. Livre de marcação, ele chutou no canto direito. A bola ainda bateu na trave antes de entrar.
Com o terceiro gol, o público finalmente se manifestou comemorando a vitória e a classificação. Apesar do resultado positivo, a atuação relaxada e o desempenho ruim de vários jogadores deixaram um rastro de preocupação na cabeça dos torcedores.
Jogadores exibem coragem e dão exemplo
Ainda repercute, pelo ineditismo, a reação dos jogadores do Figueirense, anteontem à noite, recusando-se a entrar em campo contra o Cuiabá pela Série B do Campeonato Brasileiro. O ato resultou em derrota do Figueira por W.O. e derrota por 3 a 0. Em sua defesa, a diretoria do clube tentou se justificar, atribuindo toda a responsabilidade aos jogadores.
O ato foi de iniciativa dos atletas, mas a causa do problema tem a ver com atos de irresponsabilidade administrativa da diretoria, que vem protelando o pagamento de salários e perdeu a confiança do elenco profissional.
A equipe catarinense ainda será ser julgada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), correndo perigo de novas sanções. A recusa dos jogadores foi uma resposta à atitude da presidência, que não cumpriu promessas de quitação da folha salarial, atrasada desde julho de 2019.
Os direitos de imagem também estão pendentes desde maio. A decisão de não entrar em campo já era consensual entre os jogadores desde o começo da semana passada. Em nota, a diretoria tentou evitar a greve prometendo quitar as dívidas até o dia 28 de agosto, mas o diálogo já havia sido suspenso entre as partes.
Situações desse tipo ocorrem frequentemente na Argentina e no Chile, onde os sindicatos de atletas são mais participativos e os atletas demonstram maior consciência trabalhista. Que o exemplo do Figueira sirva de exemplo para atletas e dirigentes. Respeito aos profissionais deve ser prática diária.
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