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EM BREU BRANCO

Produção de biogás já é realidade em comunidade quilombola

Biodigestor é solução para a destinação dos resíduos orgânicos, a geração da energia sustentável e limpa, além da produção do fertilizante líquido utilizado na horta do colégio

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Imagem ilustrativa da notícia Produção de biogás já é realidade em comunidade quilombola camera Resíduos orgânicos vão gerar biogás para cozinhar e fertilizante líquido para regeneração da mata nativa e cultivo de hortaliças | Dênis Aragão

O que fazer com os resíduos gerados pelas populações é um grande problema global. Uma parte da solução está baseada no conceito de reaproveitamento e reutilização. É nesse contexto, onde a gestão e tratamento de resíduos orgânicos vão gerar biogás para cozinhar e fertilizante líquido para regeneração da mata nativa e cultivo de hortaliças, que entra o projeto inaugurado oficialmente na última terça-feira (20) na comunidade quilombola de Nova Jutaí, área rural do município de Breu Branco, no sudeste do Pará.

Lá na localidade, a boa prática de utilização de resíduos já está funcionando e gerando o gás utilizado para cozinhar a merenda, que é servida para os 307 alunos do ensino infantil e fundamental do colégio municipal daquela localidade.

A própria produção de gás de cozinha está sendo possível graças a tecnologia social implementada na comunidade pela parceria entre o Instituto de Estudos Sustentáveis e Tecnológicos da Amazônia (AmazôniaTec) e a Dow, que encontraram na instalação de um biodigestor, a solução para a destinação dos resíduos orgânicos, a geração da energia sustentável e limpa, além da produção do fertilizante líquido utilizado na horta do colégio.

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Boa parte dos moradores da comunidade quilombola foram ao colégio municipal participar da cerimônia de entrega do equipamento que faz parte do Projeto Quilombo Sustentável.

O Quilombo Jutaí, em Breu Branco, foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Nova Jutaí, está distante do centro urbano do município de Breu Branco a aproximadamente 55 quilômetros. O povoado tem uma população estimada em 880 habitantes, distribuídos em 103 famílias.

A produção de gás de cozinha está sendo possível graças a tecnologia social pela parceria entre o Instituto de Estudos Sustentáveis e Tecnológicos da Amazônia (AmazôniaTec) e a Dow
📷 A produção de gás de cozinha está sendo possível graças a tecnologia social pela parceria entre o Instituto de Estudos Sustentáveis e Tecnológicos da Amazônia (AmazôniaTec) e a Dow |Dênis Aragão

Segundo o presidente do Instituto AmazôniaTec, Rodrigo Hühn, o projeto Quilombo Sustentável possibilita à comunidade acesso à tecnologia social, o que pode promover no futuro a transformação da realidade social e econômica de forma sustentável, já que o biodigestor é uma tecnologia utilizada para decompor a matéria orgânica, dejeto humano e esterco animal para gerar energia através do biogás.

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O projeto é desenvolvido com o apoio da empresa Dow e tem possibilitado a escola se transformar em um polo de boas práticas ambientais. A intenção dos realizadores do projeto é replicar para outras escolas e logradouros na cidade e no campo no município de Breu Branco e região.

COMO FUNCIONA

O biodigestor funciona da seguinte forma: são colocados nele os resíduos orgânicos (restos de alimentos e restos de plantas). Esse material irá se decompor dentro do equipamento fechado, na ausência de oxigênio e na presença de micro-organismos, promovendo o processo de biodigestão e gerando como produtos o biogás e o fertilizante líquido.

Na Amazônia, grande parcela das cidades não possui coleta de lixo eficiente. Um serviço essencial, mas que é muito insuficiente. Nas comunidades rurais da região do Lago de Tucuruí e Baixo Tocantins, algumas localidades têm a coleta do lixo feita apenas uma vez por semana. Problema que obriga a queima de parte do lixo produzido.

A realidade é que essas comunidades ainda têm acesso precário a tecnologias, energia elétrica, técnicas modernas de cuidados agrícolas, saúde e educação básica.

Conforme Rodrigo Hühn, a inovação e a transformação devem estar andando lado a lado visando a expansão e o sistema de biodigestores apresentado pelo Instituto AmazôniaTEC. A iniciativa é fruto de uma parceria internacional, que em sua menor escala proporciona a retirada de uma tonelada de lixo orgânico do meio ambiente, gerando diariamente cerca de 3 horas de gás para cozinha, além de 10 litros de fertilizante líquido através de gotejamento, dando a destinação correta aos resíduos orgânicos através de uma forma de compostagem acelerada com um baixo impacto ao meio ambiente.

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José Moreira, presidente da Associação Afro-brasileira Quilombola de Jutaí, é um dos filhos da comunidade que não mediu esforços para que a tecnologia fosse implantada na localidade. Para ele, o equipamento é sinônimo de desenvolvimento. E é de forma sustentável que a comunidade quer promover a sua imagem e atrair investimentos. “Quem sabe no futuro sermos um polo turístico reconhecido pelas boas práticas ambientais”, analisa Moreira.

O uso do biodigestor para atender inicialmente os estudantes de Jutaí está inserido em um modelo inédito de sustentabilidade na Amazônia
📷 O uso do biodigestor para atender inicialmente os estudantes de Jutaí está inserido em um modelo inédito de sustentabilidade na Amazônia |Dênis Aragão

A economia da comunidade de Jutaí está voltada, principalmente, para a atividade agrícola de pequeno porte como a mandioca, arroz, milho, feijão, cacau e frutas, que garantem a subsistência da comunidade, além da pesca e da criação de animais de pequeno porte. São esses resíduos que servirão de base produtiva para o gás utilizado no preparo dos alimentos para os alunos do colégio.

MEIO AMBIENTE E COMUNIDADES

A diretora da escola Jutaí, Eli de Souza Vieira, foi quem deu as boas-vindas aos visitantes e falou com entusiasmo sobre as melhorias que a utilização do equipamento já está proporcionando para os funcionários e os estudantes.

Para ela, cada vez mais é necessário discutir a questão do impacto social e ambiental na vida das comunidades e a nova tecnologia chama a atenção dos pais e alunos por ser de fácil utilização. “Já estamos utilizando o equipamento para preparar o lanche servido na escola. No início as merendeiras e os alunos até estranharam, mas não há diferenças do gás comum para o gerado no biodigestor. Ele é bem mais claro e sem cheiro, mas cozinha do mesmo jeito os alimentos. Uma conquista de todos aqui”, explica Eli.

Mais que cozinhar os alimentos, produzir fertilizante e contribuir para a redução dos resíduos orgânicos, a tecnologia aponta para o futuro e ajuda a conscientizar os estudantes sobre a importância da educação ambiental. “Se queremos ser desenvolvidos, temos de começar pelo que fazemos com o lixo que geramos”, observa a diretora.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A professora Ana Célia acredita que o desenvolvimento social das comunidades tradicionais pode ser alcançado por meio de parcerias e interesse de órgãos, ONGs e autoridades.

Para ela, que é filha de Jutaí e descendente de lideranças quilombolas, governos, entidades do setor privado e organizações sociais podem e devem, na opinião de Célia, alinhar estratégias que foquem no desenvolvimento sustentável. “A comunidade quer crescer e se desenvolver e isso só é possível quando há um interesse comum. Por isso a gente abraça os projetos que podem ajudar a nossa comunidade a melhorar”, diz a professora.

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O uso do biodigestor para atender inicialmente os estudantes de Jutaí está inserido em um modelo inédito de sustentabilidade na Amazônia, fruto da iniciativa do Instituto AmazôniaTec.

A adoção do projeto fortalece a educação ambiental, mas também pode diminuir a incidência de vetores de doenças na comunidade, como roedores. A partir da transformação dos resíduos em biofertilizantes (adubo orgânico líquido), a produção de alimentos terá menos incidência de defensivos químicos e a comunidade terá maior segurança alimentar.

A conscientização ambiental da comunidade quanto aos resíduos e sua valorização poderá resultar no futuro a implementação de um modelo de gestão comunitária e descentralizada de resíduos.

A organização não governamental atua desde 2016 propagando tecnologias sociais de forma online e offline. O foco é gerar, disseminar e aplicar conhecimento científico e tecnológico, sempre promovendo a transformação da realidade social e econômica dos povos da Amazônia de modo sustentável.

Rodrigo Hühn, explica que o instituto acompanha as demandas das regiões mais remotas, como o alto custo de geração de energia, impactos ambientais e a questão logística que impactam diretamente a vida do produtor rural.

A conscientização ambiental da comunidade quanto aos resíduos e sua valorização poderá resultar no futuro a implementação de um modelo de gestão comunitária
📷 A conscientização ambiental da comunidade quanto aos resíduos e sua valorização poderá resultar no futuro a implementação de um modelo de gestão comunitária |Dênis Aragão

Com a iniciativa, ainda em processo inicial, fomenta a conscientização ambiental e as boas práticas de desenvolvimento sustentável. No futuro, a geração de energia de biodigestores vai proporcionar para a escola uma autonomia no uso de gás de cozinha (Gás liquefeito de petróleo - GLP) além de uma diminuição expressiva dos resíduos orgânicos que teriam destinação para o lixão do município.

A partir de agora, boa parte desse material, ao invés de ir para o lixo, vai para o biodigestor que retroalimenta o processo. Como ganho extra, a escola gerará o fertilizante para a pequena produção de hortaliças que compõem a merenda escolar e poderá ser doado para os pequenos agricultores da comunidade.

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