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Paraense vence prêmio de arte

“Um performer nato”, assim o artista plástico Armando Sobral considera Rafael Bqueer, artista paraense que acaba de ser premiado no “Edital LGTB: Gênero e Identidade”, da galeria Transarte, de São Paulo. Ele arrematou o primeiro lugar com a série fotográf

“Um performer nato”, assim o artista plástico Armando Sobral considera Rafael Bqueer, artista paraense que acaba de ser premiado no “Edital LGTB: Gênero e Identidade”, da galeria Transarte, de São Paulo. Ele arrematou o primeiro lugar com a série fotográfica “Alice e Chá Através do Espelho”, no qual a personagem do livro de Lewis Carrol está inserida como um ser marginal. A exposição com os artistas premiados e selecionados, aberta ontem, permanece disponível à visitação na capital paulista até janeiro de 2016.

Sobre o trabalho, baseado nos estudos da teoria “queer” e nas pesquisas sobre o pós-colonialismo na África e na América Latina, o artista comenta: “É o resultado de uma vida inteira tendo que viver e existir a partir das intolerâncias do outro. E da aversidade no negro e do corpo ‘queer’ nas grandes capitais e subúrbios do Brasil”, explica.

O trabalho teve início durante um intercâmbio na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a partir de uma matéria de conclusão do curso sobre “Meios Múltiplos na Arte Contemporânea”.

Para quem desde criança sonhava em ser carnavalesco e conhecer o Rio de Janeiro, a universidade não só oportunizou esse encontro como deu a deixa para suas performances. Durante aquele período, Rafael viveu o início das manifestações da pré-Copa de 2014 e, convivendo entre os morros e as favelas onde ficavam as escolas de samba em que estava trabalhando, captou como a periferia olhava para esses grandes eventos internacionais, estando do outro lado da Cidade Maravilhosa.

“Decidi levar meu manifesto para a rua, levando também minha memória e estética dos desfiles das escolas de samba. A exposição tem fotos do Rio de Janeiro e do lixão do Aurá, em Belém. As fotos da Alice no lixão são bastante significativas, porque quando retornei para Belém, eu busquei habitar lugares e realidades que refletissem a minha percepção pessoal sobre o cenário político brasileiro”, explica.

Armando Sobral, dono do Atelier do Porto, galeria que recebeu a primeira exposição individual de Rafael, tem sua visão sobre a Alice construída pelo artista. “Com a criação desta personagem, o Rafael constrói uma série de performances e registra as reações do público também, que podem ser até xingamentos como ‘preto, viado, filho da p...’, que depois são transformados em frases postas em cartazes e retornam ao público como um espelho do pensamento conservador e reacionário, o que remete novamente à história da personagem”, diz Armando.

Negro, alto, vestido de Alice, o performer toma um posicionamento crítico transitando por questões como a homoafetividade, a marginalização, o racismo, o pensamento conservador. Com seu personagem arquetípico, senta-se para tomar chá em meio ao lixão do Aurá, “criando uma linguagem poética, criativa e crítica”, afirma Armando. Torna-se, assim, um dos artistas emblemáticos da nova geração paraense, algo reforçado pela sua recente premiação.

“Alice é um dispositivo de reflexões e estranhamentos sobre a nossa realidade. Terminamos a montagem da exposição e fiquei muito feliz com o prêmio. Está sendo uma grande oportunidade de reconhecimento e de incentivo ao meu trabalho nas artes visuais”, considera o artista, que também teve um dos registros desse trabalho participando do prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia de 2015.

Agora, com Alice, ele encabeça uma pequena, mas representativa mostra sobre a produção artística engajada na promoção e reflexão sobre a questão da identidade de gênero no Brasil. O edital que o premiou, assim como todos os projetos realizados pela Transarte, é uma produção totalmente independente, sem apoio financeiro governamental, pensada somente para fomentar a arte brasileira desvinculada de qualquer tipo de imposição estética, social, política, econômica e ou cultural – o que só reforça sua validade.

O júri da mostra foi formado por Maria Helena Peres, da Transarte, pela artista Maria Bonomi, pelo fotógrafo Cássio Vanconcelos e pelo crítico e curador João Spinelli, além de professores universitários. Foram 220 portfólios enviados, todos com trabalhos que desafiavam pela temática e limites de representação. Quatro artistas foram agraciados com prêmios em dinheiro, entre eles o paraense, e outros seis foram selecionados para participar da exposição e catálogo.

Dividem o segundo lugar os artistas Bia Leite, de Brasília (DF), e Guilherme Gadalhe, do Rio de Janeiro (RJ). Bia apresenta pinturas da série “Criança Viada”, na qual reproduz em técnicas de arte urbana em fotografias enviadas por internautas para seu blog. Guilherme mostra o ensaio “Melancolias Rasantes”, composto por corpos entrelaçados sobre projeção de mestres da pintura clássica. Em terceiro lugar, está o artista Rodrigo Mogiz, de Belo Horizonte (MG). Seus bordados sobre transparências e sobreposições de tecidos convidam a desvendar narrativas que tocam em questões afetivas e sexuais das relações humanas.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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