Orla de Icoaraci sofre com abandono

Conhecida pela feira de artesanato, comidas típicas e pela variedade de restaurantes em frente à Baía do Guajará, a orla de Icoaraci, um dos principais pontos turísticos de Belém, é um retrato de descaso do poder público.

As calçadas estão deterioradas, inclusive parte delas está cedendo. O mato alto se divide com os espaços destinados a práticas esportivas. E o lixo espalhado a cada esquina incomoda quem vai apreciar a gastronomia regional. “A situação aqui é precária. Estamos abandoados. As pessoas vêm em busca de uma paisagem melhor e se deparam com isso. O povo perde o interesse de vir, por isso o fluxo de turistas baixou bastante”, conta Maria Natalina Assis, 30. Nascida na Vila Sorriso, há seis meses ela trabalha na Feira do Paracuri.

VIOLÊNCIA

Segundo a vendedora de artesanato, além da sujeira e da falta de manutenção na orla, a insegurança tem afastado turistas e até os próprios moradores do local. “Já presenciei vários assaltos. Turistas, comerciantes e até quem mora em Icoaraci são alvo dos bandidos. E não tem mais hora para acontecer. Infelizmente, todos esses problemas prejudicam o artesão e a população que depende do movimento aqui”, explica.

Enquanto a equipe de reportagem do DIÁRIO visitava, ontem à tarde, a orla de Icoaraci, a pedagoga baiana Simone Vanderlei, 45, passeava com três amigos. Ela estava encantada com a beleza do lugar, mas se entristeceu com a sujeira. “O que chama a atenção é esse lixo exposto no meio da rua. Um lugar tão bonito, mas sem cuidado. Os governantes deveriam olhar com mais carinho”, lamenta.

A sujeira apontada por Simone estava em vários pontos da orla, inclusive em frente à Igreja de São Sebastião, inaugurada em 1848, restaurada em 2012 e que também compõe a beleza singular da Vila Sorriso, assim como outros prédios centenários que se tornaram em patrimônios históricos, como é o caso de vários restaurantes localizados na rua Siqueira Mendes, de frente para a baía.

COMERCIANTES REVELAM QUE FATURAMENTO DO COMÉRCIO CAIU ATÉ 90%

Waldenilson Pinho, 35, trabalha como garçom em um restaurante na orla de Icoaraci há sete anos. Ele conta que até dois anos atrás o movimento na área era constante. “Tinha segunda-feira que a gente conseguia vender R$ 3 mil. Hoje, se conseguir R$ 300 é muito. O fluxo maior é somente nos fins de semana, mas ainda assim teve uma queda de 30% nas vendas”, lamenta.

O distrito de Icoaraci está a 20Km do centro de Belém e é um dos quatro distritos que dividem a capital paraense.

SEM RESPOSTA

A Prefeitura Municipal de Belém foi procurada pela reportagem para se pronunciar, mas até o fechamento desta edição não deu retorno.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)