Chuva deixa a Grande Belém alagada e congestionada

Para milhares de moradores da capital paraense, esta época do ano é considerada um verdadeiro transtorno por conta dos alagamentos que atingem, sobretudo, áreas periféricas da cidade. Ontem não foi diferente. Como de costume, após a forte chuva que caiu por volta das 14h, diversas vias do bairro do Marco, em Belém, ficaram submersas, como a travessa Mauriti e as passagens Pio X e José Leal Martins, onde o canal quase sempre transborda alagando a área.

Na Mauriti, sem ter outra saída, os moradores eram obrigados a caminhar pela via alagada, com a água na altura dos joelhos. A aposentada Guiomar Oliveira, 85, mora em um perímetro próximo dos pontos mais críticos de alagamento e sabe o que vai encontrar quando precisa sair de casa. Ela se previne levando uma sacola com uma garrafa de água para lavar as pernas e os pés depois de passar pelas poças. “Faço isso porque é o jeito. Tenho de vir pegar o ônibus. Moro aqui há 73 anos, entra e sai governo e ninguém faz nada”, reclama.

Veja outros pontos de alagamento da cidade.

Também morador do bairro, o vendedor Manoel Chagas, 38, trabalha em uma loja de materiais de construção localizada na Mauriti, esquina com a passagem José Leal Martins. Ele explica que o proprietário do estabelecimento precisou levantar o piso interno para tentar impedir que a água adentrasse o imóvel. Contudo, a calçada permanece alagada. “Nesse período de chuva, as vendas caem. Dificilmente os clientes param aqui. A gente tem medo até de pegar doença”, ressalta, acrescentando que, além de impedir o ir e vir da população, os alagamentos prejudicam o comércio na área.

PROTESTO

Cansados da inoperância do poder público, moradores pretendem cobrar melhorias para amenizar o caos que enfrentam quando chove. “O governador não faz nada. O prefeito não faz porcaria nenhuma. Cadê o dinheiro que arrecadam com os impostos que pagamos?”, questiona o pedreiro Valdeci Lameira, 42. Morador da passagem Pio X desde que nasceu, até no passado, a água não invadia a casa onde ele mora. “Enche tudo. Estamos nos organizando para fechar a João Paulo semana que vem. Vivemos assim há anos e ninguém resolve”, critica.

Ao percorrer alguns pontos de alagamento da capital, a reportagem do DIÁRIO flagrou mais um dia de transtornos para os moradores da área e condutores que trafegavam pela avenida João Paulo II, no Curió Utinga, em Belém, pouco antes da entrada do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA). Um caminhão ficou no prego ao se arriscar atravessar a via alagada.

Já a rodovia Mário Covas, sobretudo na descida do viaduto de Ananindeua, na Região Metropolitana, virou um verdadeiro rio. Em frente ao Sesi, no bairro coqueiro, a situação era a mesma: tudo alagado. Um canal que corta a via transborda sempre que chove, travando o trânsito e deixando a comunidade que reside no entorno daquela área totalmente ilhada. Moradores reclamam que o problema nunca é resolvido, principalmente por estar situado no limite entre os municípios de Belém e Ananindeua.

RESPOSTAS E PROMESSAS DAS AUTORIDADES

A Prefeitura de Belém alega que a dificuldade de escoamento nos canais doMarco ocorre pela obstrução existente no Canal do Tucunduba, onde residências foram construídas dentro do canal, o que dificulta a limpeza e o escoamento da água da chuva.

As obras para acabar com os alagamentos na João Paulo II, próximo à Elvira, serão feitas ainda este ano.

Já a Prefeitura de Ananindeua disse que está trabalhando na passagem Santa Maria fazendo o serviço de drenagem profunda e superficial. Após a conclusão da obra, fará a pavimentação da via.

(Pryscila Soares/Diário do Pará)