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TECH

Jogos eletrônicos como ferramentas pedagógicas

Desde o lançamento, o jogo Pokémon Go se tornou um fenômeno mundial. Em Belém, não foi diferente. Esperado com ansiedade, o jogo atraiu adultos e crianças e reacendeu a velha discussão sobre os excessos no uso de tecnologias pelas novas gerações. Professo

Desde o lançamento, o jogo Pokémon Go se tornou um fenômeno mundial. Em Belém, não foi diferente. Esperado com ansiedade, o jogo atraiu adultos e crianças e reacendeu a velha discussão sobre os excessos no uso de tecnologias pelas novas gerações. Professora de Tecnologia da Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), Eunice Léa Moraes, 64 anos, é uma apaixonada por novidades como o Pokémon Go. Nesta entrevista ao DIÁRIO, a professora defende o uso de jogos como ferramentas pedagógicas, fala do uso de aparelhos eletrônicos por criança e adolescentes, mas alerta que, sem controle e presença dos pais, redes sociais e jogos eletrônicos podem causar doençasb físicas e psicológicas.

P: Como a senhora avalia a atual febre do Pokémon Go?
R:Na minha avaliação, é mais um jogo que traz um elemento interessante, que é a questão da mobilidade. Acho interessante porque pode ajudar as crianças a saírem do sedentarismo. Alguns jogos exigem que elas fiquem muitas horas no mesmo lugar, sentadas e as tornam sedentárias.


P: Então, a senhora vê o Pokémon Go como algo positivo para as crianças?
R: Sim. Ele pode ajudar, por exemplo, no raciocínio. Já temos notícias de hospitais que estão usando o jogo com crianças que ficam muito tempo internadas, para que elas se movimentem. O jogo exige atenção e isso ajuda na concentração, mas o jogo também pode causar problemas.


P: Quais?
R: Entre os riscos estão problemas de saúde como dores na cervical. A criança fica andando de cabeça baixa, concentrada, então é preciso ser cuidadoso. O excesso também pode levar a problemas nas mãos. E fora isso, claro, há o risco de queda, de tropeçar e, ainda, a questão da segurança, como roubos e assaltos.


P: O que os pais têm de fazer para aproveitar o melhor dos jogos eletrônicos, mas sem expor as crianças aos riscos da tecnologia?
R: Quando a gente tem uma criança ou um adolescente sob nossa responsabilidade, a gente tem de estar junto, acompanhar o processo de formação, de educação. Não pode deixar a criança sozinha, brincando com seus eletrônicos, horas e horas.


P: Impedir a criança de usar aplicativos e jogos é uma alternativa que a senhora recomendaria?
R: Não. Essa geração, que são os pais de hoje, nasceu no início da era digital. A gente tem visto que muitos pais e mães também estão encantados com jogo eletrônicos. Os filhos tendem a imitar os pais. Então, não recomendo que se proíba, mas que se faça um controle. É preciso estabelecer horários. Nosso problema não é a tecnologia, mas a perda de hábitos, de horário e de controle. E os pais não podem esquecer que é preciso manter tarefas familiares. Eu sou de uma geração em que era proibido, proibir. Então, acredito que não adianta.


P: Uma dúvida que acomete os pais: em que momento permitir que a criança tenha os seus próprios suportes tecnológicos, como um smartphone ou tablet, por exemplo?
R: É muito difícil definir. As crianças tendem a imitar os pais. Então, quando ela vê o pai ou a mãe com um celular ou um desses outros aparelhos, ele quer igual. Isso aconteceu com a geração dos livros. Havia a revista e os livros dos pais e tinha os livros das crianças. Com a televisão foi a mesma coisa. Ela começou socializada, na sala, mas depois cada um passou a ter sua TV no quarto com os programas infantis. Hoje, a criança acaba tendo uma leitura mais virtual.


P: Mas como saber o melhor momento para isso?
R: Algumas pesquisas afirmam que os primeiros contatos devem ser a partir de 3 anos. Outras, aos 5. O fato é que a criança não pode ficar o dia inteiro com o celular na mão. É comum a gente ver nos restaurantes casais com seus smartphones, que não conversam entre si ao lado de crianças ocupadas com seus jogos. É uma forma de ficar aliviado porque a criança está ali brincando quietinha, mas está havendo um descontrole, e às vezes os pais não percebem.


P: E as redes sociais? Com quantos anos uma criança pode ter um perfil?
R: Eu, particularmente, acho que as crianças não precisam ter rede social. E não é por outra razão, mas por segurança. Há redes de pedofilia, gente que se aproveita da criança para buscar informações da família. Ninguém sabe quem está do outro lado, não é mesmo?. A Internet permite isso. Outra questão é que nem sempre o que ensinam na Internet é bom para a criança, que acaba se expondo a riscos.


P: E os adolescentes?
R:É mais difícil proibir um adolescente de ter perfil em uma rede social. Mas os pais não podem ficar ausentes. Procurar conhecer a rede de amigos, conversar para saber o que o adolescente anda fazendo. Não pode ser uma coisa de vigilância, mas de participação na vida do adolescente.


P: No fim das contas, então, aumentou a responsabilidade dos pais, que agora têm novas coisas para monitorar?
R: Muitas outras coisas. Às vezes, a gente acha que os perigos estão só nas drogas, nas bebidas. Você acha que esse aparelhinho celular não é nada. Mas há riscos para a integridade da criança e dos jovens. Sem contar os problemas causados pelo excesso, como transtornos da atenção, isolamento, depressão, porque a rede mostra uma vida que não é real e o adolescente não tem maturidade para perceber isso.


P: O excesso de tecnologia, de estímulos, pode influenciar negativamente na capacidade de aprendizagem da criança?
R: A superexposição, sim. Agora, o computador como recurso didático é excelente. O que nós professores e professoras temos de fazer é utilizar essa ferramenta como recurso didático, em ambientes colaborativos de aprendizagem. As novas tecnologias ajudam a construir conhecimento, a criar grupos de estudo. Mas também há risco de o aluno se deparar com informações falsas. Então, os professores precisam recomendar os lugares onde o aluno deve buscar informações. O computador e a internet são recursos que estão aí e não podemos negar.


P: E a senhora, já sabe jogar Pokémon Go?
R: Eu estou tentando (risos). O problema é a falta de tempo para sair procurando Pokémon.

(Rita Soares/Diário do Pará)

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