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POLÍCIA

750 mortes violentas no Pará em apenas dois meses

Mais uma sequência de assassinatos manchou de sangue as ruas da capital e Região Metropolitana de Belém. Com uma dinâmica de assassinatos que se assemelham e, em curtos espaços de tempo, o episódio que vitimou sete pessoas ocorreu na última quinta-feira (

Mais uma sequência de assassinatos manchou de sangue as ruas da capital e Região Metropolitana de Belém. Com uma dinâmica de assassinatos que se assemelham e, em curtos espaços de tempo, o episódio que vitimou sete pessoas ocorreu na última quinta-feira (1º), horas após a morte do 3º sargento PM Reginaldo Silva de Souza, assassinado a tiros na Praça Matriz de Marituba na madrugada daquele dia (ver no box).

Os crimes viraram uma cruel rotina no Estado, especialmente neste ano. Dados obtidos pelo DIÁRIO junto ao Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará (SISP) revelam que nos dois primeiros meses de 2018 foram registradas 750 mortes violentas. Foram 434 em janeiro, sendo 370 homicídios, e outras 316 mortes no mês passado, incluindo 259 assassinatos, o que dá uma média diária de quase 13 mortes violentas por dia no Estado.

Especialista em segurança pública, advogado e sociólogo Henrique Sauma avalia o crescimento da violência como reflexo da ausência de investimentos no combate e, sobretudo, na prevenção à criminalidade. Ou seja, para ele, há ausência de investimentos por parte das autoridades em políticas públicas que trabalhem a raiz do problema. Ele cita, por exemplo, ações nas áreas de educação – como a escola de tempo integral, em saúde e o mínimo que é a infraestrutura nas ruas, nos bairros, como pavimentação asfáltica, saneamento e iluminação pública.

PAPEL DA GUARDA MUNICIPAL NO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA DEVE SER REDISCUTIDO


A Guarda Municipal precisa ter sua atuação rediscutida. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

Para o sociólogo Henrique Sauma, o planejamento para assegurar segurança pública deve envolver União, Estado e municípios. Apesar de exercer o papel na segurança patrimonial nos municípios, um dos pontos é rediscutir o papel da guarda municipal no sistema de segurança. Além de trabalhar, juntamente com os municípios a ampliação do monitoramento da cidade. O especialista destaca que “o grande problema de segurança pública hoje no Estado do Pará está na mentalidade de achar que só se resolve o problema com policiamento nas ruas”.

A repressão deve ser trabalhada, mas em primeiro lugar devem vir as políticas de prevenção, conforme pontuou o especialista. “As polícias estão sem condições estruturais necessárias de trabalho. O efetivo também não ajuda. Não adianta pensar em repressão se não temos uma política de prevenção, envolvendo ações nas mais diversas áreas como saneamento, educação e saúde. A sensação é de que estamos enxugando gelo porque a mentalidade do poder público é somente colocar polícia na rua”, critica.

Uma dessas medidas, na opinião de Sauma, seria o investimento em escolas em tempo integral para ocupar o tempo ocioso de crianças e adolescentes que vivem nas periferias, sem acesso a recursos básicos como a educação. ”O tráfico usa crianças e jovens de periferia que deveriam estar na escola. Acabam se tornando um soldado do tráfico, porque a ascensão social que eles conseguem com o tráfico é muito maior”, complementa.

Sociólogo Henrique sauma: falta investimento no combate à criminalidade. (Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)

EM BELÉM, TODOS OS BAIRROS E HORÁRIOS SÃO DE ALTO RISCO

Devido a escalada da violência, o sociólogo Henrique Sauma diz que, em Belém, não há mais um local que não seja perigoso, não há mais horário específico para ações criminosas ocorrerem, mesmo em bairros considerados nobres como Reduto, Umarizal e Nazaré. “Chegamos num nível de insegurança e medo tão grande que tornou Belém em uma fobopóle – a cidade do medo”. Ele acrescenta a fala dizendo que os crimes patrimoniais, como furtos e roubos, em geral, são mais comuns em nesses bairros mais centrais como Reduto, Nazaré, Marco, Campina e Umarizal. Já em bairros periféricos, como Jurunas, Guamá, Terra Firme, Canudos e outros, há predominância de crimes como o tráfico de entorpecentes e homicídios.

Para o especialista, existem dois territórios da violência bem definidos na capital: o tráfico na periferia e crimes patrimoniais na área central. “O carro-chefe é o tráfico que fomenta crimes patrimoniais. A partir do momento em que o tráfico se instala, significa dizer que o Estado está ausente. O grande problema é que muitas vezes há uma relação entre Estado e tráfico. São agentes públicos que acabam ‘protegendo’ o tráfico, por veem como um negócio extremamente lucrativo”, pondera.

Sauma destaca ainda que, como em outros episódios de mortes em série, todos os crimes ocorridos na última quinta-feira (1º) se assemelham, com características de execução. Além de ter sido após a morte de um PM. “Foi assim, por exemplo, na chacina do caso Pety e de outras tantas. É importante ressaltar que os agentes públicos vêm sendo vítimas da violência urbana, são policiais civis e militares”, diz. Henrique lembra que, em geral, os praças – policiais militares de baixa patente (cabos, soldados e sargentos), pelo padrão salarial, não conseguem morar na região nobre de Belém. São agentes que vivem na área de periferia. “Muito provável que sejam vizinhos dessa questão do tráfico, vai conviver e ter uma relação complicada nesse ambiente. Ou tem uma relação promiscua com esse traficante ou acaba tendo uma relação de conflito e, por conta disso, morre”, analisa.

(Pryscila Soares/Diário do Pará e Redação)

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