plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 31°
cotação atual R$


home
POLÍCIA

Após assassinatos, população espera por respostas

A cada noite, o pedreiro Samuel dos Santos Leite, 43 anos, rememora a crueldade com que o seu filho foi assassinado. Passados 2 anos da morte de Luig Leandro Barros Leite, a família ainda espera por respostas: quem tirou a vida de Leandro? Tentando supera

A cada noite, o pedreiro Samuel dos Santos Leite, 43 anos, rememora a crueldade com que o seu filho foi assassinado. Passados 2 anos da morte de Luig Leandro Barros Leite, a família ainda espera por respostas: quem tirou a vida de Leandro? Tentando superar a dor da perda a cada dia, Samuel lembra que Leandro esteve na companhia dos familiares um dia antes de sua morte. No dia 17 de maio de 2015, o jovem de 22 anos saiu da casa da família, no bairro da Pedreira, para seguir para a sua casa, no bairro do 40 horas, já que teria de trabalhar na manhã seguinte. Esta foi a última vez que a família teve contato com Leandro. Sem receber notícias durante 2 dias, os familiares só tiveram conhecimento da morte do jovem no dia 19 de maio. “O meu filho foi encontrado morto em um igarapé. Pegaram ele às 21h de domingo e torturaram até 1h, quando ele morreu”.

Diante da crueldade com que Leandro foi assassinado, o sofrimento pelo qual o filho passou não sai dos pensamentos de Samuel. Leandro deixou um filho que, na época, tinha um ano, e outro recém-nascido, além de uma imensa saudade em toda a família. O pai da vítima conta que a tragédia abalou a todos. “A minha mãe, que foi quem o criou, teve depressão e veio a falecer recentemente. O meu pai também entrou em depressão e eu também”, conta Samuel. “Eu gastava dinheiro de ônibus, perdia dia de trabalho indo pra delegacia o tempo todo e não tenho nenhuma resposta até hoje”.

DOR

Por mais que nenhuma atitude realizada hoje vá poder trazer o filho de volta, Samuel não tem dúvidas de que a prisão dos responsáveis pelo crime iria, no mínimo, aliviar a dor sentida. A última notícia recebida pela família, no ano passado, foi de que o caso teria seguido para a Justiça e que retornaria à polícia para que continuasse a ser apurado. “Se prendessem o responsável, seria um alívio para nós porque o que não sai da nossa cabeça é: por que fizeram essa maldade com ele? Meu filho não tinha inimigos, não se metia em confusão”.

A espera de Samuel é a mesma enfrentada pela assistente social Helby Carla da Costa Mota. No dia 7 de maio deste ano, o seu esposo, o guarda municipal Gilson Barros Dias Mota, foi assassinado quando saía de um clube no município de Marituba. “Quando ele estava de saída, atiraram nele ainda em cima da moto. Levaram a moto e a arma dele”, conta.

Ela não sabe o que aconteceu exatamente na noite em que o marido foi morto. Desde a tragédia, ela iniciou a luta por respostas. “Toda semana eu ia à delegacia cobrar, mas não tem nenhuma resposta ainda. Estou muito insatisfeita com essa investigação porque não vi resultado”. A assistente social é uma dos familiares de vítimas que compõem a ONG Movimento pela Vida (Movida). “É preciso entrar em um movimento, em uma ONG, para as autoridades competentes mostrarem interesse em investigar”, avalia. “Quero justiça porque tiraram a vida de um pai, destruíram uma família.”

MOVIDA

Responsável por fundar o Movida, 12 anos atrás, Iranilde Russo, 66, já acompanhou a dor de pelo menos 400 famílias. São pessoas que, em meio ao luto por causa da perda de seus entes, precisam anular parte da rotina em busca de uma resposta, que nem sempre vem. “É muito triste ver uma família perder seu ente e ficar por isso mesmo”, reforça. “A busca por justiça paralisa a sua vida. Eu passei dois anos correndo atrás disso, minha empresa faliu e o Governo não teve sequer a sensibilidade de pedir desculpas pelo seu erro.”

O filho de Iranilde, o promotor de eventos Gustavo Russo, foi feito refém ao sair da casa da mãe no dia 10 de janeiro de 2005. A vítima foi obrigada a entrar no carro pelo assaltante. O veículo foi perseguido por três viaturas da Polícia Militar, que teria dado início a um tiroteio que resultou na morte do assaltante e de Gustavo. “Eu consegui que todos (os culpados) sentassem no banco dos réus. Eles sentiram um pouco do peso da lei. Mas, infelizmente, muitos casos não conseguem o mesmo.”

Iranilde aponta possíveis impasses que dificultam a resolução de parte dos crimes. Para ela, é necessário investimento em políticas públicas por parte do Governo. “O sistema de segurança pública como um todo está problemático. O Estado não tem estrutura para atender ao número de casos”, aponta. “Existe uma demora em função da falta de pessoas. Você percebe que as equipes são sempre as mesmas para um número de casos que só cresce.”

(Cintia Magno)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Polícia

Leia mais notícias de Polícia. Clique aqui!

Últimas Notícias