Escola sofre dois ataques de bandidos em 24 horas

A Escola Estadual Maria de Araújo Figueiredo localizada no conjunto Cidade Nova 5, foi alvo de violência por dois dias seguidos esta semana. Na terça-feira (12), o prédio foi invadido na madrugada e teve equipamentos furtados, já na quarta-feira (13), o ataque foi mais grave: dois homens armados roubaram duas funcionárias do turno da noite, sob forte ameaça. A comunidade acredita que a insegurança seja motivada por uma obra de construção de uma escola técnica do Governo do Estado, que está abandonada há quatro anos nos fundos da escola.

De acordo com a vice-diretora, Andreza Silva, os furtos de materiais vêm ocorrendo desde o mês de julho, quando notou-se a movimentação de entrada e saída de pessoas em situação de risco do terreno atrás da escola. O espaços são divididos apenas por um muro nos fundos, o que não impediu as invasões. A última foi registrada na madrugada de terça-feira.

“Já levaram cabos de cobre, cadeiras, mesas, ventiladores. Ficamos dois meses sem luz no bloco A e por isso as aulas foram suspensas para as turmas da noite. Agora estamos sem internet na sala dos professores, porque levaram os cabos e o nobrake. Só não levaram a geladeira da sala porque não passou no buraco que eles abriram. Quando chegamos, os armários dos professores estavam todos arrombados”, detalhou Andreza, sobre os estragos.

A Polícia Militar foi acionada pela direção da escola e, para a surpresa de todos, parte do material furtado foi recuperado na obra abandonada. Menos de 24 horas depois, nova invasão, desta vez praticado com violência contra funcionários. Segundo Andreza, este foi o primeiro assalto à mão armada que ocorreu na escola e o medo é de que o crime continue sendo praticado.

“Não podemos afirmar se foram as pessoas que frequentam lá, mas entraram dois homens e um deles armado. Foram diretamente à sala de xerox e roubaram dois celulares das funcionárias e mais duzentos reais. Eles falavam para elas o tempo todo que iam atirar.. Nosso medo é que eles voltem armados e os crimes aconteçam sucessivamente”, contou a vice-diretora.

“BABILÔNIA”

O local é cercado por um muro alto que já avisa: “Babilônia”. Parte do muro foi quebrada para dar acesso à entrada dos usuários do local. Dentro da obra inacabada, foi possível ouvir o cochicho de algumas pessoas, que se evadiram para os fundos do terreno, parte que fica escondida pelo matagal.

De acordo com o professor Welington Soares, o terreno dos fundos da escola deveria ser destinado a construção de uma escola técnica do governo, mas há cerca de quatro anos as obras pararam. Partes das estruturas foram construídas e até mesmo a quadra poliesportiva da escola foi tomada para servir o espaço.

“A Seduc (Secretaria de Estado de Educação) tomou da escola uma parte que não era somente para lazer e que foi reformada com esforço dos professores. Perdemos o espaço que virou abrigo para pessoas sem teto e para meliantes. Isso é dinheiro público jogado fora”, denunciou o docente.

Quem mora no local também reclama da insegurança da área. A moradora da WE-24, próximo ao terreno abandonado, Suely dos Santos, de 61 anos, contou que seu inquilino, que mora nos fundos da casa, foi vítima de furto na madrugada de quarta. A polícia foi acionada e o suspeito conseguiu fugir sem levar nada.

“O ladrão entrou pelo quintal e nós ouvimos os gritos do inquilino, por volta das 2h, ele pedindo socorro. Todo mundo acordou desesperado, ele gritava muito. A polícia chegou aqui e o ladrão fugiu sem levar nada. A polícia disse que quem entrou é usuário de drogas, invadiu para roubar qualquer coisa daqui, mas não sabemos se eram as pessoas que frequentam esse local. Mesmo assim, temos medo aqui”, disse, sobre a vivência na área.

OUTRO LADO

Por outro lado, e por meio de nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que “a direção da Escola Maria Araújo Figueiredo, localizado na Cidade Nova 5, em Ananindeua, registrou Boletim de Ocorrência (BO) sobre os dois episódios envolvendo furto e roubo, assim como acionou a Companhia Independente de Policiamento Escolar (Cipoe) para reforçar a ronda na área”.

Quanto à obra da Escola Técnica localizada no mesmo terreno da Escola Maria de Araújo Figueiredo, a Seduc diz que “reforçará a segurança no local para impedir a invasão no espaço”.

(Emily Beckman/Diário do Pará)