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POLÍCIA

Assassino detalha esquartejamento de amigo

Ainda estava difícil para a vizinhança digerir o crime bárbaro cometido por Fábio Augusto Ribeiro Lage (36), homem conhecido na rua por moradores, comerciantes e amigos como uma pessoa “normal”: educado, trabalhador e acima de qualquer suspeita, que passo

Ainda estava difícil para a vizinhança digerir o crime bárbaro cometido por Fábio Augusto Ribeiro Lage (36), homem conhecido na rua por moradores, comerciantes e amigos como uma pessoa “normal”: educado, trabalhador e acima de qualquer suspeita, que passou do dia para a noite a ser reconhecido pelo seu lado obscuro, um homem “sangue-frio”.

O acusado - que confessou ter esquartejado o amigo Bruno Moura de Souza (30), que teria morrido em consequência de overdose - morava sozinho em uma casa deixada pela sua mãe, que mora atualmente fora do país. A casa fica em uma vila, sem nome, e é bem localizada, na travessa José Bonifácio, bairro do Guamá.

Um vizinho de Fábio, que mora na vila e pediu para não se identificar, contou que todos os moradores ainda estão muito assustados com o que aconteceu, principalmente por se tratar de uma pessoa próxima e bem relacionada. “Ficamos muito surpresos, ele era normal, trabalhava de carteira assinada, era educado, dava bom dia, boa tarde e boa noite. Como que dorme com um negócio feio desses que aconteceu? Está todo mundo querendo se mudar daqui”, relatou a angústia coletiva.
A poucos metros dali, em uma loja de confecções no mesmo quarteirão da vila de Fábio, o homem também era conhecido pela sua civilidade. “Conhecia porque ele falava, sempre era educado”, falou uma vendedora que, também com medo, não quis se identificar ou continuar o assunto.

A DESCOBERTA

A chef de cozinha Edinalda Oliveira foi quem localizou parte dos restos mortais da vítima nos fundos do quintal de sua casa, que é alugada há cerca de um ano. Ela contou que o morador de um prédio próximo avistou, durante a madrugada da última segunda-feira (26), uma pessoa pulando o muro que divide a vila do seu quintal. A área é extensa, tomada de mato e demarcada por um muro baixo, que tem a extensão da vila.

Por volta das 14h30 do mesmo dia, foi procurada pelo morador do prédio, que ficou preocupado com a segurança da mulher. “Deve ter sido Deus quem colocou esse rapaz no caminho. Ele chegou em casa falando que viu uma pessoa pulando o muro da vila para o meu quintal. Pedi para ele entrar e fomos andando até o final do quintal, ele pisou em algo e era uma sacola já com uma parte descoberta e havia muita mosca em cima. Peguei um pedaço de pau, mas ele disse que era melhor não mexer”, relatou.

Cerca de meia hora depois, apreensiva e curiosa com o material achado no quintal, retornou aos fundos, já na companhia de outra vizinha. Edinalda revolveu, então, mexer no pedaço de saco que estava para fora da cova rasa, foi quando teve a infelicidade de descobrir partes do corpo humano. “Peguei uma vara e comecei a mexer e apareceu um pé. Furei o saco e foi quando tive a certeza que era mesmo um pé. Chamei a polícia e daí começaram os transtornos”, contou a moradora da casa.

CRONOGRAMA

- 22 – QUINTA-FEIRA: Bruno chegou até a casa de Fábio por volta das 23h30, levando dez gramas de cocaína e uma dose de LSD
- 23 – SEXTA-FEIRA: Por volta de 0h, Bruno teria começado a agir de forma descontrolada, pegando uma faca e passando em seu próprio corpo, provocando ferimentos leves. Depois teria ainda quebrado uma garrafa de long neck e começado a se cortar. Fábio teria tentado impedir, o segurando pelos punhos. Por volta das 5h, Bruno teria começado a ter convulsões e morreu na casa de Fábio. Às 11h, Fábio teria acordado, deixou o corpo do amigo em casa e saiu para trabalhar.
- 24 – SÁBADO: Fábio foi à feira do Guamá, em uma loja de descartáveis, e comprou sacolas pretas, enrolou o corpo e ainda jogou pó de café, para amenizar o forte odor do corpo. Às 11h, apanhou uma faca e começou a cortar o abdômen de Bruno para retirar o intestino. Decapitou-o e colocou cabeça e vísceras no mesmo saco preto.
- 25 – DOMINGO: Pela manhã, colocou o saco dentro de uma mochila, saiu de casa, apanhou uma van e desceu em São Brás, onde pegou um ônibus para o bairro de Águas Lindas, em Ananindeua. Desceu próximo ao final da linha, tirou o saco da mochila e arremessou por cima do muro da mata do Utinga.
- 26 – SEGUNDA: Por volta de 1h30, pulou o muro do terreno de um antigo restaurante que faz divisa com a vila em que mora. Afirmou que cavou pequenas covas no terreno, enrolou o tronco e uma das pernas perto de um coqueiro e as demais partes do corpo no mesmo local. Por volta das 6h, saiu do terreno, foi para sua residência, limpou a casa com detergente e álcool e dormiu até às 11h. Depois saiu para trabalhar. Já pela parte da noite foi detido e narrou os detalhes aos peritos criminais e aos policiais da Divisão de Homicídios. Auxiliou as equipes a localizar a cabeça e intestino de Bruno, em seguida. No depoimento, o técnico em informática negou ter matado o amigo, mas confessou que o esquartejou.

E AGORA?

Os restos mortais de Bruno foram liberados do Instituto Médico Legal na última terça-feira (27) e seguiu imediatamente para um cemitério particular. O laudo necroscópico deverá ser entregue em até 30 dias. A Polícia Civil tem dez dias para concluir o inquérito policial que iniciou com a prisão em flagrante de Fábio. Ele segue preso no Centro de Triagem de São Brás e está à disposição da justiça. De acordo com o diretor da DH, Renato Wanghon, ainda não há afirmações sobre o técnico de informática ser traficante. “Ainda não se sabe, pela declaração dada pelo acusado, eles eram usuários de cocaína e heroína, drogas de alto valor e que causam alucinações. O inquérito continua com diligências técnicas para esclarecer mais ainda os autos”, falou.

Mancha na parede: essencial para a solução do caso (Foto: Ney Marcondes)

Uma mancha nas mãos levou a polícia até a porta do acusado

Fábio se desfez dos braços, pernas e tórax de Bruno em covas rasas no quintal de Edinalda. A polícia foi chamada pela moradora por volta das 15h, onde as investigações e trabalho da perícia iniciaram por volta das 18h30, quando já estava escurecendo.

Edinalda foi quem ajudou a polícia a localizar Fábio com uma informação essencial que, por pouco, havia passado despercebida por todos e esquecida por ela. Segundo a moradora, por volta das 20h, lembrou que no muro havia as marcas das mãos de uma pessoa e, logo abaixo, um saco plástico preto, além de que a grama estava batida. A informação foi passada aos policiais civis, sob comando da delegada Cristina Esteves, da Divisão de Homicídios, que entraram na vila atrás de suspeitos. A marca, provavelmente deixada por causa da terra molhada, marcava exatamente de frente para a casa de Fábio.

“Foi quando uma equipe de policiais chegou na vila e outra ficou pelas redondezas. Mas logo localizaram ele, porque a marca dava de frente para o kit-net e essa foi a informação chave para desvendar a autoria”, falou Edinalda.

SÍNDROME DO PÂNICO

A moradora contou que sofre de síndrome do pânico e que desde a noite do dia 26 não conseguiu se restabelecer da situação que nunca havia passado. Ela contou ainda que chegou a ser vítima de boatos entre vizinhos, diante das circunstâncias do crime. “Minha intimidade foi exposta. A polícia abriu meu guarda-roupa procurando indícios do crime, tive que comparecer à Divisão de Homicídios, porque aqui em casa mora só eu e minha irmã. Sem contar que teve gente que já estava comentando na rua que eu estava envolvida, mas graças a Deus a polícia trabalhou bem rápido e tudo foi solucionado”, disse aliviada.

AMIGA COMENTA O CASO

Eduarda Lacerda, amiga tanto de Bruno quanto de Fábio, contou ao DIÁRIO, por telefone, que conheceu Bruno há oito anos, em um curso no Instituto Curro Velho, quando iniciaram uma amizade. Ela falou ainda que Fábio e Bruno eram muito amigos e que nunca chegou a presenciar qualquer tipo de briga entre os dois. “Eles tinham uma boa relação, saíam direto. Particularmente, eu nunca presenciei uma situação de briga, era de parceria. O Fábio também era nosso amigo, por isso é uma situação muito estranha, ficamos sem entender nada, o que levou ele a fazer isso”, relatou a amiga dos envolvidos.

(Emily Beckman/Diário do Pará)

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