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POLÍCIA

“Chacina de Belém” é marcada pela impunidade

1 ano e 5 meses se passaram desde a Chacina de Belém e as famílias das 11 vítimas continuam sem retorno. Na última terça-feira, estava programada a 2ª audiência sobre o caso, mas, novamente, foi adiada, deixando os parentes cada vez mais angustiados com a

1 ano e 5 meses se passaram desde a Chacina de Belém e as famílias das 11 vítimas continuam sem retorno. Na última terça-feira, estava programada a 2ª audiência sobre o caso, mas, novamente, foi adiada, deixando os parentes cada vez mais angustiados com a injustiça e a impunidade. Foram 11 pessoas assassinadas nos dias 04 e 05 de novembro de 2014. Depois da morte do cabo PM Pety, suspeito de participar de uma milícia no bairro do Guamá, foi deflagrada uma onda de homicídios em bairros periféricos da Grande Belém. Até hoje, os processos continuam em trâmite e sem respostas sobre os verdadeiros culpados da Chacina.

Em 9 de março deste ano deveria ter ocorrido a primeira audiência, relacionada à morte do estudante Eduardo Galucio, mas foi cancelada pela ausência de uma testemunha. Agora, no dia 5 de abril, nova tentativa, e adiada novamente porque o acusado, o ex-policial militar Otacílio José Queiroz Gonçalves, apelidado de “Cilinho”, faltou alegando problemas de saúde, segundo informações do Tribunal de Justiça. De acordo com relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Chacina, instalada na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), divulgado em 04 de fevereiro de 2015, Cilinho fazia parte do chamado “Núcleo da Milícia”, responsável pelos assassinatos dos 10 civis.

Raimundo Afonso, 52 anos, pedreiro, pai de Eduardo, conta que o filho foi assassinado quando voltava para casa com a namorada, no bairro da Terra Firme. “Ele ia pegar o filho da companheira para criar em casa quando foi abordado por quatro homens vestidos de preto em motos. Mandaram ela sair de perto senão a matariam. Quando vi, fui atrás dele e os policiais mandaram eu voltar ou me matariam também. Cheguei na porta e escutei os tiros, sai correndo atrás do meu filho e ele já estava morto, com cinco balas no chão”, conta.

AINDA ELUTADAS, FAMÍLIAS NÃO SABEM NADA EM RELAÇÃO AOS ASSASSINATOS DE 2014

Raimundo Afonso contou que ele e os demais familiares das vítimas sabem muito pouco sobre os casos. “E os adiamentos só pioram a situação, porque eu e minha esposa entramos em pânico toda vez que precisamos nos envolver assim com o processo”, desabafa. O filho morreu aos 16 anos.

Em novembro de 2014, 11 pessoas foram assassinadas em um curto intervalo de tempo. Ninguém foi preso. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

Os demais familiares, juntamente com movimentos e organizações sociais, estavam por volta de 4h montando um espaço para manifestação, com fotos e fragmentos de jornais que lembram a trajetória da Chacina, em frente ao Fórum Criminal, onde ocorreria a audiência. David da Silva, 40, bacharel em Ciências Contábeis, perdeu o cunhado, Allersonvaldo Mendes, na noite de 4 de novembro de 2014, cerca de 20 minutos depois de Eduardo. “O objetivo de estarmos nos manifestando sempre é dar continuidade à visibilidade da Chacina e sensibilizar o judiciário e a sociedade em geral”, explica.

A irmã de Allersonvaldo, Wanda Silva, contou que ele morreu quando foi comprar um churrasco, também na Terra Firme. Tinha 37 anos e vivia de benefício social, por conta de uma deficiência mental. Diferente das demais pessoas que estavam na venda de churrasco, ele não conseguiu chegar em casa a tempo e também foi assassinado por homens encapuzados. “Todos nós sentimos apenas um misto de revolta, busca por justiça e uma sensação de impotência ao mesmo tempo”, revela David.

Em maio, estão previstas duas audiências da Chacina: no dia 4, sobre o caso de Eduardo, e no dia 5 de Nadson Araújo. Ambas as vítimas têm Cilinho dentre os acusados.

CRONOLOGIA DOS ASSASSINATOS

4 e 5 de novembro de 2014: Após a morte do cabo PM Pety, uma onda de assassinatos foi deflagrada na Grande Belém, especificamente nos bairros da Terra Firme, Guamá, Jurunas, Tapanã e Sideral. A seguir, a ordem dos assassinatos, locais e horários.

1 – Às 19h30, o cabo Pety é assassinado no Guamá
2 – Às 22h, Eduardo Felipe Chaves de 26 anos, é baleado e morto na Terra Firme
3 – Às 22h, Bruno Gemaque, de 20 anos, também foi baleado e morto na Terra Firme
4 – Às 22h, Cezar Augusto da Silva, de 25 anos, foi outro assassinado a tiros na Terra Firme
5 – Às 22h30, Marcos Murilo Ferreira, de 20 anos, foi baleado e morto no bairro do Marco
6 – Às 23h, Jefferson Cabral dos Reis, 29 anos, foi baleado e assassinado na Terra Firme.
7 – 0h30 de 5 de novembro, Nadson Roberto, de 28 anos, foi baleado no Jurunas. Morreu na hora.
8 – Jean Oscar dos Santos, de 33 anos, foi assassinado no Jurunas às 1h30.
9 – Alex dos Santos Viana, 20 anos, foi assassinado no Sideral às 2h.
10 – Ainda às 2h, Márcio dos Santos Rodrigues, foi assassinado no Tapanã. Tinha 22 anos.
11 - Baleado no dia 4, Arlesonvaldo Carvalho Mendes morreu no Metropolitano no dia 6 de novembro. Ele foi baleado no bairro da Terra Firme

Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup-PA).

(Alice Martins Morais/Diário do Pará)

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