Microempresário reage a assalto e é assassinado

Um microempresário morreu na tarde de ontem, após ser baleado dentro do condomínio onde morava por um assaltante que roubou a motocicleta do amigo da vítima. Cleiton Miura Cavalcante, 36, tentou impedir a fuga do criminoso, jogou o veículo em cima dele que já estava de posse da moto, mas acabou sendo atingido a tiros. A vítima chegou a receber atendimento de primeiros socorros, mas acabou morrendo no local. Ele deixou esposa e uma filha de um ano.

O crime que aconteceu por volta das 17h no residencial Olimpus, localizado na rua Municipalidade, bairro do Umarizal, centro de Belém, teria sido o terceiro da dupla de assaltantes no mesmo bairro em poucos minutos. De acordo com o sargento Silva, da Companhia de Policiamento Turístico, a equipe passava pela avenida Pedro Álvares Cabral, quando se deparou com dois homens correndo após eles terem acabado de praticar assalto em um depósito de container.

Um homem teve objetos pessoais e uma pistola 380 roubados pela dupla. Além disso, foi agredido com coronhadas da face e na cabeça, precisou ser encaminhado ao hospital. Essa vítima não foi identificada.

“O assalto já tinha acontecido. Perseguimos os dois e na fuga eles fizeram um senhor refém na rua Manoel Evaristo. Cercamos e pedimos apoio. Um deles conseguiu escapar, pulou o muro do residencial e cometeu outro assalto que resultou na morte de um morador”, explica o policial. O comparsa permaneceu com o refém, negociou com a Ronda Tática Metropolitana (Rotam), em seguida, libertou a vítima e se entregou.

Enquanto isso, Edivaldo Rabelo Lima, 34, pulou o muro do condomínio pelos fundos, e segundo os moradores, ele rendeu uma moradora que estava com o carro - modelo Gol vermelho - e tentou roubá-la. Como não conseguiu por que o veículo estancou, ainda dentro do residencial, o criminoso rendeu outro morador que chegava no momento de moto, modelo Bis preta. “Ele pediu a moto, dei chave e ainda ajudei a fazer funcionar. Em nenhum momento ele apontou a arma pra mim, disse que só queria fugir”, conta o microempresário Rafael Freire, 30.

O morador relatou ainda que Cleiton chegava de carro, modelo Livina prata, e viu o amigo sendo assaltado, foi quando jogou o próprio veículo em cima de Edivaldo. O assaltante caiu e Cleiton desceu para reagir, mas não imaginava que ele estaria armado. Em poucos minutos, quando a vítima retornava para o carro, foi surpreendida com tiro pelas costas. Pelo menos um disparo atingiu fatalmente o microempresário. “Ouvi os tiros, quando olhei aqui fora, o cara já estava correndo. Ainda tentei socorrê-lo. Peguei na cabeça dele, mas não deu tempo”, lamentou outro morador que preferiu não ser identificado. Rafael e Cleiton eram amigos de infância e sempre moraram naquele residencial.

Após o disparo ser feito, a vizinhança alarmou, e Edivaldo escapou a pé em direção ao edifício Saturno. No 14º andar, ele foi capturado pela Polícia Militar, levado juntamente com Jefferson Bento da Costa, 20, comparsa nos outros dois crimes na mesma tarde. Ambos são moradores da Cidade Nova, em Ananindeua.

Eles foram apresentados na Seccional Urbana de São Brás e autuados em flagrante por roubo qualificado e latrocínio. Os policiais capturaram dois revólveres calibre 38 - um deles utilizado por Edivaldo para assassinar o microempresário – 29 munições intactas, seis deflagradas, além da pistola 380 roubada no primeiro assalto a empresa de depósito de container e 18 munições de calibre 12, intactas.

Em conversa com o DIÁRIO, Edivaldo afirmou que já tem vários antecedentes criminais por roubo e assumiu a autoria da morte de Cleiton. Segundo ele, esse crime não era planejado, a intenção seria apenas roubar a empresa. “Fomos pra pegar o ‘cara’ da Hillux. Relógio, cordão e a arma”. Jefferson alegou que se “encontrou” com Edivaldo na Cidade Nova, onde moram, e resolveram roubar no bairro considerado nobre em Belém. Edivaldo foi reconhecido na delegacia por Rafael, dono na moto que ele tentou roubar dentro do condomínio.

INSEGURANÇA

O residencial Olimpus contém aproximadamente sete blocos de edifícios. É considerado de classe média alta por estar localizado em um dos bairros nobres da capital paraense. Porém, essas características não afastaram ou inibiram a ação criminosa. Moradores, familiares e amigos estavam todos abalados com a morte do microempresário. Muitos se sentiram acuados e se limitaram assistir apenas da janela, o desfecho e trabalho da Perícia Criminal. Cleiton era morador antigo, cresceu e viveu com a família que possuía apartamento no edifício Urano, bloco vizinho ao Saturno, onde o assaltante foi capturado após balear o microempresário.

De acordo com Priscila Andrade, uma das moradoras antigas, não seria a primeira vez que o residencial é invadido por assaltantes, fazendo vítimas e deixando a comunidade insegura. Além disso, eles não contam com segurança na guarita armada, tampouco com policiamento que possa oferecer a sensação de tranquilidade ao menos dentro do espaço de moradia.

“Já tiveram dois assaltos aqui. Em uma das vezes, a moradora foi rendida aqui dentro do condomínio e ainda levou um tiro na perna. Infelizmente dessa vez levou a vida de um amigo nosso. É uma sensação inexplicável. Aqui não tem segurança, não é armada, entra e sai qualquer tipo de gente. Do lado de fora não tem ronda policial. Nosso apelo é para que agora tenha proteção”, desabafa.

(Diário do Pará)