Presos ladrões de gado que aterrorizavam o Marajó

Presos em flagrante sob a acusação de roubo de gado no dia 20 de junho, no interior da Fazenda Aruans, no município de Chaves, localizado no extremo norte da ilha do Marajó, foram transferidos ontem cedo para Belém os indivíduos Gesilon Paes Figueiredo, vulgo “Neném”, e Mauro Sérgio Abreu Maurício. O primeiro, muito temido em praticamente todo o arquipélago marajoara, é apontado pela polícia como chefe de uma das quadrilhas mais violentas que atuam na região das ilhas.

Quando foram detidos por seguranças da fazenda, os dois conduziam 30 cabeças de búfalos retiradas de uma propriedade. A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), que há tempos vem monitorando a ação de ladrões de gado no arquipélago, fretou um avião e transportou até a fazenda policiais lotados na cidade de Soure. Aos policiais coube a tarefa de conduzir os acusados até a delegacia de Chaves, onde o delegado Marco Antonio Pitman Machado lavrou o auto de prisão em flagrante.

Gesilon Paes Figueiredo, que é acusado de numerosos episódios de roubo e outras ações criminosas no Marajó, foi recolhido em companhia de Mauro à Delegacia de Chaves, onde permaneceram ambos à disposição da Justiça. O juiz da comarca, Leonel Figueiredo Cavalcanti, decretou a prisão preventiva dos dois e, em seguida, por medida de segurança, autorizou a transferência deles para Belém. Foi o que aconteceu ontem, em voo fretado que aterrissou na pista do Aeroclube logo depois das 7h. Os réus foram colocados à disposição da Susipe e recolhidos à Penitenciária de Americano.

O produtor rural Antônio Francisco de Araújo, dono da Fazenda Aruans e diretor da Faepa, tem todo o seu rebanho – cerca de 8 mil búfalos e 12 mil bois da raça nelore, totalizando em torno de 20 mil cabeças – inteiramente controlado por dispositivo eletrônico. Por isso ele pode contabilizar com absoluta precisão o tamanho do prejuízo sofrido em 2013. Foram roubados da fazenda 1.412 búfalos adultos e em ponto de abate. Um pelo outro, ele perdeu num único ano um valor próximo de R$ 1,5 milhão.

“Os fazendeiros do Marajó estão trabalhando para sustentar bandidos. Muitos deles já perderam tudo o que tinham, gado e terras. Os que ainda resistem agora estão tendo que se desfazer de seus rebanhos, principalmente bubalinos”, afirmou ontem o presidente da Faepa, Carlos Fernandes Xavier. Para ele, os pecuaristas marajoaras têm sido, historicamente, vítimas da omissão do Estado. “O governo precisa assumir as suas responsabilidades. Do contrário, estaremos colocando em risco até mesmo a certificação internacional que elevou o Pará ao status de área livre de febre aftosa”, acrescentou.

Carlos Xavier informou que, por meio de um serviço especial de inteligência, a Faepa vem monitorando desde 2011 os movimentos das diversas quadrilhas de ladrões de gado que atuam no Marajó. No município de Chaves, elas utilizam como rotas de fuga e nos deslocamentos de cargas roubadas, os rios Ganhoão, Arauá e Mapatá.

MONITORADOS

Outros bandos criminosos, também associados ao roubo de gado, vêm sendo monitorados no vale do rio Arari, tendo como palco de ações os municípios de Cachoeira e Santa Cruz. Todas as informações levantadas pela Faepa, segundo Carlos Xavier, encontram-se à disposição da Secretaria de Segurança Pública.

(Diário do Pará)