A ligação cada vez mais estreita no"jogo do bicho"

A cada dia fica mais evidente a estreita vinculação financeira entre o Jogo do Bicho no Pará e a campanha que elegeu em 2012 o tucano Zenaldo Coutinho à prefeitura de Belém, segundo revela o inquérito policial da operação “Efeito Dominó”, realizada em setembro de 2013, mais de um ano depois de várias conversas entre empresários da contravenção e o então presidente do Diretório Municipal do PSDB, Fabrício Gama, terem sido gravadas em investigação da Polícia Civil com autorização judicial. As primeiras conversas entre os envolvidos foram publicadas na edição de domingo passado do DIÁRIO.

Na edição de hoje, o jornal traz novos diálogos entre os criminosos. Em um deles, um homem não identificado no grampo telefônico conversa com o empresário João Monteiro Vidal, mais conhecido como “Jango”, que em 2012, segundo a polícia, era um dos chefões do Parazão, a central de apostas que reunia as principais bancas de bicho da capital paraense. Fabrício Gama também participa de outra conversa rápida sobre o mesmo assunto: uma pesquisa eleitoral para a prefeitura de Belém.

O homem diz para “Jango” ser “malandragem” que Zenaldo esteja atrás de Edmilson Rodrigues (Psol) em uma pesquisa publicada em jornal. E tenta tranquilizá-lo, informando-o ter vindo do comitê dos tucanos e visto que outra pesquisa mostra que Zenaldo estaria na frente. “Jango” diz que sabia que não haveria tempo para uma “virada do dia pra noite”. Em seguida, o empresário liga para presidente do diretório municipal do PSDB para perguntar se Zenaldo estaria atrás de Edmilson na pesquisa.

O presidente do PSDB responde a “Jango” não ser verdade que o candidato do partido esteja atrás e afirma que essa pesquisa seria “inventada”. E garante em seguida que o tucano estaria com 58% das intenções de voto, enquanto o psolista estaria com 42%. Em outra gravação, a conversa é entre “Jango”, Fabrício e um homem identificado por Janilson. “Jango” quer saber se Janilson está engajado na campanha do 45 (número do PSDB) e este responde que sim. Em seguida, avisa a Janilson que passará o telefone, porque Fabrício quer falar com ele.
Fabrício diz que Janilson anda sumido e este responde que está “só na manha”. E Fabrício rebate que Janilson está ganhando muito dinheiro, que recebeu R$ 100 mil, segundo “Jango” lhe falou. Janilson pergunta onde está tal dinheiro, salienta que se Deus quiser um dia terá essa quantia, mas promete mais adiante que ajudará na campanha de Zenaldo.

ESPERTO

Na terceira conversa gravada, outro homem, não identificado, avisa “Jango” que é para ter cuidado, porque a Polícia Federal “está na casa do Félix”. Comenta que os policiais também já estiveram na casa dele, entraram, mas ele tinha “escondido as coisas”. Informa ainda que escondeu e “fechei tudo”. “Jango” quer saber se não tinha nada na casa e o homem responde que não. “Eles (PF) cercaram o galpão e eu saí fora”, comenta. “Jango” diz que está certo e o homem se gaba de ser “esperto nisso”.

A última nova gravação traz um telefonema de um homem para “Jango”, a quem informa que a Polícia Federal esteve na casa dele. “Jango”, como se estivesse surpreso, pergunta se foi mesmo na casa do homem e este confirma. Um trecho da gravação está inaudível, mas “Jango” diz que “não tem dinheiro, não tem nada”, que estava “passeando com eles”. Em seguida, o homem diz que vai ligar para Fabrício Gama.

(Diário do Pará)