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Transplante: 66% das famílias optaram por não fazer a doação dos órgãos de parentes

O percentual de recusa de transplante de órgãos no Estado do Pará ficou acima da média nacional no ano de 2018. Do total de famílias de possíveis doadores de órgãos entrevistadas no Estado no ano passado, 66% optaram por não fazer a doação dos órgãos do e

O percentual de recusa de transplante de órgãos no Estado do Pará ficou acima da média nacional no ano de 2018. Do total de famílias de possíveis doadores de órgãos entrevistadas no Estado no ano passado, 66% optaram por não fazer a doação dos órgãos do ente diagnosticado com morte encefálica.

No país como um todo, a média é de 43% de recusa. Os dados apontados pelo Registro Brasileiro de Transplantes 2018 da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos preocupam sobretudo quem aguarda por uma doação para continuar a viver.

No caso do advogado Adjane Carlos de Moraes, 30 anos, a espera já dura 5 meses. Apesar da pouca idade, o paraense descobriu de forma inesperada que apenas 8% de um de seus rins continua funcionando.

Nesta condição, apenas um transplante é capaz de fazer com que o jovem volte a ter uma vida considerada normal. “Quando eu estava com um ano de formado no Distrito Federal, eu vim para Belém para fazer algumas audiências”, lembra. “Foi nessa viagem, próximo da minha família que é de Cametá, que eu fui diagnosticado com insuficiência renal”.

Adjane lembra que, já no Pará, sentiu os sintomas da insuficiência renal se agravarem. Vômitos constantes, inchaço nas pernas, fortes dores de cabeça e a necessidade de urinar várias vezes por noite. Sem desconfiar que os sinais eram um alerta para um problema renal, ele foi ao médico e, no município de Capanema, foi diagnosticado já em estado grave.

“O médico disse que eu teria que me internar com urgência. Passei 72 dias internado no Pronto Socorro Municipal da 14 Março”, conta. “Depois de alta passei a morar aqui em Belém porque não havia mais condições de retornar para Brasília”.

HEMODIÁLISE

Desde o ocorrido, Adjane perdeu não apenas os cerca de 20 clientes que mantinha na capital federal, como também passou a manter, já em Belém, uma rotina de ida frequente ao hospital. Para que consiga se manter vivo até que apareça um doador compatível, o advogado precisa fazer hemodiálise três vezes por semana.

“Tem dias que a gente amanhece com muita fraqueza. Se eu não controlar a pressão alta, eu posso não conseguir levantar pela manhã”, relata. “A facilidade para um paciente renal crônico entrar em uma depressão é grande. Se der algum problema durante a hemodiálise, você pode morrer ali mesmo, na máquina”.

Apesar de toda a dificuldade, Adjane se mantém firme na espera por um órgão compatível. “Mantendo a família sempre comunicada de que você quer ser um doador, pode fazer a diferença. É uma forma de fazer a diferença na vida de alguém, mesmo quando você não estiver mais por aqui”.

1.070 pacientes na espera por um transplante até dezembro de 2018

Os números levantados pelo relatório apontam que, até dezembro de 2018, 1.070 pacientes aguardavam por um transplante. A maior necessidade é para córnea, com 868 pacientes em espera. No mesmo período, o número de crianças que aguardavam por transplante era de 9 pacientes, todas para rim.

Apesar da conscientização e informação das famílias fazer a diferença na concretização da doação de órgãos, já que apenas a família pode autorizar o procedimento, a coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET) da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Ierecê Miranda, destaca que são se pode atribuir eventual falta de avanço das doações às famílias.

“Não podemos atribuir isso para as famílias. É bem verdade que a população do Pará precisa ser melhor informada sobre o que é a morte encefálica e sobre como se dá a doação de órgãos. Mas, para que isso aconteça, é necessário que tanto os hospitais entendam que a doação de órgãos deve ser incluída dentro dos hospitais como uma outra atividade qualquer, quanto os profissionais vistam a camisa dessa causa”.

DESAFIOS

Segundo Ierecê, dentre os desafios a serem enfrentados está a manutenção de equipes especializadas nesse tipo de abordagem.

“O rodiziamento de profissionais capacitados também é motivo das recusas no Pará. Cada vez que eu perco uma equipe capacitada e tenho que capacitar outra, é um novo trabalho que está iniciando”, considera. “Até que essa pessoa seja treinada e pegue a prática de conversar com uma família que está destruída porque perdeu seu ente querido, leva um tempo”.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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