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Número de voluntários cai no Pará

O número de voluntários que atuam no Pará caiu nos últimos anos. A informação é de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) este mês. Em 2017, o percentual de pessoas que praticavam essa atividade era de 6,5% dos

O número de voluntários que atuam no Pará caiu nos últimos anos. A informação é de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) este mês. Em 2017, o percentual de pessoas que praticavam essa atividade era de 6,5% dos mais de 8,5 milhões de habitantes do Estado. Já em 2018, esse percentual caiu para 5%, o que representa um total de 93 mil voluntário a menos atuando nessa causa.

Para o presidente da Cruz Vermelha no Pará, Jair Bezerra, que atua há quase 40 anos como voluntário, sendo 15 deles nessa entidade, as pessoas ainda não descobriram os benefícios de se voluntariar. “Além de um crescimento pessoal, ser voluntário também pode trazer benefícios profissionais para as pessoas. Isso porque se você trabalha em uma empresa, com certeza se ela precisar fazer cortes de pessoal, quem faz um trabalho voluntário será o último a ser desligado, porque quem atua como voluntário é valorizado dentro do mercado de trabalho”, garante.

Jair iniciou seu trabalho como voluntário a partir de uma instituição religiosa. De acordo com a pesquisa, essas entidades movimentavam a maior parte do voluntariado em 2018 com 284 mil trabalhadores, o que totaliza 89,4% do trabalho voluntário no Estado. Apesar das congregações manterem liderança se comparado ao ano anterior, o resultado mostra que 62 mil pessoas deixaram de trabalhar nesse tipo de local.

PASTORAL

“Vim de uma família humilde, estudei em escola pública e comecei a me envolver no trabalho voluntário por meio da Pastoral da Juventude, da Igreja Católica, onde fiquei por quase 24 anos”, conta.

Ele ressalta que atualmente a Cruz Vermelha conta com 8 mil voluntários no Pará, sendo 6.500 apenas na capital, Belém. “Costumo dizer que voluntário nunca é demais. Sempre é de menos, porque estamos sempre precisando”, diz.

Para ele, o primeiro passo para ser um voluntário é ter convicção de poder ajudar ao outro. “É um trabalho difícil porque requer dedicação. Então é preciso encontrar algo com o qual se identifique para poder atuar e saber que ser voluntário é um aprendizado contínuo”, resume.

Mulheres realizam mais trabalhos voluntários

Algumas das voluntárias do Instituto Áster, que auxilia famílias com crianças em tratamento de câncer. (Foto: Ney Marcondes)

A pesquisa do IBGE aponta ainda que cerca de 5,7% das mulheres realizou algum tipo de trabalho voluntário em 2018, o que supera a taxa masculina, que foi de 4%. Ambas as taxas sofreram quedas se comparado a 2017, o que também se refletiu na quantidade de pessoas de cada sexo no voluntariado. As mulheres, por exemplo, registraram queda de 50 mil pessoas o que deixou o grupo com 188 mil pessoas na atividade em 2018. Os homens eram 129 mil.

O Instituto Áster, que auxilia 120 famílias com crianças em tratamento de câncer na capital, é um reflexo disso. Atualmente com 203 voluntários, cerca de 90% compostos por mulheres. “Temos pouquíssimos homens aqui e mesmo no número de mulheres que atuam no Instituto temos tido uma queda significativa nos últimos meses”, afirma a coordenadora voluntária do Áster, Jemima Figueira.

Ela iniciou seu trabalho voluntário no Instituto a convite de uma amiga e não parou mais. “Havia perdido para o câncer meu avô, que foi como um segundo pai para mim, então achei que ele ficaria feliz se me visse fazendo esse trabalho”, acredita.

Na sua avaliação, a atuação do voluntário proporciona descobertas que só são possíveis quando uma pessoa se dedica de coração a fazer o bem ao outro. “A única explicação que tenho para isso é o amor ao próximo, porque hoje em dia, com as redes sociais, tudo é muito baseado no instante, no momento. Mas quando estamos aqui percebemos que não é bem assim, que é preciso amar para estar aqui”, diz.

QUALIFICAÇÃO

Presidente e fundadora do Instituto, Evelyn Nascimento acredita que a queda no número de voluntários do Áster ocorreu com uma questão pontual. “Antes tínhamos um maior número de voluntários, mas para qualificar essas pessoas que chegavam aqui, resolvemos promover oficinas três vezes ao ano para que, a partir daí elas entendessem o real sentido de estar aqui fazendo um trabalho voluntário, então tivemos uma queda significativa”.

Para ela, só existe uma forma de entrar e permanecer em um trabalho voluntário. “É preciso conhecer de perto o que se passa na vida dessas pessoas que precisam desse trabalho. Por isso, fazemos visitas, acompanhamos de perto cada uma delas. E nosso caso recebemos, em troca, um carinho enorme”.

Foi depois de perder o marido para o câncer que Andréa Mercês se tornou voluntária no Instituto Áster, há cerca de um ano. Desde então ela diz só ter colhido frutos positivos. “Quando me aproximo das pessoas que estão sofrendo e mesmo assim não perdem a fé, vejo o quanto não tenho problemas”, comenta.

PERFIL

- A pesquisa do IBGE também fez um perfil das pessoas que atuam como voluntários no país.

- O resultado mostrou que eles têm entre 25 e 49 anos, a maioria. A cada 100 pessoas no trabalho voluntário, 55 delas tinham entre 25 a 49 anos em 2018, o que representou a maioria do voluntariado naquele ano com 175 mil voluntários nesta faixa etária. Enquanto a menor quantidade foi para os voluntários de 14 a 24 anos que eram 18 cada 100 naquele ano (57 mil voluntários).

- O estudo do IBGE apontou ainda que a maior parte dos voluntários tinha ensino superior incompleto em 2018 com 36,8%, o que revela um interesse maior dos universitários pelo tipo de trabalho. O segundo maior grupo foi o com fundamental incompleto que totalizou 33,7% dos voluntariados e o terceiro foi o de ensino médio incompleto com 16,7%. O superior completo representou a menor parcela com 12,8%.

- Quanto a ocupação, a pesquisa mostrou que a maioria dos voluntários estava ocupada em 2018, com 57 a cada 100 pessoas nos que prestavam serviços sem remuneração em 2018. Eles eram 181 mil neste ano e, apesar de ainda representarem a maior parcela, tiveram perda de 72 mil pessoas se comparado a 2017 (253 mil).

- Uma possibilidade para a diminuição é a situação econômica do país, já que o trabalho voluntário exige tempo e o trabalhador prioriza o trabalho remunerado para se sustentar. Já os não ocupados, em 2018 representavam 43 a cada 100 com 136 mil pessoas.

(Alexandra Cavalcanti/Diário do Pará)

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