Líder em audiência, Rádio Clube completa 91 anos

Mais de nove décadas inserido no cotidiano dos paraenses. São 91 anos de história, que se completam no próximo dia 22. A Rádio Clube do Pará caminha célere para seu centenário mantendo a jovialidade de uma emissora moderna, antenada com os principais assuntos do Pará, do Brasil e do mundo, servindo de vetor de um jornalismo de primeira qualidade e de porta-voz para seus milhões de ouvintes.

A Rádio Clube do Pará surgiu 5 anos depois da abertura da primeira rádio brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923. A transmissão inaugural da Rádio Clube ocorreu em 22 de abril de 1928, sob o comando dos pioneiros Roberto Camelier, Eriberto Pio e Edgar Proença. Como as primeiras do Brasil, a emissora surgiu na forma de uma associação, um clube de amigos empolgados com a novidade, daí o nome “Rádio Clube”.

Camilo Centeno, diretor-geral da RBA, afirma que a rádio enfrentou dificuldade no início, com a defasagem tecnológica, troca de espaço físico para se adequar às necessidades e preparação de toda a equipe.

“É uma rádio de sucesso, que tem a cara do Pará e dos paraenses, que se identifica com os nossos ouvintes. Nesses mais de 90 anos a rádio transmitiu os principais fatos do Pará e do país, como eleições, grandes eventos e conquistas esportivas, sempre com a informação em cima do lance”.

A Rádio Clube, ressalta Camilo, tem uma identidade com o povo paraense pois chega a todo Pará, seja através das ondas médias ou curtas, fazendo parte da vida dos paraenses.

“A Clube é líder disparada em audiência, com quase 6 vezes maior que a segunda colocada no segmento AM”. Até início do ano que vem a rádio passará para o segmento FM, mas ele garante que a rádio “continuará falando a todos os paraenses através das ondas tropicais, sem perder a sua identidade e a forma como se comunica com a população”.

O segredo, segundo Camilo, é muito trabalho, dedicação, metas e perseguir o objetivo. “É preciso acompanhar a evolução tecnológica. São 4 gerações em 90 anos com liderança absoluta. Somos a maior emissora AM do Brasil, proporcionalmente falando”, ressaltou Camilo.

Camilo Centeno, diretor-geral do Grupo RBA: emissora acompanha evolução tecnológica. (Foto: Jader Paes/Arquivo)

Participação popular é marca registrada da Clube

Nonato Cavalcante, diretor de jornalismo e programação da rádio, relembra que a Clube passou a integrar a RBA em 1994. A partir de 1995 começaram a investir na contratação de profissionais renomados e alicerçar a programação, disputando efetivamente a audiência.

“Passamos a liderar todas as pesquisas de audiência em 1996. São 23 anos de liderança, de ponta a ponta, de segunda a domingo, em toda a programação, baseada no tripé esporte, jornalismo e entretenimento. Isso se reflete em nosso slogan: Aconteceu, Liga na Clube !”, destaca.

Ele ressalta que existem programas na rádio que mantém o pico de 100% de audiência. “O Programa Clube da Manhã, por exemplo, que eu apresento das 7h às 9h, todos os dias, possui 82% de audiência com picos de 95%”.

A Rádio Clube também está em todas as redes sociais, com destaque para o WhatsApp. “O ouvinte liga para o nosso número e a mensagem de voz ou texto é apresentada minutos depois nos programas jornalísticos. As reclamações entram ao vivo e isso aumenta a identificação da rádio com o ouvinte. Só no programa Clube da Manhã de hoje (quarta) colocamos 30 áudios no ar”, contabiliza.

Nonato Cavalcante, chefe de jornalismo da rádio. (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)

Emissora lidera audiência há mais de duas décadas

Guilherme Guerreiro, diretor de esportes, diz que é um orgulho imenso fazer parte desse “patrimônio do povo paraense” e integrar uma equipe tão talentosa, da primeira rádio da Amazônia que se confunde com a radiodifusão brasileira. Guerreiro lembra que a Clube “é a rádio mais antiga e que sempre manteve o mesmo nome, desde a sua fundação”.

Apesar da migração inevitável para a frequência modulada (FM), Guerreiro garante que a Rádio Clube continuará mantendo a sua programação de rádio AM.

“Somos líderes de audiência há quase 25 anos e nos mantemos consolidados nesse patamar graças a essa tradição mantendo como base da nossa programação o jornalismo, o entretenimento, a prestação de serviço e o esporte. Hoje 60 emissoras retransmitem ou tramitem parcialmente a programação da Clube”, coloca.

Como o esporte é um dos pontos altos da Rádio, Guerreiro antecipa que a Clube estará presente no Campeonato Brasileiro da Série C transmitindo todos os jogos de Remo e Paysandu. “Temos mais de 20 profissionais na área de esporte cobrindo tudo o que acontece no futebol paraense e não apenas o que envolve os grandes clubes. Essa é uma marca registrada da Clube”.

Ele ressalta que a Clube é antiga apenas na idade e que se mantém antenada com o que há de mais moderno na radiofonia do país e do mundo. “Pra mim a rádio é o veículo de comunicação mais importante que existe e segue se reinventando para facilitar a vida do ouvinte e a Clube está nesse contexto. Por isso somos líderes de audiência incontestavelmente”, ressaltou Guilherme.

HISTÓRIA

Nos primeiros anos, o funcionamento da Rádio era precário. Mesmo assim, ela já atingia municípios do interior. Quando o transmissor resistia bem, a Rádio ficava até uma hora no ar. Às vezes passava uma semana inteira em conserto, mas a persistência dos desbravadores foi maior do que as dificuldades. Camelier, Pio e Proença sabiam que a Rádio tinha nascido para o entretenimento, mas tinham consciência de seu potencial de prestação de serviços. Com o passar do tempo a programação se estabilizou.

Os primeiros prefixo e slogan foram PRAF – A voz do Pará. Na primeira metade da década de 30, muda o prefixo e Edgar Proença cunha o slogan pelo qual a Rádio ficaria conhecida em toda a Amazônia: PRC5 – A voz que fala e canta para a planície. De tão forte e presente na memória do povo, a marca PRC5 foi incorporada à razão social da emissora, depois que ela mudou novamente o prefixo por força de legislação. O nome atual é Rádio Clube do Pará PRC5 Ltda., com o prefixo 690 kHz.

Guilherme Guerreiro, diretor de esportes da Clube. (Foto: Marco Santos/Diário do Pará)

PARA ENTENDER

O esporte foi prioridade para a Clube desde o início, por causa da paixão de Edgar Proença pelo futebol. A Clube foi a primeira emissora do Norte a transmitir uma partida de futebol, em 1935, jogo narrado pelo próprio Edgar Proença. No Brasil, a primeira transmissão tinha ocorrido em 1932.

A Rádio foi também a primeira emissora do Norte a transmitir uma partida de Copa do Mundo, a final de 1950, no Rio de Janeiro, contra o Uruguai. A narração ficou a cargo de Edyr Proença, filho de Edgar Proença. O primeiro programa foi o Cartaz Esportivo, criado em 1939, e que ainda hoje está no ar.

Em 1937, a Rádio Clube teve sua primeira sede própria construída, era a Aldeia do Rádio, no Jurunas, que atraía centenas de ouvintes. Em 1954, o edifício Palácio do Rádio foi construído especialmente para abrigar a Rádio. Nessa época, o rádio alcançou o seu apogeu e fazia tanto sucesso que os locutores e radioatores eram vistos como galãs.

Até 1954, a Rádio Clube não possuía concorrência. Os tempos áureos prosseguiram até a década de 60, quando a TV chegou ao Pará. As décadas de 40 e 50 foram as mais gloriosas para a rádio, assim como em todo o Brasil. Era o tempo dos programas de auditório, do rádio-teatro e das radionovelas.

Durante o Carnaval, a Clube promovia batalhas de confete com cobertura ao vivo, eram famosas também as festas organizadas pela rádio. Nesse período, Belém recebeu os mais famosos artistas internacionais, entre eles Carmen Miranda, Silvio Caldas, Dalva de Oliveira, Carlos Galhardo e Orlando Silva.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)