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PARÁ

Em busca de um emprego

Se em algum momento da história do Brasil o desemprego atingia essencialmente os mais desqualificados, sem formação ou cursos, hoje já não há essa distinção. Os perfis de quem não tem um salário no final do mês são os mais variados:

Se em algum momento da história do Brasil o desemprego atingia essencialmente os mais desqualificados, sem formação ou cursos, hoje já não há essa distinção. Os perfis de quem não tem um salário no final do mês são os mais variados: do pós-graduado àqueles que não completaram o ensino médio, todos estão no mesmo barco. E não são poucos. Recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que existam 13,1 milhões de brasileiros desempregados.

Enquanto o emprego não chega, André Luiz comprou um carrinho de lanches e vende os produtos que ele mesmo produz (Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

Um desses brasileiros é André Luiz Santos, de 39 anos. Há 4 não sabe o que é ter um salário no final do mês para pagar as contas. Com dois cursos superiores incompletos – engenharia de produção e administração, ele trabalhou como analista físico e químico para controle de qualidade em uma grande empresa de alimentos. Na época, casado e pai de três filhos, viu a vida mudar radicalmente junto com a notícia de que, por contenção de despesas, estava demitido. “Meu casamento, que já não ia bem, acabou um tempo depois e, sem emprego, tive que voltar para a casa da minha mãe, deixando meus filhos com minha ex-esposa”, lembra.

Na busca por uma recolocação no mercado de trabalho, entrou em contato com amigos, se inscreveu em vários sites de busca de uma vaga, fez cadastro nos sites de empresas, mandou e-mails e se inscreveu no Sistema Nacional de Empregos (Sine). “Calculo já ter enviado mais de 100 currículos ao longo desses anos”, diz. A falta de um retorno e a urgência em pagar as contas fizeram André Luiz tentar outros caminhos. “Fui vender roupas e sapatos para conseguir me manter”, conta. Há um ano e meio, no entanto, ele resolveu aprender a fazer algumas receitas pelo Youtube, comprou um carrinho de lanches e agora se dedica ao ofício de vender os produtos que ele mesmo produz na cozinha da mãe e com o qual consegue obter uma renda média entre R$ 1.500 e 1.800, por mês.

Gabriela busca um emprego na área de enfermagem (Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

Apesar de conseguir pagar as contas no fim do mês com a renda da venda de lanches, ele ainda sonha em voltar ao mercado de trabalho. “Ainda não perdi a esperança. Este mês, por exemplo, mandei meu currículo para um anúncio que vi no jornal e vou continuar mandando. Sei que a idade já pesa e o mercado não está favorável, mas não vou desistir”, garante. Aos 58 anos, o carpinteiro José Cardoso também é um rosto em meio aos 13,1 milhões de brasileiros desempregados.

Depois de atuar por cinco meses com carteira assinada por meio de um contrato temporário com uma empresa do ramo da construção civil, viu o desemprego bater a sua porta. “Guardei uma economiazinha para passar por esse período porque sabia que não teria direito ao seguro-desemprego. Ainda tenho uma reserva para sobreviver. Além disso, recebo ajuda de minhas irmãs”, conta ele que mora sozinho na cidade de Barcarena e toda semana viaja para Belém para saber se surgiu alguma vaga no Sine, onde fez sua inscrição.

VOLTA

Resignado, ele sabe que a volta ao mercado de trabalho agora será mais difícil. “Já estou com uma idade avançada e tenho apenas o ensino fundamental, mas tenho esperança de voltar a ter um trabalho logo", diz. Enquanto uma nova oportunidade de emprego não surge, ele vai tentar sobreviver de trabalhos esporádicos. "Sou carpinteiro dos bons e ferreiro armador, acho que consigo pelo menos bicos", garante.

Cursando o terceiro semestre da faculdade de Enfermagem em uma instituição particular de Belém, Gabriela Martins, de 21 anos, está à procura do primeiro emprego em sua área. Ela chegou a trabalhar de carteira assinada, por cerca de um ano, em outro ramo, mas agora está focada na carreira.

“Estou me preparando, tenho feito capacitações e workshops, além de estágios, mas até agora não consegui nada”, conta. A estudante acredita que mesmo com a crise pela qual o país passa, novos postos de trabalho estão sendo criados. “As vagas teoricamente existem, mas não estão chamando. Não sei dizer exatamente o porquê, mas vou continuar tentando”, analisa.

Pedro Lúcio e José Raimundo, diretores da Seaster (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)

Desemprego recai em maior número sobre os mais jovens

Diretor de Trabalho e Emprego, da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Pedro Lúcio Santos afirma que o desemprego no Pará não acompanhou de perto o cenário nacional. “Se pegarmos os números do ano passado, o Estado ficou diferente do restante do país. Tivemos aqui a oferta de 15 mil postos de trabalho, portanto, um saldo positivo”.

“Contudo, continuamos com um grande número de desempregados. Podemos associar isso ainda ao reflexo da situação nacional, haja vista que o nosso Estado sofre profundamente com este cenário de crise, por conta de não ter uma economia com base industrial e ainda ser uma economia agroextrativista em sua maioria”, avaliou.

No Pará, como no restante do país, o desemprego ainda recai em maior número sobre os mais jovens, até os 25 anos. “Esse público responde por quase 50% dos desempregados hoje no Estado”, diz. Além disso, destaca o diretor, há uma rotatividade grande entre esses trabalhadores, em função da ínfima formação escolar. “A maioria tem apenas o nível fundamental ou médio e isso tem sido um elemento que dificulta a permanência desses jovens no mercado de trabalho, que hoje é de três meses”, informa.

Ano passado foram efetivadas 7 mil recolocações, por intermédio da Seater. Para este ano, a meta é conseguir chegar aos 15 mil. O diretor anunciou que novos programas serão lançados em breve voltados para as áreas do trabalho e renda para se conseguir chegar a essa meta. “Um deles referese ao microcrédito, além do Plano Estadual de Trabalho, Emprego e Renda e de um programa de primeiro emprego voltado para jovens em idade entre 14 e 24 anos, de baixa renda para que ele receba qualificação e possa acessar o mercado de trabalho”.

META

O diretor de Qualificação Profissional da Seaster, José Raimundo Portilho explica que também está sendo feita uma reestruturação interna para que se alcance essa meta com mais efetividade e se amplie a qualificação profissional.

“Uma das principais medidas do governo do Estado é concentrar a coordenação da qualificação profissional na área do trabalho, porque até então ela estava dispersa, pulverizada e a demanda vinha de forma aleatória e ao mesmo tempo, a ação qualificação terminava no curso. A determinação a partir de agora é fazer uma ação linkada, que o resultado seja a ocupação ou a inserção no mercado formal ou o apoio ao empreender”, explica.

O perfil profissional em alta no mercado

Se por um lado há 13,1 milhões de brasileiros desempregados, por outro, há uma oferta de vagas que não consegue encontrar candidatos. Ainda que numa proporção menor, acredite, elas existem.

Diretor de empresa de Recursos Humanos especializada no recrutamento para vagas de emprego, Thallys Ferreira explica que, apesar dos números alarmantes do desemprego no país, as empresas continuam em busca de profissionais. “Elas querem pessoas experientes, focadas, com cursos correlatos a área em que querem atuar, compromissadas, com habilidades específicas, além de saber trabalhar em grupo”, detalha.

Ele chama a atenção para uma mudança no perfil atual muito valorizada no mercado. “Não estamos mais na era generalista, daquele profissional que sabia um pouco de tudo. O que o mercado busca é o profissional especialista em determinada área”, diz.

CURRÍCULO

Outro ponto observado no currículo é com relação ao tempo de permanência em cada empresa. “Essa questão é muito importante. Um currículo mostrando várias passagens curtas por cada local não é bom”, alerta.

O perfil ético também é valorizado, segundo Thallys. “As empresas de RH compartilham informações entre si. Portanto, não adianta falar uma coisa em um local e outra em outro, ou falar mal da empresa pela qual já passou porque tudo isso é compartilhado”, afirma.

Com as redes sociais, o diretor explica que é preciso ter cuidado. “Com certeza elas auxiliam na verificação do perfil, por isso é preciso ter um certo cuidado com o que se compartilha publicamente, porque com certeza isso será verificado”, diz.

SERVIÇO

+ Para cadastro de currículo, intermediação de mão de obra e seguro-desemprego procure um dos postos do Sine em Belém:

Casa do Trabalhador – Assis de Vasconcelos, 397, Campina

Shopping Bosque Grão Pará (Estação Cidadania) – Avenida Centenário, 1.052, Val-de-Cans

Guamá (Estação Cidadania) – Avenida José Bonifácio, 2.308, Guamá

Jurunas (Estação Cidadania) – Rua São Silvestre, 1.330, esquina com Tupinambás, Jurunas

Ciic (pessoas com deficiência) – Almirante Barroso, 1.765, Marco

(Alexandra Cavalcanti/Diário do Pará)

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