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PARÁ

Filhote: peixe cada vez mais raro

Um dos peixes mais apreciados na culinária paraense pode estar se tornando também mais raro. O filhote, espécie de bagre, alcança até 2,5 metros de comprimento e pode pesar até mais de 100 quilos, mas tem sido cada vez

Um dos peixes mais apreciados na culinária paraense pode estar se tornando também mais raro. O filhote, espécie de bagre, alcança até 2,5 metros de comprimento e pode pesar até mais de 100 quilos, mas tem sido cada vez mais difícil encontrá-lo nessas condições. Nos mercados, onde é comercializado em Belém, a reclamação é geral: eles estão menores, mais raros e com um preço elevado.

O Mercado do Ver-o-Peso, onde a espécie é bastante procurada, a oferta tem decepcionado os vendedores. “Não encontramos mais aqueles peixes enormes que costumam chegar aqui para comercializarmos. Agora eles estão menores, no máximo com 10 ou 20 quilos e o preço está muito alto”, reclama o peixeiro José Ferreira. Ele comercializa a espécie a R$ 20, o quilo com a cabeça e a R$ 25 sem. Para ele, a escassez se deve ao período de chuvas.

“Desde o início do ano, temos comprado nos barcos que chegam aqui com um preço maior e em um tamanho menor. A justificativa é a chuva”, afirma. Essa também é a conclusão do peixeiro Antônio Santos, que trabalha há mais de uma década no mercado. “É raro encon-trar aqueles peixões de antes. E nessa época do ano, com certeza, a situação fica mais complicada”, garante.

A reclamação também se estende aos donos de restaurante. Considerado um dos carros-chefes da gastronomia da região, pelo sabor típico e pela construção de pratos singulares, o peixe é o campeão na preferência de chefs e dos consumidores. Proprietário de um restaurante especializado na culinária paraense, o Jonas Moreira diz estar cada vez mais difícil oferecer aos clientes pratos à base de filhote, como o carro-chefe do estabelecimento, o filhote grelhado na manteiga de pupunha caramelizada. Ele tem conseguido adquirir o produto por um preço médio de R$ 41, o quilo.

“Nesse período costumamos ter uma oferta bem menor, acredito que por isso, o preço esteja mais elevado”, avalia.Mesmo assim, Jonas diz não se arriscar a ficar sem o produto. “Não posso de jeito nenhum porque o filhote está na preferência de 99% dos meus clientes”, afirma. Edivane Santos também atua na área gastronômica em Belém e confirma a informação. “Temos um fornecedor, que não nos deixa ficar sem o produto, mas nos últimos meses, temos sentido uma variação no preço. Até o ano passado, era possível comprar o quilo por R$ 44.

Atualmente esse valor está em torno de R$ 46. Para não correr o risco de ficar sem o produto, especialmente com a proximidade da Semana Santa, quando a procura é maior, Edivane diz estar apostando no estoque. “Estou comprando desde o mês passado, porque como a oferta tem sido menor, não podemos correr o risco de ficar zerados”, reitera.No restaurante onde ela trabalha, um dos pratos de maior sucesso é o filhote em cubos com arroz de jambu.

Desequilíbrio entre oferta e procura

O professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Ivan Furtado, especialista em Tecnologia Pesqueira, afirma que, de fato, está havendo uma menor oferta de pescado. “Atualmente todas as espécies estão diminuindo os estoques, porque a população que pesca cresceu muito, assim como a demanda e o próprio número de consumidores”, explica.

Com relação ao tamanho da espécie, o professor afirma que ocorre uma seleção natural. “Os indivíduos maiores são os primeiros a serem pescados e isso ocorre sucessivamente até que se chegue a um tamanho que se estabiliza, que é um tamanho de maturação, quando reproduz pela primeira vez na vida, porque não há como capturar menores, sob o risco de extinção”, detalha. Ele confirma a informação de que durante o período de chuva ocorre uma diminuição da oferta.

“Com o aumento do volume dos rios, as espécies acabam ficando mais dispersas dificultando a captura. Isso ocorre todos os anos durante a época chuvosa, especialmente com as espécies de água doce por conta do aumento do volume das bacias dos rios”, justifica.

O engenheiro de pesca da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Átila Brandão, avalia que a comercialização do filhote ficou mais intensa nos últimos anos, no Pará, e isso tem acarretado um desequilíbrio entre a oferta e a procura. “Entre as espécies de bagre, o filhote tem sido o mais buscado e grande parte dos atravessadores tem dado preferência a encaminhar essa produção aos donos de restaurante, gerando uma escassez nos mercados, que atendem diretamente à população”, ressalta.

(Alexandra Cavalcanti/Diário do Pará)

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