Uma alteração na legislação da nacionalidade portuguesa, que entrou em vigor em 2017, provocou uma corrida em busca da dupla cidadania, sobretudo entre netos de cidadãos lusos.
A quantidade desses pedidos aumentou 3.794% em dois anos, passando de 163 em 2016 para 6.348 em 2018. Os brasileiros representam 85% das requisições, com 5.412 pedidos feitos por netos no ano passado.
A nova lei, aprovada em 2015 no Parlamento, estendeu para os netos de portugueses o direito à chamada nacionalidade de origem, que permite "mais benefícios" do que a cidadania por naturalização, modalidade permitida até então. A nacionalidade de origem significa que o neto de português passa a ter status de cidadão nativo, incluindo o direito de transmitir a cidadania a seus filhos e cônjuges.
A explosão do número de requisições congestionou os órgãos responsáveis pela verificação dos processos, que estão cada vez mais demorados. Brasileiros relatam que, hoje, esperam mais de um ano para concluírem a documentação.
Em outubro do ano passado, o consulado português em São Paulo chegou a interromper o agendamento de novos pedidos de cidadanias. O serviço foi retomado em novembro. Segundo o ministério da Justiça de Portugal, no fim de 2018, havia mais de 40 mil pedidos de cidadania pendentes, a maioria feita por cidadãos brasileiros.
Diante do aumento da procura, que também tem sido grande na Venezuela, segundo maior destino da imigração portuguesa na América do Sul, o governo português prometeu aumentar os recursos para a análise dos processos.
RECORDE HISTÓRICO
A crise político-econômica no Brasil e recuperação da atratividade do mercado europeu, segundo especialistas, ajudam a explicar o aumento da procura. Quem adquire a cidadania portuguesa pode viver e trabalhar legalmente em qualquer Estado membro da União Europeia.
Em 2017, o número de nacionalidades portuguesas concedidas a brasileiros atingiu o recorde histórico: 32.945. Uma média de 90 novos luso-brasileiros todos os dias. O resultado de 2017 representa uma alta de 64,7% em relação a 2012, de acordo com dados do Ministério da Justiça luso.
O governo português ainda não divulgou os números de 2018 divididos por país, mas os primeiros resultados já indicam que o número deve ser ainda maior. Entre janeiro de 2010 e o início de 2018, quase 223 mil brasileiros também se tornaram portugueses. Com isso, o Brasil lidera com folga a lista de países com mais cidadanias portuguesas.
QUEM PODE?
De acordo com a Lei da Nacionalidade de Portugal, diversas são as hipóteses para a atribuição e a aquisição da nacionalidade portuguesa, que envolvem desde a adoção de cidadão estrangeiro por um português até situações específicas aplicáveis a descendentes de judeu sefardita português.
Segundo o portal Eurodicas, podem requerer o pedido:
- Filhos de portugueses
- Netos de portugueses
- Bisnetos de portugueses
- Cônjuges de portugueses
- Companheiros de portugueses
- Filhos menores ou incapazes de português que adquiriu a nacionalidade
- Residentes legais há pelo menos 5 anos em Portugal
– Filhos de Estrangeiros Nascidos em Portugal
– Ascendentes de Português
COMO FAZER?
O requerimento pode tramitar nas Conservatórias de Registro Civil ou na Conservatória dos Registos Centrais de Portugal, entretanto o pedido pode ser também aberto junto dos Consulados do país
Neste último caso, entretanto, o processo demora significativamente mais tempo até ser concluído, não apenas em razão dos Consulados disporem de um número reduzido de funcionários, como também por terem que encaminhar o processo para análise junto às Conservatórias competentes.
Em geral, a documentação exigida é
- Documento de identificação do requerente – passaporte ou RG;
- Certidão de nascimento do requerente;
- Certidão de nascimento do ascendente português (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Certidão de nascimento do progenitor, filho do português (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Antecedentes criminais dos países de naturalidade, nacionalidade e residência (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Antecedentes criminais portugueses (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Comprovante de conhecimento da língua portuguesa (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Comprovante de vínculos com Portugal (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Certidão de nascimento do cônjuge ou companheiro português (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Certidão de casamento transcrito em Portugal (a depender do fundamento do pedido de cidadania);
- Certidão da sentença judicial portuguesa que reconhece a união estável (a depender do fundamento do pedido de cidadania).
Para mais informações, clique aqui.
(Com informações da Folhapress e portal Eurodicas)
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