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Privacidade violada e bullying: prejuízos dos desafios da internet na vida das crianças

A internet está cheia de desafios um tanto estranhos. Já teve quem saísse do carro em movimento para dançar, do balde de gelo, do jogo da asfixia, do desafio do preservativo, de comer sabão, inalar canela e por aí vai. Recentemente, um novo desafio viral

A internet está cheia de desafios um tanto estranhos. Já teve quem saísse do carro em movimento para dançar, do balde de gelo, do jogo da asfixia, do desafio do preservativo, de comer sabão, inalar canela e por aí vai. Recentemente, um novo desafio viral envolvendo crianças está provocando polêmica e dividindo opiniões.

O “Cheese Challenge” (desafio do queijo, em português), que virou febre entre os pais e invadiu o Instagram esta semana, consiste em atirar uma fatia de queijo no rosto de um bebê. Nos vídeos é possível observar algumas crianças chorando e outras rindo.

Apesar de parecer uma “simples brincadeira” entre pais e filhos, a mestre em Psicologia que atende crianças e adolescente, Diana Nobre, explica que essa exposição das crianças na internet é prejudicial e traz inúmeros riscos.

“A exposição dos filhos, quando realizada em excesso, é prejudicial. É justamente aí que mora o perigo. As crianças e adolescentes terão sua privacidade violada em uma fase que precisam de muita proteção pelos pais; podem sofrer bullying na escola em decorrência do que for postado; a segurança é ameaçada, pois uma imagem sem nenhuma malícia pode adquirir significados diferentes em outros contextos, como sites de pornografia infantil, além da criança crescer em um ambiente em que tudo merece um clique, pode geralmente se sentir o “centro das atenções”, o que pode prejudicar que ela entenda que tem que respeitar limites e regras”, alerta.

Segundo Diana Nobre, a exposição das crianças na internet traz inúmeros riscos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo a especialista, a gravidade desses desafios que acontecem no mundo virtual pode gerar reflexos na vida adulta.

“Futuramente, essa criança vai crescer, vai se tornar um adolescente e, posteriormente um adulto, que vai olhar para esse vídeo e pode não achar absolutamente graça dessa atitude. Pode ser um vídeo que pode sofrer bullying ou prejudicar quando for um profissional, em que precisará solidificar credibilidade à sua imagem pessoal, ou seja, o grande impacto desses desafios será na autoestima dessas crianças e adolescentes, que estão em fase de formação da sua identidade. Por isso, é importante que os pais sejam os verdadeiros guardiões e protetores dessa fase que é o pilar para uma vida adulta madura”, ressalta.

A mestre em Psicologia recomenda que antes de realizarem os desafios, os pais devem fazer um exercício bem prático: olhar para as mãos!

“Ao olhar, pensem o quanto seus filhos estão em suas mãos. Afinal, enquanto eles forem crianças e adolescentes, estão em sua responsabilidade. Seu desenvolvimento e crescimento saudável irá depender do investimento que vocês, pais, fornecem para seus pequenos”, esclarece.

Ao invés de optar por vídeos de humilhação ou que coloquem os filhos em risco, a especialista orienta o reverso: enaltecer as qualidades das crianças e adolescentes.

“Jamais faça vídeos que futuramente possam ser usados por pessoas mal intencionadas, com intuito de denegrir a imagem positiva que seu filho tem. Tenho certeza que nenhum pai/mãe irá querer isso”, aponta Diana.

Veja alguns vídeos:

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#cheesechallenge

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INFLUENCIE PARA O BEM

A digital influencer Juliana Paiva, mãe da Marina e do Pedro, de 3 anos e 1 ano, respectivamente, produtora de conteúdo materno, sabe muito bem da sua responsabilidade. Para ela, todo cuidado é pouco quando se fala para um público maior.

“Acho fundamental conhecer o público, os assuntos de interesse, porém sempre com cuidado com a informação transmitida. O público para o qual eu gosto de entregar conteúdo - o materno - é exigente e muito crítico. Interagem tendo como respaldo o que mais amam: seus filhos”, destaca.

Para a digital influencer Juliana Paiva todo cuidado é pouco com o que é compartilhado na web. (Foto: Arquivo Pessoal)

Juliana acredita que a maternidade real, disparado, é o que tem mais retorno e engajamento, porém, há uma linha fina entre mostrar a realidade e a exposição de uma criança.

“Gostam de ver rotina, dia a dia, o que deu errado e você acaba, muitas vezes, influenciando muito mais do que uma compra, uma receita, uma dica de produto. Você inspira atitudes, posicionamentos. Há muita divergência, não é? Eu, particularmente, não achei engraçado, não. A internet hoje é local onde se deve pisar com cautela, tem quem a use como único meio de informação. Nenhuma criança deve ser exposta à uma situação vexatória em troca de umas curtidas”, opina.

A também digital influencer Rosylena Oliveira, mãe da pequena Lenita Oliveira Monteiro, de seis meses, produtora de conteúdo materno/infantil tem consciência da sua influência. Para ela, desafios como o #cheesechallenge, incentiva de forma negativa o público.

“Eu não faria com a minha filha. Primeiro que eu acho um desperdício, outra porque ela se assustaria. Para não ficar na dúvida, eu optei por não entrar na ‘brincadeira’”, afirma.

Rosylena tem a maior proecupação com o que compartilha com seus seguidores. (Foto: Arquivo Pessoal)

Rosylena ressalta que tem o maior cuidado e preocupação em relação ao tipo de conteúdo que compartilha.

“O meu papel em relação a desafios como este, por exemplo, é me posicionar, visando defender sempre o que eu acho correto para a minha Lenita. Hoje eu me preocupo muito com o conteúdo que eu vou compartilhar nas minhas redes sociais, porque como influenciadora do público materno/Infantil, acabo que eu sirvo de referência. Muitas mães que me seguem não tem experiência, pegam as dicas que eu dou e executam, então eu preciso analisar muito bem o que eu vou publicar para não comprometer minha imagem e nem incentivar de forma negativa o público que me assiste”, explica.

JOGOS ONLINE E SEUS PERIGOS

Se engana quem pensa que os filhos estão protegidos dentro de casa. As redes sociais, assim como o ciberbullying (usar o espaço virtual para intimidar ou hostilizar uma pessoa, difamando, insultando ou atacando covardemente), são ameaças diárias a que crianças e adolescentes estão expostos.

O massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, reacende a importância de cuidar da saúde mental das crianças, além de servir de alerta para que os pais vigiem os tipos de jogos que seus filhos estão tendo acesso.

Junto com Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, um dos atiradores que invadiu a escola armado com um revólver calibre 38 e arma medieval, foi encontrado um caderno com algumas anotações, uma tática de game, comum a franquias de jogos de tiro e estratégia, chamada de “rush”, traduzida pelo próprio jovem como “ataque rápido” e desenhos, como arma de fogo e máscara com desenho de caveira.

O comparsa, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, foi morto pelo adolescente, que se suicidou ao final da ação, deixando oito mortos, sendo cinco alunos, duas funcionárias e o tio de um dos envolvidos.

Diana Nobre ressalta a importância dos pais monitorarem tudo o que os filhos acessam na internet. Segundo ela, as crianças e adolescentes estão em fase de amadurecimento mental.

"Crianças e adolescentes ainda não possuem mecanismos de autocontrole totalmente amadurecidos e isso se reflete por momentos de grande impulsividade. Por isso, expor a esses desafios virtuais é um ato de irresponsabilidade e negligência. É importante que os pais estejam sempre educando quanto a esses desafios virtuais, seja conversando com eles sobre o impacto desses desafios ou informando que há limites para a "brincadeira", justamente quando machuca outras pessoas e a si", explica.

Segundo a psicóloga, crianças e os adolescentes são movidos a desafios e isso explica o motivo do sucesso dos jogos online. "Eles buscam, a todo momento, por novidades e correm riscos para se sentirem estimulados. Gostam de mostrar que podem realizar, mas é importante destacar sempre para eles, que muitos desafios são danosos a preservação da vida. A conscientização dos nossos jovens depende de todos nós, profissionais, pais, escola, sociedade. Temos que nos unir e fortalecer nossas crianças e adolescentes, afinal eles estão em uma fase da vida que requer muita proteção e educação", ressalta.

BULLYING NAS ESCOLAS

A Lei 13.185/2015, que estabelece o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, determina que será considerado bullying "todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra um ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas."

A norma caracteriza claramente situações de agressão física, psicológica e moral, e estabelece regras para definir casos de intimidação realizados por meio da internet.

No Pará, de acordo com a Polícia Civil, a pena para o autor do bullying dependerá da gravidade das consequências da prática, podendo responder desde ameaças à lesão corporal, em caso de agressão, dentre outros crimes contra a vida.

Em casos do autor ser menor de idade, os pais estão sujeitos a serem chamados na Justiça para responderem pelos atos dos filhos.

Para denunciar a prática de Bullying, a orientação da Polícia Civil, em primeiro lugar, é acionar a direção da escola para que busque uma solução, juntamente com os pais.

Caso não haja resolução, dependendo da gravidade dos atos cometidos, o recomendado é comunicar o caso à polícia, com testemunhas, imagens de câmeras e outras provas que comprovem o ato.

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Coordenação: Gustavo Dutra/DOL

Multimídia: Gabriel Caldas/DOL

(DOL)

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