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No Pará, 229 mil pessoas acima de 60 anos trabalham, diz pesquisa

Vinte anos já se passaram desde que José Oliveira teve garantido o direito de se aposentar, ou se ‘reformar’, já que na época ele era militar da Marinha do Brasil. De lá para cá, porém, a rotina do aposentado está muito longe do cenário em que o idoso pas

Vinte anos já se passaram desde que José Oliveira teve garantido o direito de se aposentar, ou se ‘reformar’, já que na época ele era militar da Marinha do Brasil. De lá para cá, porém, a rotina do aposentado está muito longe do cenário em que o idoso passa o dia descansando e cuidando da saúde. Já aos 72 anos de idade e mesmo aposentado, José dá continuidade à vida profissional, desta vez, como taxista.

A realidade de José Oliveira não é um caso isolado no Pará. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no ano de 2018, cerca de 229 mil pessoas acima de 60 anos trabalhavam no Estado. No caso de José Oliveira, o que lhe fez retornar ao trabalho após a aposentadoria foi a inquietação de se ver dentro de casa no período em que, normalmente, ele estaria no trabalho. Para suprir o vazio, ele começou a trabalhar como mestre de obras. A profissão foi mantida até que ele se visse diante da necessidade de fazer uma cirurgia no coração. A condição de saúde foi o que lhe fez eleger a profissão de taxista como a sua mais nova ocupação.

“Eu precisava trabalhar. Quando a gente se aposenta, a renda diminui um pouco, mas o principal pra mim foi que eu fiquei muito agoniado de ficar em casa”, conta. “No táxi é mais tranquilo do que como mestre de obras. Então fiquei no táxi”. Com os quatro filhos já criados, o taxista continua a rotina de enfrentar o trânsito de Belém para transportar passageiros de um canto a outro da cidade. Mesmo diante do possível estresse e cansaço provocados pela rotina, o aposentado não titubeia ao revelar que não pretende parar de trabalhar tão cedo. “Enquanto eu tiver vida e força, vou continuar trabalhando”. Ainda que, no caso de José Oliveira, a renda não tenha sido o motivo principal do retorno à ativa, o valor insuficiente do benefício é o que ainda faz com que muitos aposentados não consigam encerrar a vida profissional. Coordenador geral da estadual Pará do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Gregory Sanches aponta que o Pará tem, segundo o IBGE, 660 mil aposentados. Desse total, ele afirma que 86% recebem, como benefício, em torno de um salário mínimo. “O que acontece é que o aposentado vê a necessidade de voltar ao mercado de trabalho depois da aposentadoria”, aponta. “Muitas vezes os idosos ainda são quem sustentam a família, os netos. Eles acabam se sentindo obrigados a voltar a trabalhar porque a renda é pouca”.

Gregory aponta que, no caso dos servidores públicos que possuem benefícios como vale alimentação, comissões ou triênios, a queda da renda após a aposentadoria fica ainda mais evidente. “Muito servidor tem como salário base o salário mínimo e, caso se aposente, o benefício será em cima apenas do salário mínimo. Isso acaba gerando outra situação: muita gente já tem idade e tempo de trabalho para se aposentar, mas não se aposenta porque a renda cairia muito”, considera o coordenador do sindicato. “O problema é que, com isso, se perde muito em qualidade de vida”.

PLANEJAMENTO

Para evitar que tal situação aconteça, especialistas apontam que o ideal é começar a planejar a aposentadoria desde o início da vida profissional. “Antigamente a aposentadoria era sinônimo de passar o dia em casa, sentado em uma cadeira, mas hoje não é mais assim”, destaca a diretora de saúde e qualidade de vida da Pró-reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas da Universidade Federal do Pará (UFPA), Bárbara Troeira.

“O que tentamos mostrar ao trabalhador é que a vida não para quando ele se aposenta. Depois de se aposentar, ele pode ter outras perspectivas de vida. O que ele precisa é se planejar ao longo da vida profissional”. No caso da aposentada Ana Clea Costa Leal, 60, o planejamento para após a aposentadoria iniciou cerca de um ano antes da obtenção do benefício. Ana Clea conta que já tinha em mente a ideia de morar em Cotijuba depois que se aposentasse, onde ela já tinha uma casa. A perspectiva de transformar o local em hostel surgiu mais tarde.

“Durante o ano todo de 2017 nós começamos a trabalhar nessa ideia. As meninas falaram da viagem que elas tinham feito, do hostel e a gente foi amadurecendo a ideia”, conta, ao lembrar que está aposentada desde setembro de 2018. “A gente veio se preparando porque sabia que, quando a gente se aposenta, tem uma perda salarial bem grande”.

Ana Clea estima que, com as perdas dos benefícios agregados ao salário, a aposentadoria representou uma diminuição de cerca de R$3 mil na renda. Aposentada há menos de um ano, ela conta que ainda está se recuperando do baque e, para isso, o ‘Nossa Casa Hostel’ tem contribuído consideravelmente. “Depois de 3 meses que eu tive o choque, quando eu vi o baque real nas finanças”, lembra. “O hostel ajuda a manter a casa, pelo menos. Já é um custo que não sai do valor do meu benefício. Com certeza o trabalho é diferente quando é em um negócio nosso”.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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