Mesmo sem trio elétrico, foliões fazem a festa

Fantasias e abadás coloriram as vias estreitas do bairro da Cidade Velha, em Belém, na tarde de sábado, em dois blocos de carnaval. Por recomendação do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), a Prefeitura de Belém determinou que não fossem utilizados trios elétricos e pranchas de som, para evitar danos ao patrimônio histórico.

Com isso, bandas de fanfarra comandaram a festa. Logo cedo, os foliões começaram a se concentrar em frente à Igreja da Sé, ponto de partida dos blocos. Um grande esquema de segurança foi montado pela Secretaria de Segurança Pública (Segup), que disponibilizou cerca de 300 agentes de segurança, com parceria da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Samu, Prefeitura de Belém, Detran, Associação de Moradores e Liga de Blocos.

Por volta das 16h, o bloco “I Love” deu “o grito da folia”. Com o apoio da bateria da Escola de Samba Bole-Bole, os foliões dançaram ao som das marchinhas e outras músicas populares. Logo atrás veio o bloco “Pump”, puxado pelo cantor Eloy Iglesias, em direção à avenida Almirante Tamandaré, onde ocorreu a dispersão.

“Eu não tenho muito o costume de vir para o Carnaval. Então, esperava chegar aqui e ver os trios na rua. Eu acho bem bonito, mas se não foi permitido a gente curte do mesmo jeito”, disse o universitário João Melo, 22 anos. A universitária Bárbara Geovana, 22, acha que é possível curtir o Carnaval sem prejudicar os imóveis seculares da Cidade Velha.

“É importante ter esse cuidado por causa do patrimônio da cidade, que atrai muitos turistas. Assim, não vai tirar o brilho do Carnaval. Vai fazer falta? Vai, mas não perde o brilho por causa disso”, opina. A Liga dos Blocos recorreu da decisão, mas a programação sem trio elétrico foi mantida.

IPHAN

A decisão de proibir o uso de trios elétricos no circuito de blocos da Cidade Velha não foi muito bem aceita pela Liga dos Blocos da Cidade Velha, que organiza o Pré-Carnaval e congrega 17 blocos que sairão às ruas até o dia 24 de fevereiro. De acordo com o presidente da Liga, Fabiano Scherer, a decisão comprometeu a continuidade de uma celebração que já dura vários anos.

“Em abril entramos com pedido de autorização para a realização do evento com toda estrutura de trios. Eles levaram 10 meses para dar uma resposta contrária às últimas três edições, em que ele (Iphan) permitiu o uso do mesmo equipamento”, afirma o dirigente.

“O parecer do Iphan é muito vago e nada comprovado tecnicamente. Eles não têm nenhum laudo apresentado”, rebate. A Liga dos Blocos diz ainda que existe um estudo técnico adequado sobre as condições para a utilização de trios elétricos. “Nosso laudo foi feito por um engenheiro qualificado e registrado no Crea”, destaca Fabiano.

RESPOSTA

A Prefeitura de Belém diz que acata a decisão do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e do Iphan, que proíbe o uso de fontes sonoras como trios elétricos e pranchas na programação do pré-Carnaval na Cidade Velha.

A recomendação feita pelo Iphan e Conselho é que os blocos utilizem apenas sistemas acústicos de som. A Prefeitura afirma que realizou reuniões com os órgãos municipais e os conselhos municipais para o planejamento do evento e que continuará garantindo o apoio ao evento.

(Luiz Guilherme Ramos/Diário do Pára)