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Sob gestão de Simão Jatene, Pará teve quase 29 mil assassinatos em 8 anos

Quando entregar o cargo, no dia 1º de janeiro de 2019, o governador Simão Jatene (PSDB) deixará para Helder Barbalho (MDB), que assumirá o Estado em seguida, um legado dos mais preocupantes e um senhor desafio: colocar ordem no caos que se tornou a Segura

Quando entregar o cargo, no dia 1º de janeiro de 2019, o governador Simão Jatene (PSDB) deixará para Helder Barbalho (MDB), que assumirá o Estado em seguida, um legado dos mais preocupantes e um senhor desafio: colocar ordem no caos que se tornou a Segurança Pública no Pará. De 2011, quando assumiu o Governo, até novembro deste ano, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública (Segup), foram quase 29 mil pessoas assassinadas durante os dois mandatos consecutivos do tucano, a maioria sem solução e sem punição para os responsáveis.

Quem deveria impedir o pior também morre, e em uma frequência assustadora. Foram mais de 40 policiais militares assassinados em 2018. “Tudo o que eu sempre vinha denunciando faz mais sentido do que nunca agora, é o país da impunidade”, lamenta o vereador de Belém e PM, Silvano Oliveira (PSD).

“O que ocorre é a total falta de interação entre as forças. A Polícia Civil possui um centro de inteligência chamado Guardião que não interage com quem está na rua, daí que as equipes ficam enxugando gelo, porque as ações não têm continuidade”, dispara. No entendimento dele, essa interação imediata precisa ser priorizada. Vale lembrar que Silvano perdeu um integrante de sua equipe no dia 18 de novembro. Haroldo Lameira foi assassinado em frente à própria casa por homens em uma moto. Até agora, ninguém foi preso pelo crime.

Vereador Silvano teve um integrante de sua equipe assassinado (Foto: Fernando Araújo)

Para Pablo Farah, aplicar dinheiro em segurança é investimento. (Foto: Ricardo Amanajás)

“Aplicar dinheiro em Segurança não é gasto, é investimento. É evitar, de fato, um gasto, muito maior, na verdade”, afirma Pablo Farah, vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado do Pará (Sindpol). No seu entendimento, os novos desafios incluem, urgentemente, melhoria nas condições de trabalho, reestruturação e reaparelhamento das delegacias - ele lembra que nessa semana que passou, um policial que estava sozinho foi morto dentro da Delegacia do Atalaia durante um ataque. Ele afirma que a corporação vê a mudança de Governo com esperança.

“A gente acredita que agora será possível a construção de uma pauta positiva, com programação de concursos públicos nos próximos quatro anos, para tentarmos chegar a um efetivo de 5,6 mil policiais - hoje são só 2,8 mil na ativa, menos da metade. Essa discussão é urgente”, pontua. Treinamento constante para os policiais, que hoje não é feito, segundo Pablo, embora o atual Governo afirme o contrário e efetivação de política habitacional também estão na pauta. “São 12 anos que pleiteamos isso. Não queremos nada dado, queremos que o Governo articule isso com a Cohab para que o policial possa sair para trabalhar sabendo que a família dele está em segurança”, justifica.

Ele admite que a categoria teve algumas conquistas, mas ainda estão pendentes, por exemplo, na inclusão das gratificações até 100% estendidas a auxiliares e motoristas do Instituto Médico Legal (IML), por exemplo. “Isso traz motivação e, consequentemente, redução nos índices de criminalidade. A morte dos policiais esse ano é fruto de descaso, que tenhamos agora uma Segup forte, atuante, que dê ao policial suporte jurídico e autonomia para trabalhar”, anseia o sindicalista.

Apaixonada por bicicletas, a técnica em Segurança do Trabalho e babá Ruth Helena Pereira, 41, teve a sua tomada por um grupo armado no início deste ano, em frente a um supermercado na BR-316, às 19h30 de uma quarta-feira. Tentou fazer um boletim de ocorrência, mas as duas delegacias próximas, Jaderlândia e Guanabara, estavam fechadas. “Me disseram que eu teria de ir para a Seccional da Marambaia, então eu desisti. Longe demais e não ia adiantar nada”, conta. Há poucos dias, outro grupo armado não hesitou em lhe tomar o celular na avenida Conselheiro Furtado, no bairro do Guamá. Dessa vez, ela conseguiu imagens de um circuito de câmeras que filmou o rosto dos assaltantes. Mas disse ter sido tão mal atendida na Seccional de São Brás, a ponto de, mais uma vez, desistir de registrar. “Fiquei horas lá esperando para falar com o delegado. Quando ele me recebeu, sequer viu a gravação, disse que eu deveria buscar as Operações Especiais”, reclama.


“As pessoas precisam se sentir protegidas”

Presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares do Estado do Pará (ACSPMBMPA), o cabo Edivan Silva entende que a retirada de policiais e bombeiros e suas famílias, das áreas de risco precisa ser imediata. “Foram vários anos sem reajuste. Esse ano conseguimos 3%, que sequer cobriu o aumento do plano de saúde. São quatro anos com o salário completamente defasado. Aí a maioria corre para os ‘bicos’ para complementar renda, o que os deixa ainda mais expostos”, explica.

EFETIVO

O efetivo, atualmente, está tão reduzido que o concurso mais recente que houve, quando entraram dois mil novos policiais, não será sentido como deveria já que, ao mesmo tempo, muitos estão indo para a reserva - sem falar nas perdas registradas esse ano. A média de PMs na ativa é, teoricamente, de 15 a 16 mil em todo o Estado, mas Edivan não crê que essa seja a realidade.

“O policial precisa de mais valorização e de uma garantia de trabalho para que possa garantir à sociedade um serviço de qualidade. As pessoas precisam se sentir protegidas”, destaca. Ele faz questão de informar que a Associação está plenamente à disposição para conversar com o novo Governo. “Sabemos que a realidade é dura e o desafio é muito grande para quem vai assumir o Estado. Então, as associações deverão ser parceiras para que a gente tenha um momento melhor”, reforça o cabo, que está há 25 anos na Polícia Militar (PM).

(Carol Menezes/Diário do Pará)

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