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Trabalhador confundido com ladrão diz temer pela vida

“Para mim, parece que ainda não caiu a ficha. Por onde ando na rua, todo mundo me olha de outro jeito. Mas as pessoas que me conhecem sabem que não é verdade”, desabafa Marcos Raimundo Matos dos Santos, 28 anos, técnico em mecânica e motorista do Uber que

“Para mim, parece que ainda não caiu a ficha. Por onde ando na rua, todo mundo me olha de outro jeito. Mas as pessoas que me conhecem sabem que não é verdade”, desabafa Marcos Raimundo Matos dos Santos, 28 anos, técnico em mecânica e motorista do Uber que, desde o último sábado (8), viu a própria vida “virar do avesso” após viralizar uma foto que o apontava como um criminoso que tentou assaltar no shopping Grão Pará, em Belém.

Marcos conversou, com exclusividade, com a reportagem do DOL na tarde desta segunda-feira (10). Ele contratou advogado, registrou Boletim de Ocorrência na Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT), na manhã de hoje, mas, desde a repercussão do caso, não volta para casa e teme pela própria vida, já que a foto dele viralizou em diversos grupos de WhatsApp, alguns que envolveriam até milicianos.

O caso começou na tarde do último sábado, por volta das 15h30, horário que, segundo Marcos, ele deixou um passageiro dentro do estacionamento do shopping Bosque Grão Pará. “No momento que ele [cliente] desceu, uma moça que estava dentro do carro dela saiu correndo para chamar os seguranças. Vieram dois seguranças armados. Meu cliente retraiu e voltou para o veículo. Eu dei ré e parei com o carro na cancela”, relatou Marcos.

Segundo o motorista, havia diversos veículos parados na fila da cancela, junto com o carro dele. Os seguranças, com as armas em punho, começaram a fazer buscas nos veículos. Marcos afirma que abriu o vidro e colocou as mãos para fora. Os agentes do shopping olharam dentro do automóvel e depois liberaram o motorista e o passageiro.

No momento em que Marcos colocava o ticket no aparelho da catraca, para deixar o shopping, a imagem do rosto dele, capturada por uma câmera de segurança do estabelecimento, foi a usada nas mensagens virais que o acusavam de ser um assaltante.

REPERCUSSÃO NAS REDES SOCIAIS

Horas após o ocorrido, começou a circular nas redes sociais um relato que seria da moça que chamou os seguranças do shopping, na qual ela afirmava que o carro em que Marcos estava a perseguiu desde a rodovia Augusto Montenegro até dentro do estacionamento do estabelecimento comercial.

“Estacionei e quando ia descer do carro o GOL parou bem atrás de mim, como eu já estava com tudo desligado e minhas coisas nas mãos, abri a porta e fechei bem rápido, foi então que olhei pra trás e vi todas as portas do GOL abertas e CORRI! Graças a Deus tinham várias pessoas na porta de entrada do Shopping e gritei, uns do que estavam lá correram atrás mas não conseguiram fazer nada, pois os vagabundos eram em 5 e estavam armados!”, diz a mensagem que foi compartilhada pelas redes sociais

“Enfim, eu consegui perceber tudo antes e fui mais rápidas que eles, graças a Deus não aconteceu nada comigo e nem gosto de imaginar o que aconteceria, mas não quer dizer que eles não vão tentar de novo com outras pessoas, não sei dizer se já estavam me seguindo ou se fui uma vítima aleatória, só sei que perceberam que eu estava SÓ!”, continua o relato.

Por fim, a pessoa que escreveu o texto ainda afirma que a imagem que mostra o rosto de Marcos foi cedida pela “equipe de segurança” do shopping.

O relato começou a ser compartilhado em grupos de WhatsApp e páginas do Facebook. Marcos só teve conhecimento de toda a situação, na madrugada do domingo (9), porque a ex-sogra dele foi pessoalmente até a sua residência contar o que estava acontecendo.

DANOS À IMAGEM E AMEAÇAS

Dois dias após a repercussão do boato, Marcos ainda não conseguiu contabilizar todo dano gerado pela divulgação da sua imagem e da história. Pai de dois filhos – um de nove anos e um de três anos – e à procura de emprego como técnico de mecânica (tendo, inclusive, distribuído currículos recentemente), o trabalhador teme pelas repercussões, mesmo após ter apresentado sua versão dos fatos.

“Isso pode ser uma pedra no meu caminho para entrevistas de emprego que tinha feito e estava aguardando o resultado. Fui orientado para não sair de casa, não frequentar alguns lugares que normalmente frequento, por enquanto. Isso pode repercutir até com meus filhos, já que foi minha ex-sogra que viu primeiro a repercussão”, desabafa Marcos.

Além dos prejuízos à imagem, outra situação mais grave preocupa o trabalhador e a família dele: as ameaças sofridas após a divulgação da história. “Só param depois que passa o sal” e “Tem que colocar esses vagabundos no óleo quente” foram alguns dos comentários feitos na postagem do Facebook que mostrava a foto de Marcos.

A família dele também recebeu informação de que a postagem estaria sendo compartilhada até em grupos de WhatsApp em que membros têm envolvimento com milícias de Belém.

“Moramos há 32 anos na mesma casa. Nunca tivemos problema na família, nunca tínhamos ido à delegacia. A imagem do meu filho está rodando como se fosse bandido, e ele não é, ele é um rapaz formado”, disse Francisca Matos, de 58 anos, mãe de Marcos.

“Como mãe, mostro o meu rosto a qualquer momento ao lado dele, porque ele não deve nada. Ele é um trabalhador, ele não tem constrangimento nenhum com a polícia. Isso está mexendo muito com a minha família, com ele e com o trabalho dele. Quero que esclareça isso logo”, completa Francisca.

PROCESSO CONTRA OS DIVULGADORES

O advogado de Marcos, Josinei Silva da Silva, afirmou que serão ajuizadas ações para cobrar, tanto no âmbito cível quanto no âmbito criminal, a responsabilidade dos envolvidos. “Não foi instaurado nada contra o Marcos. Ele não responde a processo nenhum. Não há nada que desabone a conduta dele”, afirma Josinei.

O DOL entrou em contato com umas das envolvidas na divulgação da imagem e do texto sobre o suposto assalto, mas ela preferiu não se pronunciar, até a tarde desta segunda-feira (10).

O DOL também entrou em contato com o Shopping Bosque Grão Pará, que emitiu uma nota informando "mantém constante cooperação com as autoridades públicas em investigações sobre qualquer natureza e atualmente está colaborando com o ocorrido no último dia 08". O shopping ainda afirmou que "reforça o seu compromisso em manter a total privacidade dos nossos clientes, lojistas e colaboradores, atuando para resguardar a intimidade e segurança de todos e repudia qualquer ato de discriminação".

(Hélio Granado/Diário Online)

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