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Familiares das vítimas de chacina de Belém ainda aguardam justiça

Por: Cintia Magno/Diário do Pará Desde que uma série de assassinatos tomou ruas de cinco bairros de Belém, em novembro de 2014, Suzana já vive há 1.496 dias a morte de Márcio dos Santos Rodrigues. Passados quatro anos do assassinato do filho que foi uma

Por: Cintia Magno/Diário do Pará

Desde que uma série de assassinatos tomou ruas de cinco bairros de Belém, em novembro de 2014, Suzana já vive há 1.496 dias a morte de Márcio dos Santos Rodrigues. Passados quatro anos do assassinato do filho que foi uma das 10 vítimas mortas após a execução do Cabo Pet – no episódio que ficou conhecido como ‘chacina de Belém’, a cada novo amanhecer é como se a mãe revivesse a dor terrível de ver o filho baleado no meio da rua.

Aliada à angústia da perda, Suzana é obrigada a conviver até hoje com a não punição dos responsáveis pelo assassinato de seu ente, assim como os parentes da maioria das outras vítimas. “Com muita luta a gente conseguiu que o caso do Márcio fosse transformado em processo, mas o caso não foi para frente”, lamenta.

Desde que as investigações iniciaram, ainda no ano da chacina, dois inquéritos envolvendo os 10 jovens mortos resultaram em punição aos acusados: o que investigou o homicídio de Eduardo Felipe Galucio Chaves e o que apurou a morte de Nadson da Costa Araújo. Fora eles, apenas o assassinato do cabo da Polícia Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo, o cabo Pet, foi solucionado.

Para quem, como Suzana, nunca recebeu retorno sobre quem apertou o gatilho que lhe tirou um filho, fica o desalento. “É como se, desde a morte dele, eu estivesse vivendo dentro de um buraco. Eu vivo esses quatro anos como se todo dia fosse o dia da morte do meu filho”, lamenta a mãe de Márcio. “Eu tenho outros filhos, mas costumo dizer que são como os dedos das mãos: nenhum é igual e a falta do Marcinho é muito grande”.

04/11/2014 *O cabo da Polícia Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo - mais conhecido como cabo Pet - é assassinato a tiros no bairro do Guamá.

04/11e 05/11/2014 *Duas horas e meia após a morte do cabo Pet uma série de assassinatos é iniciada em cinco bairros periféricos de Belém. Nove vítimas morreram na hora em decorrência de baleamentos por arma de fogo. *Já na manhã do dia 5 de novembro a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados Federais anuncia que vai acompanhar as investigações sobre a chacina no Pará. Também no dia 5, a ONG Anistia Internacional cobra a investigação imediata e independente das execuções, solicitando que o Governo Federal acompanhasse as investigações de forma paralela. *No final do dia 5 a décima vítima da chacina deflagrada após a morte do PM morre no Hospital Metropolitano de Belém. Allersonvaldo Carvalho Mendes havia sido baleado com quatro tiros no dia 04 de novembro, no bairro da Terra Firme.

06/11/2014 *Em coletiva de imprensa realizada pela manhã, o Governo do Estado afirma não ver sentido na convocação da Força Nacional para reforçar a segurança do Pará. As 11 mortes ocorreram no período de apenas seis horas, entre 19h40 do dia 4 e 1h57 do dia 5 de novembro.

MAPA E CRONOLOGIA DA CHACINA

04 de novembro de 2014 19h40 Local da morte: Passagem Monte Sinai, esquina com a rua Augusto Corrêa. Bairro do Guamá. Vítima: Policial Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo, mais conhecido como cabo Pet. Idade: 43 anos. 21h52 Local da morte: Passagem Brasília. Bairro da Terra Firme. Vítima: Eduardo Felipe Galúcio Chaves Idade: 16 anos 22h Local da morte: Passagem São Domingos. Bairro da Terra Firme. Vítima: Bruno Barroso Gemaque Idade: 20 anos 22h08 Local da morte: Passagem Gabriel Pimenta. Bairro da Terra Firme. Vítima: Jeferson Cabral dos Reis Idade: 27 anos 22h15 Local do baleamento: Rua Feijó. Bairro da Terra Firme. Vítima: Arllesonvaldo Carvalho Mendes Idade: 37 anos 22h30 Local da morte: Não identificado. Bairro do Marco. Vítima: Marcus Murilo Ferreira Barbosa Idade: 20 anos 22h42 Local da morte: Passagem Andiroba, próximo à rua Cipriano Santos. Bairro da Terra Firme. Vítima: César Augusto Santos da Silva Idade: 25 anos 23h37 Local da morte: Conjunto Jardim Sideral. Bairro do Parque Verde. Vítima: Alex dos Santos Viana Idade: 21 anos

5 de novembro de 2014 0h05 Local da morte: Bairro do Jurunas. Vítima: Jean Oscar Ferro dos Santos Idade: 21 anos 1h51 Local da morte: Rua dos Pariquis, entre a travessa de Breves e a avenida Bernardo Sayão. Bairro do Jurunas. Vítima: Nadson da Costa Araújo Idade: 18 anos 1h57 Local da morte: Rua da Olaria. Bairro do Tapanã. Vítima: Márcio dos Santos Rodrigues Idade: 22 anos.

INVESTIGAÇÕES

Novembro de 2014: A investigação,por parte da Polícia Civil, sobre as execuções da ‘chacina de Belém’ segue em segredo de justiça.

Dezembro de 2014: O pedido de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de milícias no Estado, motivado pela ocorrência da ‘chacina de Belém’, é aceito na Assembleia Legislativa do Pará.

30 de janeiro de 2015: CPI divulga relatório em que aponta a atuação de quatro grupos de milícias no Estado do Pará: uma no município de Marabá, outra em Igarapé- Miri e duas em Belém, sendo uma no distrito de Icoaraci e outra no bairro do Guamá.

17 de abril de 2015: 13 policiais militares são indiciados por homicídio omisso e um é indiciado por incitação ao crime após investigação da Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).

17 de novembro de 2015: O Governo do Estado determina a formação de um comitê para analisar a conduta de policiais que estavam em serviço na área em que o cabo Pet foi assassinado.

21 demarço de 2017: Ex-policial militar Otacílio José Queiroz vai a júri popular na 3ª Vara Criminal de Belém e é condenado a 29 anos de prisão (22 anos pelo homicídio de Eduardo Felipe Galucio Chaves e mais 7 anos pelo envolvimento com milícias) a serem cumpridos em regime fechado.

23 de março de 2017: O motorista José Augusto da Silva Costa vai a júri popular na 2ª Vara Criminal de Belém, acusado da morte de Nadson da Costa Araújo. O réu foi condenado a 15 anos de prisão em regime inicialmente fechado.

09 de novembro de 2017: Três pessoas acusadas de envolvimento na morte do Policial Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo, o cabo Pet, são condenadas. Jhon Herbert Santos da Silva e Mauro Alexandre Nunes dos Passos foram condenados a 26 anos de prisão e Adriano de Andrade dos Santos Neto recebeu pena de 28 anos. Condenado pela morte da vítima Eduardo Felipe Galucio Chaves: Ex-policial militar Otacílio José Queiroz Gonçalves - conhecido pelo apelido de ‘Cilinho’.

CONDENADOS

Condenado pela morte da vítima Nadson da Costa Araújo: Motorista José Augusto da Silva Costa – conhecido pelo apelido de ‘Zé da Moto’. Condenados pela morte do PM Antônio Marcos da Silva Figueiredo, o cabo Pet: Jhon Herbert Santos da Silva - conhecido como ‘Grug’ Mauro Alexandre Nunes dos Passos – conhecido como ‘Mauro Gordo’ Adriano de Andrade dos Santos Neto – conhecido como ‘Panturrilha’. Fontes: Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PA), Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).

AS VÍTIMAS

EDUARDO FELIPE GALUCIO CHAVES,16 ANOS Mais jovem dentre as vítimas, Eduardo cursava o 1º ano do ensino médio e, três vezes na semana, trabalhava na Ceasa. No dia do crime, ele havia saído de casa, no Guamá, para deixar a namorada em casa, no bairro da Terra Firme. O jovem foi alvejado por seis tiros.

BRUNO BARROSO GEMAQUE, 20 ANOS Bruno era natural do município do Acará e se mudou para Belém ainda adolescente para estudar e trabalhar. Na capital atuava como cobrador de van e acordava antes das 5h para fazer o primeiro turno. Retornava para a casa às 11h e, somente no final da tarde, fazia o segundo turno no trabalho. No dia em que foi assassinado, o jovem estava de folga e, por este motivo, decidiu ir buscar a mulher na escola. No caminho foi assassinado com quatro tiros.

JEFERSON CABRALDOS REIS,27 ANOS Jeferson trabalhava em um supermercado e há oito meses fazia tratamento para hanseníase. Morava em uma casa de apenas um cômodo no bairro do Guamá e, à noite, costumava ir buscar a namorada na escola, também no Guamá, e levá-la para casa, no bairro da Terra Firme. Foi morto com três tiros. Suzana sofre há mais de 1.400 dias por causa da morte de Márcio dos Santos.

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