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Laércio Barbalho: 100 ANOS de luta pela democracia e pelo bom jornalismo

Todos conhecem Jader Barbalho, ex-governador e atual senador. Todos sabem quem é Jader Filho, empresário e administrador do grupo RBA de Comunicação. Todo mundo também sabe que Helder Barbalho é o governador eleito do Pará. Agora você sabe o que une todos

Todos conhecem Jader Barbalho, ex-governador e atual senador. Todos sabem quem é Jader Filho, empresário e administrador do grupo RBA de Comunicação. Todo mundo também sabe que Helder Barbalho é o governador eleito do Pará. Agora você sabe o que une todos: o gene de um homem simples, de personalidade forte, bem humorado e detalhista, que acreditava na informação como arma política e de luta contra a ditadura militar. Este homem é Laércio Barbalho. Esta é a história dele, que hoje (24), se vivo estivesse, faria um século. Uma história de fé, de sonhos, de empreendedorismo (quando este conceito sequer existia) e de verdade. Não poderia ser de outra forma. Afinal, Laércio Barbalho foi, sem sombra de dúvida, um jornalista da verdade.

(Foto: Arquivo)

Diretor presidente do DIÁRIO DO PARÁ, Jader Barbalho Filho hoje ocupa o lugar que foi do avô, “seu Laércio”, como a turma da redação carinhosamente o chamava desde 1982, quando fundou o jornal para servir de oposição contra ditadura militar. Para Jader Filho, a coragem, o arrojo e até mesmo um certo destemor para encarar desafios é o principal legado que Laércio Barbalho deixou para o futuro. “Aquela sementinha plantada lá atrás pelo meu avô cresceu e deu frutos bons. O DIÁRIO se transformou num grupo de comunicação forte e atuante, que segue até hoje o conceito implantado pelo meu avô: levar a informação de qualidade e de verdade a todos. Sem nunca temer críticas e lutar sempre contra as diferenças sociais”.

SEMENTE

A semente que Jader Filho se refere foi plantada por Laércio em 22 de agosto de 1982, na primeira edição do DIÁRIO DO PARÁ. A estrutura era modesta e a primeira edição foi rodada em máquinas que vieram de uma oficina sucateada de São Paulo. Na primeira edição, a manchete “Eleição limpa” mostrava qual seria a característica do jornal, que nascia para lutar pela redemocratização do País e buscava inovação de forma e conteúdo. “Não foi fácil para meu avô colocar o jornal na rua. De lá para cá muita coisa mudou, deixamos de ser um jornal de feição meramente política. Profissionalizamos a redação, nos tornamos líderes de mercado e ganhamos diversos prêmios internacionais de qualidade”, lembra Jader Filho.

O diretor lembra ainda que a personalidade forte do avô, que não tolerava injustiça e sempre foi adepto das inovações, ainda permanece no DNA do jornalismo do grupo RBA. “Como ele, aprendemos que as pessoas e os hábitos mudaram, é necessário investir em novas plataformas e tecnologias, e mais ainda, é preciso sempre entender as pessoas e informá-las sem medo de represálias”.

(Foto: Arquivo)

POLÍTICA

HISTÓRIA

- Laércio Barbalho também deixou como marcas a irreverência, a inteligência, a generosidade e uma atuação política intensa. Foi eleito três vezes deputado pelo PSD, que apoiava Magalhães Barata.

- Depois, no PMDB, engrossou fileiras de oposição à Ditadura. Foi cassado em 1964, após ser reeleito deputado estadual. Mesmo sem mandato, atuou em defesa da redemocratização.

- Foi eleito primeiro-suplente na chapa de Jader para o Senado Federal em 1994. Em 2001, com a renúncia do filho, negou-se a ocupar sua vaga no Senado, que acabou sendo preenchida por Fernando de Castro Ribeiro, assessor de Jader e então segundo-suplente.

Jornalista de mão cheia, que não fugia de uma boa briga

O governador eleito do Pará, Helder Barbalho, também é neto de “seu Laércio”. Ele destaca acima de tudo a personalidade muito forte do avô. “Não era de recuar de uma boa briga naquilo que ele compreendia estar certo, estar convicto. Tinha uma pena duríssima quando necessário”, garante.

De acordo com Helder, o avô era afeito as amizades e tinha uma capacidade ímpar de onde ele chegasse reunir gente para uma boa conversa. “Ele era sempre muito extrovertido. Era impossível não perceber que ele ali estava. Uma coisa é certa: ele era muito amigo dos amigos dele”, conta o governador eleito.

REDAÇÃO

O jornalista e colunista do DIÁRIO DO PARÁ, Guilherme Augusto, conviveu diariamente com o “Seu Laércio” por dez anos seguidos. Entre 1980 e 1990, junto com ele, foi o redator da coluna Repórter Diário (RD). “Era um jornalista de mão cheia, liberal e defensor da diversidade de opiniões. Em relação ao RD tinha dois papéis: redator e também fonte de notícias”.

Guilherme Augusto concorda com Helder Barbalho ao lembrar que Laércio quando não botava no papel à mão (não usava máquina de escrever), passava a informação, sempre apurada e checada com rigor. “Ele gostava do que fazia. Não brigava com notícia. Seu estilo poderia ser apenas informativo, mas também sabia ser corrosivo, quando julgava necessário. Nunca houve desmentido. Batia tão forte que o falecido jornalista Euclides Bandeira, ainda na A Província do Pará, brincava dizendo que nesses momentos baixava nele o à época imbatível campeão de boxe Mike Tyson”. Guilherme lembra ainda que sua perseverança à frente do jornal resultou na sobrevivência do Diário nos tempos muito difíceis. “Valeu a pena, como se pode ver hoje”.

As mesmas características são lembradas pelo filho, o hoje senador Jader Barbalho (PMDB). “Meu pai era uma pessoa com imensa alegria de viver, politicamente engajado e preocupado com as questões da sociedade paraense. Tinha grande coragem pessoal e política. Criou o DIÁRIO em um momento extremamente difícil, para ser a voz contra o regime militar, quando os dois jornais que existiam no Estado eram mais que engajados, eram engajadíssimos com a Ditadura”, conta o senador.

Jader Barbalho, senador do Pará: “Meu pai foi meu melhor amigo”

“Dos amigos que tive e tenho, meu pai foi, seguramente, meu melhor amigo. Meu pai foi um exemplo fantástico que procurei seguir como pessoa.

Meu pai era uma personalidade multifacetada. Foi um homem público que procurou, no âmbito do espaço por ele alcançado, desempenhar com o maior entusiasmo sua ação pública em favor do povo do ParáMeu pai foi deputado estadual em várias legislaturas, um homem profundamente combativo em defesa de suas ideias.

Meu pai foi um administrador excelente. Era funcionário de carreira, por concurso, dos Correios e Telégrafos onde chegou a ser diretor regional. Ele foi responsável pelo sucesso da comunicação, na época em que ingressou nos Correios, ao implantar, no Estado do Pará, até os limites com o Maranhão, o que havia de mais moderno, que era o sistema Morse, que levava comunicação através de uma linha telegráfica. E foi meu pai que implantou isso, com sede no município de Capanema.

Meu pai era um homem que conhecia profundamente o interior do nosso estado, que conhecia os nossos problemas. Meu pai também foi jornalista, um dos mais atuantes. Ele foi jornalista de O Liberal, onde trabalhou durante muitos anos, na época em que o jornal pertencia ao partido que ele integrava, o Partido Social Democrático, o PSD. Ele também foi diretor da Imprensa Oficial.

Mas no campo do jornalismo meu pai deu uma contribuição enorme à sociedade paraense. Foi ele quem idealizou, lutou, criou e implantou o Diário do Pará, esse jornal que hoje está firmado junto à opinião pública paraense como uma alternativa de comunicação. Foi meu pai o responsável para que este projeto iniciasse e pudesse dar essa contribuição democrática que a imprensa dá em todo o mundo.Meu pai era uma pessoa que circulava muito bem em toda a sociedade paraense. Ele chegou a ser diretor do Clube do Remo. Como disse antes, ele era um homem multifacetado nesse sentido da sua presença e acima de tudo como pessoa.

Eu quero festejar esse centenário de seu nascimento, e, como fiz na missa de sétimo dia após de seu falecimento, dizer que meu pai valeu a pena ter vivido, meu pai era um homem de bem com a vida e que viveu a vida intensamente.

Para todos nós, que tivemos o privilégio de conviver com meu pai, fica a certeza de que, neste momento ele está sorrindo e festejando esses 100 anos de sua existência.

Acima de tudo, para mim, para meus irmãos, minhas irmãs e para seus netos, em especial para Jader Filho - que perpetua, cuida e moderniza o maior projeto da vida de meu pai, que foi a criação do Diário do Pará, no melhor conceito na sociedade paraense - e para Helder, que deu à ele o privilégio de ter sido pai de governador e agora avô de governador, fica a certeza de que a vida valeu a pena ser vivida com tamanha intensidade, com tamanho amor pelo Estado do Pará.

De minha parte, como acredito em outras vidas, não tenho a menor dúvida de que meu pai, esteja aonde estiver, ficou muito feliz ao receber um “zap” noticiando que por aqui estamos bem, cuidando com muito amor, carinho e respeito do importante legado que ele nos deixou”.

(Mauro Neto/Diário do Pará)

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