Comunidade sem internet e energia se mobiliza para construir biblioteca no Pará

“Quem entende mais de obras ajuda como pedreiro. Quem corta, vira carpinteiro. E quem pinta é pintor”. É desse jeito que a educação ganhará forma através de uma biblioteca na pequena comunidade Cajual, entre os municípios de Igarapé-Açu e Maracanã, no Pará. O povoado com cerca de 300 habitantes, que a pouco recebeu energia elétrica, vislumbrará um futuro melhor através da educação.

A idealizadora do projeto é a estudante do curso de Etnodesenvolvimento, na UFPA de Altamira, Lívia Nunes, de 30 anos. Lívia é natural da comunidade Cajual e enxergou no trabalho de conclusão de curso, o TCC, uma forma de usar aplicabilidade do ensino perto de casa.

“Foi meu trabalho de conclusão de curso no campus de Altamira, onde estudo, de aplicabilidade do ensino em alguma comunidade. Então, pensei na minha e surgiu essa ideia em parceria com as famílias que vivem ali”, conta Lívia

Moradores são responsáveis pela limpeza e construção do espaço (Foto: divulgação)

As dificuldades, porém, não são pequenas. Energia elétrica ainda é novidade, chegou apenas no ano passado. Internet, então, é algo distante para jovens e adultos. A única escola da comunidade tem uma professora, que ensina diferentes disciplinas para alunos do 1º ao 4º ano do ensino fundamental.

“Os alunos estudam do 1º ao 4º ano, mas depois não querem ir para as cidades próximas concluir os estudos. Até por isso temos um número bem alto de pessoas que não sabem ler ou escrever”, contou, reforçando que a população local vive da agricultura familiar.

A BIBLIOTECA

O novo espaço de conhecimento está sendo desenvolvido totalmente pelos moradores da Cajual, sem utilização de recursos públicos ou mão de obra fornecida pelas prefeituras vizinhas. O trabalho voluntário é incentivado pela doação, rifas e outras fontes de receitas para o projeto, que deve abrir as portas em fevereiro de 2019.

O nome da biblioteca será “Chico Bento”, em homenagem ao tio-avô de Lívia, que faleceu este ano. A área será muito mais do que um canto para leitura ou ponto de encontro. Profissionais voluntários já se disponibilizaram a ajudar.

“Muitas pessoas já entraram em contato para trabalhar de forma voluntária na biblioteca. Devemos ter aulas de inglês, de informática e até de libras, já que algumas pessoas com necessidades especiais também não são assistidas pelo poder público”, enfatizou.

Alguns livros já foram recolhidos para que possam estar à disposição de todos. Alguns, inclusive, foram dados para moradores para que não se percam antes da inauguração.

NECESSIDADES

A Biblioteca Chico Bento ainda precisa de doações para que seja finalizada e ofereça condições dignas aos usuários. Lívia Nunes conta que ainda precisam de valores referentes aos custos com telhas de barro e construção do piso.

“Temos que angariar fundos para as telhas e para o piso. Não temos nenhuma ajuda do poder público. Tudo o que chega é através de doações de pessoas que dão cimento, tijolos e outros materiais”.

Além da preocupação com a obra, os moradores precisam da totalidade de cobertura de energia. A escola que funciona do 1º ao 4º ano, por exemplo, ainda não possui. Aulas de informática e atividades extraclasse dependem desta demanda para que possam acontecer dentro do planejado pela comunidade.

DOAÇÕES:

As doações podems ser feitas através dos seguintes dados bancários:

Caixa Econômica Federal
Agência 0898
Conta Corrente 00026655-0
Operação 001
Lívia Cristina Alves Nunes

(Felipe Saraiva/DOL)