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Belém vive guerra entre facções criminosas e milícias

Reportagem especial da BBC Brasil publicada neste domingo (11), mostra a guerra entre facções criminosas e milícias que Belém enfrenta nos últimos tempos. O texto, assinado pelo repórter Leandro Machado, mostra que essa “batalha” na capital tem como resul

Reportagem especial da BBC Brasil publicada neste domingo (11), mostra a guerra entre facções criminosas e milícias que Belém enfrenta nos últimos tempos. O texto, assinado pelo repórter Leandro Machado, mostra que essa “batalha” na capital tem como resultado as chacinas e mortes em série, publicadas todos os dias no DIÁRIO DO PARÁ.

A afirmação é do promotor militar Armando Brasil, 48 anos, em entrevista ao grupo de comunicação. Ele é responsável do Ministério Público por investigar a conduta de policiais militares a atuação de milícias armadas no Estado. Brasil, que trabalha há 17 anos na Promotoria Militar, traça um retrato assustador da violência na cidade. Ele disse que é normal andar pela cidade e ver corpos no chão.

Os números comprovam isso. Em matéria publicada no último dia 8 de novembro, o DIÁRIO informou que a cada dia, uma média de 10 pessoas são mortas no Pará. O número total de homicídios no estado, de 1º de janeiro até dia 6 de novembro, foi de 3.168 casos. Os dados são da própria Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e foram apresentados na audiência convocada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) sobre a chacina no Tapanã.

CAOS

Na entrevista à BBC News Brasil, Armando Brasil afirma que Belém vive uma situação “caótica” em meio à briga pelo controle de bairros pobres e do tráfico de drogas. A reportagem mostra que, entre 2007 e 2017, a taxa de homicídios no Pará aumentou 96%, subindo de 27,17 para 53,4 mortes violentas para cada 100 mil habitantes. A taxa cresceu 29% entre 2012 e 2017, durante a gestão do atual governador Simão Jatene (PSDB).

O texto descreve situações nas ruas de Belém, onde são costumeiras as notícias de chacinas ou assassinatos de pessoas comuns que apenas passavam pelas ruas. Brasil lembra que um bairro sem polícia, com roubos e traficantes, passa a ser ocupado por milicianos que oferecem segurança.

A CHACINA NO TAPANÃ

No dia 29 de outubro, Oito pessoas foram mortas e três foram feridas em uma chacina registrada no começo da noite, no bairro. Os casos ocorreram em quatro locais diferentes do bairro, sendo que em um deles houve um duplo homicídio. As ocorrências foram na travessa Haroldo Veloso, na quinta rua do Tapanã com Uberaba, na feira do bairro, e na rua Violeta com travessa das Pampolhas. Os crimes aconteceram próximo à residência onde morava o Policial Militar João Batista Menezes Dias, morto a tiros quando chegava em casa, na quarta-feira, 24 de outubro.

Promotor disse à emissora internacional que é normal "andar pela cidade e ver corpos pelo chão" (Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)

Mortes e massacres se multiplicam na capital

A BBC detalha outros crimes parecidos nos últimos anos. Como o ocorrido nos dias 20 e 21 de janeiro do ano passado, quando 30 pessoas foram executadas horas depois do PM Rafael da Silva Costa ter sido morto com um tiro na cabeça no bairro de Cabanagem, também na periferia. Em 2015, a Assembleia Legislativa do Pará realizou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as milícias. O relatório apontou que policiais aposentados e também da ativa comandam grupos armados em bairros da periferia.

Um dos grupos era chefiado pelo policial militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo, conhecido como “cabo Pet”. A quadrilha dele vendia “segurança” particular para comerciantes do bairro do Guamá, um dos maiores de Belém. Em novembro de 2014, Pet foi assassinado por um grupo de traficantes. Horas depois, mais 10 pessoas foram executadas em suposta retaliação.

O texto diz ainda que a facção Família do Norte comanda o tráfico de drogas na cidade, mas também há relatos da presença do PCC. Segundo o promotor Armando Brasil, líderes de facções têm ordenado a morte de PMs de dentro das prisões - matar um policial e roubar sua arma seria uma das portas de entrada do grupo criminoso. -Neste ano, 40 policiais militares do Pará foram assassinados com características de execução ou latrocínio (roubo seguido de morte) - em 2017 foram 49.

Armando Brasil diz que milicianos e traficantes ocupam espaços deixados pelo poder público (Foto: Marco Santos/Diário do Pará)

"O Governo do Estado teve uma condução omissa"

Em entrevista à BBC, o promotor militar Armando Brasil explicou como funciona o crime organizado em Belém e o que pode ser feito para mudar isso, com a mudança de governo que se aproxima. Para o promotor, nos últimos cinco, seis anos, “o governo do Estado [do governador Simão Jatene, do PSDB] ficou marcado pela condução omissa da segurança pública, na minha opinião”. Ele diz que isso foi combustível para que grupos de milicianos e de traficantes tenham se instalado nas regiões e disputado pontos de venda de drogas.

"As milícias ganharam poder em razão dessa ausência do Estado nos bairros mais pobres. Se o Estado não ocupa os espaços públicos da forma devida, se não oferece segurança para a população, se não faz policiamento em áreas com muitos roubos, os milicianos passam a oferecer esses serviços. Um bairro sem polícia, com roubos e traficantes, passa a ser ocupado por milicianos que oferecem segurança", afirmou.

Brasil diz que as milícias estão em praticamente todos os bairros pobres da região metropolitana e dividem o controle do território com os traficantes. "Hoje, Belém vive uma guerra entre esses dois lados, milícias e traficantes. Quem vence a batalha, ocupa o território e implanta sua política de venda de drogas e de serviços. A situação é insustentável".

Perguntado o que poderia ser feito para diminuir essa guerra, o promotor diz que deve-se investir em investigação, ter instituições fortes e comprometidas com o combate ao crime. "O governador eleito, Helder Barbalho [MDB], disse que vai pedir ajuda da Força Nacional de Segurança. Sou a favor, pelo menos para iniciar alguma reação". Por fim, questionado sobre quantas pessoas investigam as milícias hoje no Ministério Público, Armando Brasil disse que só ele faz isso.

(Diário do Pará)

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