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Saúde pública em Belém padece com PSM fechado e UPAs inacabadas

Uma das áreas mais esquecidas pela gestão do governador Simão Jatene (PSDB), a da saúde, volta e meia aparece como foco na campanha de seu aliado, Márcio Miranda (DEM), da base tucana. Fala em ampliar a rede de tratamento do câncer e construir hospitais r

Uma das áreas mais esquecidas pela gestão do governador Simão Jatene (PSDB), a da saúde, volta e meia aparece como foco na campanha de seu aliado, Márcio Miranda (DEM), da base tucana. Fala em ampliar a rede de tratamento do câncer e construir hospitais regionais, por exemplo, mas não menciona que o prefeito de Belém Zenaldo Coutinho (também do PSDB) sequer faz o dever de casa.

Em 2017, investiu menos de R$ 1 por dia na saúde de cada habitante de Belém, coleciona Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em obras milionárias nunca entregues. Pra completar, ainda fechou o Pronto Socorro Municipal (PSM) do Guamá, deixando a capital e seus 1,4 milhão de pessoas contando apenas com o da travessa 14 de Março.

Desde o final de junho deste ano, o fechamento do PSM do Guamá sobrecarrega, além do PSM da 14, as UPAs da Terra Firme e da Sacramenta. “Precisei de atendimento para minha esposa no último domingo (14), dia de Círio. Não estava cheio, mas era uma médica para três consultórios. Cheguei 23h, saí quase duas da manhã do outro dia”, conta Luiz Cláudio, 44, comerciante.

Ele vende água de coco perto do PSM do Guamá que, além de estar fechado e só atendendo a alguns poucos pacientes, ainda não está em obras - motivo usado pela Prefeitura de Belém para sua desativação temporária, anunciando que o investimento na revitalização seria de R$ 10 milhões.

Porém, nenhuma intervenção no prédio foi iniciada até agora e não há qualquer placa informando sobre o não funcionamento. No mês passado, o DOL divulgou imagens que mostram o interior do PSM com equipamentos abandonados, trechos alagados e ratos circulando. E não foi só o atendimento médico que ficou prejudicado. Com o fechamento foi tirado o segurança que ficava de plantão na área de acesso das ambulâncias; os assaltos aumentaram e a associação de
taxistas foi saqueada.

Quem mantém comércio por perto também foi prejudicado com a queda no número de clientes. É o caso de Graça Paiva, 60 anos. Com o hospital aberto, sua pequena venda de café da manhã e lanches tinha movimento diário. Agora ela pega um carrinho com salgadinhos industrializados, bombons, água e outros itens e vai andando até o bairro de Nazaré para conseguir ter algum lucro. “Tudo em volta está fechando e eu, para pagar as contas, preciso fazer isso, porque vai saber se o PSM vai abrir de novo”, lamenta.

Lixo toma conta da área onde deveria funcionar a UPA do Jurunas (Foto: Wagner Santana)

PSM do Guamá está em estado de abandono (Foto: Wagner Santana)

Prazo para entrega da UPA da Marambaia deve ser descumprido novamente (Fotos: Wagner Santana)

JURUNAS

A tão esperada UPA do Jurunas, um dos bairros mais populosos de Belém, por fora parece ter a estrutura carecendo apenas de acabamento, quatro anos depois do início das obras. A vizinhança, no entanto, relata que há pelo menos dois anos o abandono é total e que ninguém mais trabalha por ali. A reportagem do DIÁRIO esteve lá na última terça-feira (16), e viu apenas um funcionário/segurança dentro do prédio.

A UPA se tornou um grande depósito de lixo a céu aberto na travessa Bom Jardim. O orçamento inicial da obra era de R$ 6 milhões, mas também não há qualquer placa falando em aditamentos ou prazos.

A cabeleireira Ariana Silva, 32, mora perto da unidade e confirma que as obras pararam há bastante tempo. “Meu marido se animou quando apareceram jogando asfalto aqui há algumas semanas, achando que as obras voltariam. Mas entendemos que foi só por ser época de eleição mesmo”, disse. “Queria que terminassem logo, para ter movimento e eu poderia até realizar meu sonho de abrir meu bazar e trabalhar em casa mesmo”, almeja.

Obras começaram em 2014 e nada de serem entregues

Dos três locais visitados pela reportagem neste dia, um dos mais impactantes foi a UPA da Marambaia, também iniciada em 2014 e com entrega adiada algumas vezes, de acordo com quem mora na rua Maravalho Belo. O agente de portaria Edigar Monteiro, 36, mora há 14 anos próximo ao local da obra e diz que nem lembra a última vez que viu movimento por lá.

“Trocaram os tapumes de madeira por de alumínio, há alguns meses, e só. Para nós é um sacrifício precisar ir longe quando se precisa de ajuda. Já passamos dificuldades com a saúde da minha sogra, tendo que buscar atendimento”, diz.

A equipe de reportagem conseguiu entrar no prédio e as imagens são, no mínimo, desoladoras. O acabamento está quase todo pronto. Há pichações nas paredes e até mesmo um quarto com peças de moto, o que indica que o local é usado para “desmanchar” motocicletas.

A placa na frente do terreno indica a entrega para 30 de dezembro desse ano, mas o estado atual do prédio, orçado em quase R$ 6 milhões, sendo que R$ 4 milhões foram destinados pelo Governo Federal, demonstra que o prazo será novamente descumprido pela gestão de Zenaldo Coutinho, aliado do Governo do Estado.

Pacientes têm de ir para a fila de madrugada

(Foto: Wagner Santana)

“Eu cheguei aqui duas horas da manhã. Apenas duas fichas são entregues pra quem quer conseguir uma consulta com um neurologista”. A frase foi dita por Luís Araújo, 62 anos, na quarta-feira (17), por volta das 3h, na frente da Unidade Municipal de Saúde do bairro da Sacramenta, em Belém. O aposentado não foi o único a chegar cedo para tentar conseguir uma ficha e obter atendimento médico com um especialista. A dona de casa Márcia Cristina também teve de madrugar na fila. “Eu vim com medo pra cá (unidade de saúde). Ainda está escuro, mas como não tenho como pagar plano de saúde para o meu filho, eu enfrento essa humilhação por ele”, desabafou.

Por vota das 3h cerca de dez pessoas já estavam na unidade de saúde para tentar o atendimento. Sentadas no chão, algumas delas demonstravam estar com sono e não escondiam o cansaço em esperar amanhecer, sem contar que temiam ser vítimas da violência. “Eu não trouxe nem o celular com medo de assalto, informou o vendedor ambulante Luís Araújo.

*Sancha Luna

RESPOSTAS

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) foi contatada pela reportagem, mas se recusou a falar em orçamentos de cada obra e prazos de entrega. Sobre o PSM do Guamá, informou que viabilizou recursos por meio de empréstimo junto ao Banco do Brasil e aguarda somente a conclusão do processo licitatório, com previsão de assinatura de contrato, emissão da ordem de serviço e início efetivo da obra até o fim de outubro. A reforma deve durar 10 meses e resultar em “um hospital de alta complexidade, ampliando o atendimento de urgência e emergência na capital”.

Sobre as UPAS do Jurunas e da Marambaia, diz que os recursos para a conclusão das obras destas unidades estão contemplados na segunda etapa do empréstimo contratado junto ao Banco do Brasil. Informa ainda que as empresas responsáveis pelas obras mantêm vigilância nesses locais e que irá apurar as denúncias apresentadas pela reportagem para tomar as medidas cabíveis.

(Diário do Pará)

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