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Icoaraci faz aniversário sem ter o que comemorar

Icoaraci é conhecida por sua orla de frente para a baía do Guajará, pelas famosas peixarias e olarias de cerâmica marajoaras. Nesta segunda-feira, a “Vila Sorriso” completa 149 anos, mas muitos moradores desconhecem a data e dizem que não há tanto o que c

Icoaraci é conhecida por sua orla de frente para a baía do Guajará, pelas famosas peixarias e olarias de cerâmica marajoaras. Nesta segunda-feira, a “Vila Sorriso” completa 149 anos, mas muitos moradores desconhecem a data e dizem que não há tanto o que comemorar. Isso porque o distrito e seus 167 mil habitantes estão completamente abandonados pelo poder público.

No trapiche, local de maior circulação de turistas e passageiros que vão principalmente para o Marajó, há muita sujeira e abandono. O mecânico Marcelo Nascimento, 61 anos, trabalha na área e considera o local abandonado e esquecido pelo poder público municipal. “Moro aqui há 25 anos e posso lhe garantir que aqui não tem nada o que se comemorar. Segurança, limpeza, atendimento de saúde. Não dá pra se orgulhar de muita coisa aqui não. A gente parece que tá abandonado, esquecido”, diz o mecânico.

No mesmo local, a ambulante Ivanilde Silva, 51, diz que comemoração não é a palavra adequada para este aniversário. “O nome mesmo é reclamação. Estamos nessa peleja com o hospital Abelardo Santos que não fica pronto. Tem um posto de saúde, mas se a gente quiser atendimento tem que madrugar, pra conseguir ficha”, reclama. “Só que aí, corremos o risco de ser assaltados. A limpeza aqui só tem quando tem eventos. Segurança é a gente mesmo que faz. Icoaraci tá abandonada vou comemorar o quê?”, indaga.

Ruas estão sem saneamento e moradores temem a chuva (Foto: Fernando Araújo)

No trapiche, lixo se acumula em um lugar de circulação de turistas (Foto: Fernando Araújo)

Até sofá é encontrado no meio dos entulhos (Foto: Fernando Araújo)

Orla está sem manutenção e a violência também espanta frequentadores (Foto: Fernando Araújo)

MEDO

Na recém inaugurada Rua Santa Izabel, o aposentado Hermenegildo Silva, 73, reclama da falta de coleta de lixo e teme pelo início das chuvas. “Comemorar não temos muito. Fizeram a rua, mas esquecem da manutenção. A coleta de lixo passa poucos dias, quando vem”, enumera. “O canal tá só mato e lixo. Tenho medo de quando começarem as chuvas fortes. Minha casa vai pro fundo”.

Na mesma rua, Manoel Reis, 54, tem um pequeno comércio e diz que não há motivos para comemorar a data. “Eu gastei R$1.200 com a construção de um muro de madeira para as pessoas não jogarem lixo no canal”. Mas quando começaram as obras, a cerca foi quebrada e não construíram outra, diz. “O resultado é esse canal quase tapado reunindo lixo, entulhos, animais e insetos”, conta. “Tentei conversar com a prefeitura porque investi em um bem pra todo mundo, fiz o papel dela e não teve acordo. É como se eles tivessem jogado meu dinheiro no lixo”.

Resposta - Prefeitura

A Prefeitura de Belém informou, em nota, que realiza a limpeza diária no trapiche de Icoaraci. A coleta do lixo no local é feita no início da tarde. Uma vistoria será feita por uma equipe da Secretaria de Saneamento (Sesan), nas ruas Santa Izabel e Espírito Santo para identificar as ações necessárias nessas vias. Informou ainda que todos os usuários matriculados nos programas da Unidade Municipal de Saúde de Icoaraci têm consultas garantidas e agendadas de acordo com a necessidade de cada programa. Usuários que precisem de atendimento imediato são direcionados para o atendimento de urgência e emergência que funciona 24 horas na UMS Icoaraci. Para finalizar, disse que a Guarda Municipal de Belém atua em Icoaraci com um efetivo de 72 agentes de segurança pública.

Por onde se passa, sobram muitas reclamações

Não tão distante dali, moradores da rua Espírito Santo também dizem padecer com a falta de atenção do poder municipal. O aposentado Nerino Barbosa, 77, mora em Icoaraci há 30 anos e diz que neste tempo só o que cresceu no local foi a população e não a infraestrutura. “Não sei a causa, mas para esses lados as obras não entraram. Como não tem limpeza nos canais, aqui em casa o pessoal já pegou até chikungunya”, relata. “Não passa um agente de saúde. Uma vez ajeitaram a rua e o asfalto durou 3 meses. Vimos a rua passar lá em cima, pensei que ia entrar aqui, mas nada. Isso é complicado tanto para quem mora quanto para quem tem negócios de olaria”, completa.

No início da rua Soledade, o estudante Jorge Silva, 15 , diz que não sabia da data comemorativa, mas que deseja uma mudança breve para a Vila Sorriso. “Se Icoaraci fosse uma pessoa eu ia querer desejar saúde, segurança e infraestrutura. Você quer aproveitar os locais históricos e não pode. Saúde então, nem
se fala”.

Na feira da rua 8 de maio o ambulante Renildo Aracati, 42, diz que gosta de morar no lugar, mas tem medo da violência. “Não sabia do aniversário, nunca vi comemorações. Eu até gosto de morar e trabalhar aqui, mas tem muita coisa que dá pra melhorar. A violência, limpeza, saúde. São os principais fatores na minha opinião”.

(Diário do Pará)

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