UFPA tem 90 dias para retirar todos os animais do Campus Guamá

A Universidade Federal do Pará (UFPA) tem menos de 90 dias para retirar todos os animais de rua do campus do Guamá. A universidade recebeu um ofício do Ministério Público Federal (MPF) e da Procuradoria da República no Pará recomendando providências imediatas contra a proliferação de animais causada pelos constantes abandonos no campus.

A ofício determina que a UFPA retira a totalidade de animais e os envie para o Centro de Controle de Zoonoses de Belém. O não cumprimento desta recomendação poderá gerar processo judicial contra a universidade.

Entre os motivos para a retirada imediata dos animais do campus, o MPF destaca a necessidade de garantir a segurança e a liberdade de circulação de pessoas nas dependências da instituição, com destaque para pessoas com deficiência acompanhadas por cães-guia.

Desde 2015 o órgão tem conhecimento de ataques de cães a membros da comunidade acadêmica e transeuntes, como no caso do ataque ao cão-guia de uma estudante cega, que resultou na abertura de Inquérito Civil no MPF envolvendo a universidade.

Foi determinado, ainda, que a UFPA desmobilize os espaços denominados de abrigos para animais no campus do Guamá, como por exemplo o projeto Peludinhos da UFPA, criado por acadêmicos com o apoio da antiga reitoria, e que tem como objetivo cuidar dos animais que se encontram na universidade.

O Outro Lado

O projeto dividiu opiniões e acirrou os ânimos entre os frequentadores do Campus. Desde 2015, gestores, professores e especialistas ligados à causa animal tentavam encontrar maneiras para abrigar adequadamente os animais no Campus. Tais projetos foram consideradas por alguns órgãos como um “incentivo” ao descarte de animais na UFPA. Segundo o MPF, desde a criação de projetos semelhantes, o número de animais nas dependências da UFPA aumentou consideravelmente, versão fortemente negada pelos coordenadores dos projetos.

Para Elisabete Pires, uma das coordenadoras do Peludinhos da UFPA, a determinação do MPF e a mudança repentina de postura do atual reitor, Emmanuel Zagury Tourinho, que antes de ser eleito prometeu criar estruturas para cuidar dos animais no Campus, soam misteriosas e imcompreensíveis. O reitor chegou a investir em equipamento para abrigar os animais, além de equipar um laboratório para os insumos necessários aos projetos.

"O nosso projeto buscou preencher uma lacuna deixada pela negligência do poder público em lidar com o tema. O antigo reitor (Carlos Maneschy) dava condições para projetos como o nosso trabalhar, e aí este atual reitor, que chegou a investir em equipamentos para criar um gatil no Campus, muda de opinião de uma hora pra outra e agora proíbe qualquer pessoa de falar sobre o assunto, um absurdo", diz.

O MPF considera a medida como a única maneira de evitar a “proliferação de doenças que atualmente colocam em risco a saúde de pessoas e animais, bem como findar o estímulo ao descarte de animais que se instaurou nas dependências da Instituição”, conforme mencionado pelo MPF.

"Eles dizem que existem mais de 400 animais lá, é uma mentira! Também dizem que os animais estão doentes, pois eu quero que me apontem então um animal doente lá", finaliza.

A reportagem entrou em contato durante a noite com a Universidade Federal do Pará, mas as ligações não foram atendidas. Enviamos uma solicitação de nota para que a universidade se manifeste brevemente sobre o caso.

(DOL)