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Depois de 20 anos de ausência, Paulo André Barata lança disco e já planeja novo trabalho

Um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, o paraense Paulo André Barata lança seu novo disco, “Porto Caribe”, nesta sexta-feira, 14, em todas as plataformas digitais. Consagrado como compositor, Paulo André possui um acervo enorme de canções em q

Um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, o paraense Paulo André Barata lança seu novo disco, “Porto Caribe”, nesta sexta-feira, 14, em todas as plataformas digitais. Consagrado como compositor, Paulo André possui um acervo enorme de canções em que constam clássicos do cancioneiro popular, com uma marca constante de enaltecer a exuberância da fauna, flora e cultura amazônicas. Diversas dessas composições resultaram da parceria com o pai, o poeta e compositor Ruy Barata (1920-1990).

Fruto dessa famosa parceria, “Porto Caribe” foi regravada e é uma das faixas do álbum homônimo. Após uma pausa de 20 anos sem lançar nenhum trabalho na música, Paulo André Barata conta nesta entrevista que isso deu-lhe novo gás para pensar em um próximo disco, no qual, adianta, pretende desenvolver com cantoras da cena paraense.

O músico fala da enorme satisfação que o cercou ao realizar esse trabalho e destaca ainda a grata parceria feita com o pai e, sobretudo, as histórias que marcaram sua trajetória que acabava em composições, o que o fez recordar de uma vida boêmia, das canções que nasciam diante de uma roda de amigos, sem nenhuma pretensão comercial.

“Porto Caribe” foi idealizado pelo produtor Marcel Arêde, diretor da AmpliCriativa. Além da faixa já conhecida do público, o álbum traz canções inéditas que também retratam a cena amazônica, como “Juriti Pepena”, “Capelobo” e “Maranduera”.

Há no disco seis composições em parcerias inéditas com Paulo César Pinheiro, uma com João de Jesus Paes Loureiro, outra com J. Petrolino. Sucesso da MPB, “Nasci para Bailar” foi regravada junto como o parceiro João Donato, 35 anos depois que os dois a compuseram, e foi registrada no estúdio Midas pelo diretor de videoclipes Lucas Escócio, enquanto o músico e pianista paraense Jacinto Kahwage comandava a mesa de gravação. Virou, assim, primeiro single do disco. Confira a entrevista.

Depois de uma pausa de 20 anos, este é um momento muito aguardado pelo público paraense. Para ti, o que esse momento representa?
Para mim foi uma surpresa. Eu jamais esperava que fosse gravar um disco. Eu estava aqui em casa e não sabia o que estavam armando para mim. Foi uma armação! (risos). [O produtor] Marcel Arêde e minha filha Ana Luísa bolaram esse negócio e, quando eu vi, já estava aqui para eu assinar. O nome do disco ia ser “Paulo André Barata: 70 anos”. Eu tinha material e topei fazer. Eu tenho 16 ou 18 canções com Paulo César Pinheiro, novas, inéditas. Eu disse: “bom, vou gravar algumas dessas canções”. Aí eu gravei seis com o Paulo. Gravei “Nasci para Bailar”, composta com João Donato. Eu fui o único que nunca tinha gravado essa música na época em que ela foi composta. Uma porção de gente gravou: Nara Leão, Donato, Wanda Sá, Emílio Santiago. Gravei “Abismos”, com Paes Loureiro, “Canção Mágica”, com J. Petrolino, e “Bar da Condor”, que eu gravei só. “Porto Caribe” eu havia gravado com papai. E aí foi montado o disco, que tem parte da minha alma. Eu gostei de ter feito esse disco porque apostei em dois arranjadores fantásticos, que são o Tynnoko Costa e o Luiz Pardal, que deram parte dos seus conhecimentos e de suas sensibilidades a esse disco. Além do mais, estou com minhas amigas Andréa Pinheiro, Alba Maria, João Donato, Leila Pinheiro, Lia Sophia e Lucinnha Bastos. Estou bem cercado. É isso.

E esses 20 anos fora dos estúdios? Por que não esperavas mais gravar?
Eu não esperava mais gravar porque eu não fazia a menor força para isso.

Com o que tu tens atuado neste momento? Sempre com música?
Claro que sim, pego meu violão todo dia. Eu estou com o computador lotado de canções. Eu vejo que esse disco me incentivou mais, me deu um ânimo.

Outra coisa que chamou atenção pelos títulos e também ouvindo as canções foi esse olhar para a cultura amazônica, que foi muito presente no trabalho do teu pai e no que vocês fizeram juntos. Tem um sentimento de identidade, um orgulho com nosso local?
Olha, eu não esperava mais compor música sobre a Amazônia nem sobre coisa nenhuma. Depois que papai partiu, fiquei... (pausa) Aí estive com Paulo César Pinheiro e ele me propôs fazer um trabalho sobre as lendas e mitos da Amazônia para a música. São seis canções minhas e dele nesse disco com lendas como “Boiúna” e “Cobra Grande”. O Paulo é um cara muito generoso, que me deu corda e eu compus e fiz acontecer a coisa que estava só no papel.

Então foi uma volta instigada por ele? Se fosse por ti mesmo já não pensavas mais em lançar essas músicas?
Foi instigado por ele. Eu gosto de ser provocado, gosto de desafios. Estou muito feliz de ter feito esse trabalho.

Fale um pouco da parceria com Ruy Barata. Como era o dia a dia com o teu pai e, principalmente, essa influência dele sobre o filho?
Era maravilhoso. Papai dizia que ser meu parceiro fazia parte do lado paternal dele, mas a verdade é que ele adorava. Vou te citar um exemplo: “Pauapixuna”. Eu estava aqui na sala e ele estava lá na varanda daqui de casa e eu comecei a tocar uma coisa que veio na minha cabeça e papai pegou um pedaço de papel... Ele tinha uma letra linda, pequenina. E escreveu: “Uma leira, uma esteira, uma beira de rio, um cavalo no pasto, uma égua no cio”, e assim ele escreveu o refrão. Nesse mesmo dia saiu “Foi Assim”, que já estava mais da metade pronta, só faltava a terceira parte.

Tu falavas que gostas de escrever por partes. Como foi ver o resultado da letra?
A letra é linda. A letra é um achado. E é uma letra que papai escreveu em cima da minha música. Ela é tão perfeita que tem muita gente que diz que eu que musiquei, mas foi ao contrário, papai que botou letra na minha canção, o que é mais difícil, mas ele gostava. Ele tinha muito ritmo. Ele dizia o seguinte: “a música é como uma cadeia para escrever letra, mas eu gosto de estar situado nessa cadeia para digerir todo esse som”. E essa música foi tranquila.

Teu pai escrevia dessa forma também?
Sim. Ele se adaptava comigo muito bem. A gente tinha uma ligação muito forte, uma identidade muito grande. Foi papai quem disse para mim, quando eu era garoto, tocando violão, querendo compor: “meu filho, você tem que olhar que nós temos uma canção aqui no Pará. O Pará tem uma coisa muito peculiar”. Ele conhecia tudo porque foi deputado, conhecia o interior, nasceu em Santarém. “Vá procurar esse som”, dizia. Aí, ele me emprestou o carro dele e eu saía daqui com uns amigos, nós íamos para Marapanim, para Vigia, eu levava o gravadorzinho e ficava escutando os folclores e aquilo foi entrando no meu ouvido. Acabou que eu estava com a identidade da Amazônia também.

Isso veio naturalmente nas composições?
Sim, ele sabia também que eu gostava de mambo, “chá-chá-chá”, merengue, de todas essas coisas. Eu ia muito à Condor quando garoto, que era um lugar onde as operárias do sexo comandavam, entendeu? (risos). Aprendi a dançar lá, ao som do Armandinho e seus Big Boys. Eu falo na Condor muito nesse disco,

A Condor foi um bairro que te marcou?
Marcou muito com esse tipo de música caribenha. Mas não era casa de shows... Lá era um conjunto que tocava geralmente esse tipo de música, onde as pessoas se divertiam, bebiam, era um antro de mulheres da vida, coisas da noite. E eu com 16 ou 17 anos, já ia lá.

Não tinha violência? Dava para aproveitar bem a noite?
Não tinha nada. Chegava lá, tinha um guarda que nos protegia, Galo Teso o apelido dele. Ele era grande e dizia, marrento: “Baratinha, pode deixar comigo que eu garanto”.

“Porto Caribe” é outra composição muito conhecida dessa parceria com teu pai. Como você analisa essa letra?
É engraçado que essa música tem três letras. A primeira fala da ditadura do Pinochet, esculhambando. A segunda eu já não me lembro mais, mas ele mudou. A terceira parte, ele mudou e me passou um ou dois dias antes de morrer. E aí ficou essa letra definitiva. É um dos versos mais famosos da música paraense: “eu sou de um país que se chama Pará”.

Fale dessa parceria com as mulheres que gravaram as canções, a Leila Pinheiro, a Andréa Pinheiro... Como surgiu esse convite?
Elas são minhas amigas de muitos anos. Eu cultivei essa amizade. A amiga mais nova daí é a Alba Maria. Lucinnha Bastos eu já conheço há muito tempo. A Leila Pinheiro morava aqui, andava pela minha casa com total liberdade, é uma figura maravilhosa e todas cantam bem. Como cantam!

Por que foi importante trazê-las para esse disco?
Eu gostaria de ter feito um disco só com cantoras e, como não consegui, aproveitei e chamei, e elas toparam. Foi a oportunidade. Agora quando sair o próximo - já estou pensando no próximo -, vou gravar o resto do balé.

E como é esse balé?
É sobre a Amazônia, a sequência de “Boitatá”. São várias músicas sobre as lendas amazônicas.

(Domink Giusti com colaboração de Wal Sarges/Diário do Pará)

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