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Situação de prédios históricos preocupa

Incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro acendeu alerta para o estado em que se encontram vários casarões em Belém, uma vez que muitos estão em situação de abandono completo “Tudo o que é relevante do ponto de vista patrimonial em Belém não tem condi

Incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro acendeu alerta para o estado em que se encontram vários casarões em Belém, uma vez que muitos estão em situação de abandono completo

“Tudo o que é relevante do ponto de vista patrimonial em Belém não tem condições de segurança”, avisa o arquiteto e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Flávio Nassar, ao comentar sobre a estrutura contra incêndios de prédios públicos tombados de Belém. No último domingo (2), as chamas que consumiram o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, acenderam o alerta da comunidade ligada às questões patrimoniais que atuam na capital.

Segundo o professor, os mais problemáticos são os que para ele já estão muito deteriorados, como o Solar da Beira, no complexo do Ver-o-Peso, e o Mercado de São Brás, além da própria feira do Ver-o-Peso (um patrimônio que tem seu conjunto tombado), onde são facilmente vistas instalações elétricas precárias. Ele diz também que mesmo os que estão em funcionamento e têm sua sede física em bom estado não apresentam quesitos de segurança contra incêndio.

“Parece um exagero, mas no Museu do Louvre, em Paris, existe uma brigada contra incêndio dentro do próprio museu. Aqui não temos como nos proteger caso algo ocorra”, lamenta, ao mesmo tempo em que sugere que uma revisão elétrica possa ser realizada nos principais prédios de Belém, sobretudo os que têm grande acervo museal ou de pessoas.

O historiador e também professor Michel Pinho realiza ações como visitas pela Cidade Velha em que ele conta a história dopará por meio de prédios como o Palácio Antônio Lemos, hoje sede da Prefeitura Municipal e do Museu de Arte de Belém (Mabe), e do Palácio Lauro Sodré, onde funciona o Museu do Estado do Pará (MEP).

ALERTA

“A gente precisa entender que esse abandono não é simbólico aqui, já estamos tendo sinais claros de uma tragédia. Uma parte do teto do ‘Antônio Lemos’ desabou e lá mesmo já teve também um princípio de incêndio. É um perigo real e concreto. Isso é um retrato do descaso do poder público com a memória e a história de Belém”, lamenta. “O problema não é pontual, é geral e irrestrito”, completa. Michel conta que visitou cinco vezes o Museu Nacional, na capital fluminense, e disse que o espaço cumpria uma importante função de democratizar o acesso ao conhecimento para todos os brasileiros. “Há 15 anos realizo esses percursos porque acredito que minha função como professor é despertar o senso crítico.

O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), por meio de nota, disse que o incêndio no Museu Nacional foi resultado da falta de investimentos na cultura, ciência e educação. “A imagem das chamas consumindo patrimônio, história e conhecimento nos levou ao choque e a desoladora sensação de perda.

O pior pesadelo para quem trabalha com pesquisa e formação de acervos tornou-se realidade mais uma vez, lembrando o golpe sofrido pelo Instituto Butantã (2010), Museu da Língua Portuguesa (2015) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1978)”. A Prefeitura de Belém foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

"Parece um exagero, mas no Museu do Louvre, em Paris, existe uma brigada contra incêndio dentro do próprio museu. Aquinão temos como nos proteger caso algo ocorra” - Flávio Nassar (Arquiteto)

SOLAR DA BEIRA

“A administração não vê isso aí (Solar da Beira). Um curto circuito aqui vai tudo embora. Tá tudo fechado, é um prédio abandonado. Tem que restaurar e dar uma utilidade”, disse José Raimundo, 50 anos, feirante.

A “Aqui vem o turista e está abandonado. Belém é uma cidade conhecida no Brasil pelo seu povo bom e chega aqui vê uma coisa dessa. Acha certo isso? Só tem promessa de reforma. Isso é horrível, é um abandono total. Precisa imediatamente uma recuperação”, disse Sancho Mesquita,66, piloto aposentado.

A “Sou paraense e moro na Itália e quando volto fico decepcionada. É a minha terra e faziam cinco anos que eu não vinha. Encontrei pior do que quando fui”, disse Vivian Ferreira, 37, enfermeira.

PRÉDIOS EM SITUAÇÃO DE ABANDONO

SOLAR DA BEIRA

Extremamente deteriorado e abandonado, o prédio do Solar da Beira, que integra o complexo do Ver-o-Peso, é hoje depósito de materiais e tem somente a sua estrutura de banheiros aberta para uso público. O Solar é uma construção em estilo neo clássica onde funcionava o antigo órgão responsável pela fiscalização municipal. Já abrigou o Museu do Índio e parte a administração da feira, mas hoje em dia, sem funcionamento, figura apenas como uma memória sem cuidado. “Lá funcionava a antiga recebedoria de rendas, órgão arrecadador do estado. Para mim, já está em ruínas”, lamenta Flávio Nassar.

PALÁCIO ANTÔNIO LEMOS

Com sinais claros de deterioração, o Palácio Antônio Lemos - mesmo sendo a sede da Prefeitura Municipal de Belém - não recebe a devida atenção: a pintura está desgastada, há janelas e vidros quebrados, infiltração e mato em sua parte externa. Uma concepção do projetista José Coelho da Gama Abreu, a construção do prédio teve início em1860, mas foi inaugurado somente em 1883. Desde a sua criação, o Palácio foi construído para abrigar a Intendência de Belém – antigo termo atribuído ao espaço físico da administração municipal. A edificação foi projetada comum estilo eclético europeu.

PALACETE BOLONHA

O Palacete Bolonha também não temos cuidados que merece e teve parte de sua estrutura do teto danificada em junho. Há também marcas do descaso na parte externa da edificação, que tem janelas e vidros quebrados, pintura desbotada e descascada, lixo, infiltrações e mato. O prédio foi construído pelo engenheiro Francisco Bolonha, que projetou o local para a esposa que amava as artes, a pianista AliceTem-Brink, em estilo eclético: neo clássico, art-noveau, barroco e rococó.

PALACETE PINHO

Revitalizado e entregue em 2011, o Palacete Pinho nunca foi de fato reaberto com atividades para a comunidade. Em abril, os moradores vizinhos ao prédio, na Cidade Velha, chegaram a fazer um protesto contra a nova proposta da prefeitura, de abrigar no espaço uma casa dedicada à Portugal. Ele foi construído no auge da Belle Époque, em 1897, tendo sido projetado pelo engenheiro Camilo de Amorim. O casarão foi construído a pedido do proprietário, o comendador Antônio José de Pinho, uma basta do comerciante de borracha. Comum a arquitetura moderna e eclética, o casarão representava o ápice da economia da Amazônia durante o Ciclo da Borracha. O Palacete foi tombado em1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passando a ser de responsabilidade da administração pública.

(Dominik Giusti/ Diário do Pará)

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