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Sem o Museu Nacional, Museu Goeldi é o mais antigo do país e enfrentou falta de verba

A história brasileira teve perdas incalculáveis na noite deste domingo (2), com o incêndio de proporções gigantescas que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo de ciências do Brasil. Mas o que poucas pessoas sabem é que o segundo museu

A história brasileira teve perdas incalculáveis na noite deste domingo (2), com o incêndio de proporções gigantescas que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo de ciências do Brasil. Mas o que poucas pessoas sabem é que o segundo museu mais antigo de ciências está justamente em Belém, e há pouco tempo ameaçava encerrar as atividades.

O Museu Paraense Emílio Goeldi foi criado em 1866, aproximadamente 48 anos após a fundação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, feita por Dom João VI em 6 de junho de 1818.

Inclusive, mais de 100 peças arqueológicas coletadas por Domingos Soares Ferreira Penna no século XIX, que faziam parte do acervo do Emílio Goeldi e haviam sido doadas para o Museu Nacional, foram destruídas pelo incêndio de ontem.

“Com um incêndio de proporções gigantescas, o mais antigo museu brasileiro, um dos símbolos da constituição da nação, o nosso Museu Nacional tombou como resultado da falta de investimentos na cultura, ciência e educação. A imagem das chamas consumindo patrimônio, história e conhecimento nos levou ao choque e a desoladora sensação de perda”, diz uma nota de pesar enviada peloGoeldi nesta segunda-feira (3).

“O pior pesadelo para quem trabalha com pesquisa e formação de acervos tornou-se realidade mais uma vez, lembrando o golpe sofrido pelo Instituto Butantan (2010), Museu da Língua Portuguesa (2015) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1978)”, continua o texto.

RISCO DE ENCERRAR AS ATIVIDADES

A mesma situação de falta de verba denunciada na administração do Museu Nacional, apontada como um dos fatores responsáveis pelo trágico incidente de ontem, foi enfrentada no ano passado pelo Museu Emílio Goeldi.

Em setembro de 2017, o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, divulgou uma carta aberta à sociedade que relatava as dificuldades orçamentárias enfrentadas pela instituição. Segundo o documento, o Museu tinha orçamento previsto de R$ 12,7 milhões de reais, para 2017, mas sofreu um corte de 44%, quase metade da verba.

Naquela época, a previsão era que o Museu gastaria cerca de R$ 3,7 milhões até o fim do ano apenas em despesas fixas (como terceirização de serviços, segurança, manutenção, limpeza, energia, dentre outras), valor que extrapolava a verba restante.

Por causa do déficit orçamentário apresentado, a diretoria do Museu Goeldi precisaria fechar duas bases essenciais da instituição: o Parque Zoobotânico, que recebe 400 mil turistas por ano e é o 65º local mais visitado do Brasil, segundo o Ministério do Turismo; e a Estação Científica Ferreira Pena, localizada no completo do Marajó.

Após apelos e mobilizações da sociedade, o então ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, falou com o presidente da República, Michel Temer, e garantiu a liberação de uma verba de R$ 3 milhões necessária para o pleno funcionamento do museu.

LAMENTO, SOLIDARIEDADE E PREOCUPAÇÃO

Veja na íntegra a nota de pesar emitida pelo Museu Emílio Goeldi sobre a tragédia ocorrida no Museu Nacional.

"Com um incêndio de proporções gigantescas, o mais antigo museu brasileiro, um dos símbolos da constituição da nação, o nosso Museu Nacional tombou como resultado da falta de investimentos na cultura, ciência e educação. A imagem das chamas consumindo patrimônio, história e conhecimento nos levou ao choque e a desoladora sensação de perda. O pior pesadelo para quem trabalha com pesquisa e formação de acervos tornou-se realidade mais uma vez, lembrando o golpe sofrido pelo Instituto Butantan (2010), Museu da Língua Portuguesa (2015) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1978).

A história do Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, criado em 1866, o segundo museu de ciências mais antigo no Brasil, está imbricada com a do Museu Nacional. As trocas de pesquisadores, acervos, documentos e técnicas progrediram no decorrer das décadas. A destruição de grande parte dos acervos do Museu Nacional leva junto também alguns testemunhos da história institucional do Museu Goeldi, como mais de 100 peças arqueológicas coletadas por Domingos Soares Ferreira Penna no século XIX. O ocorrido deixa a todos em alerta e aumenta a responsabilidade das autoridades na elaboração de políticas públicas de fomento e gestão de ciência, cultura e educação no País.

Cada museu tem sob a sua salvaguarda objetos e valores fundamentais da sociedade a que servem. O seu desaparecimento apaga o esforço de gerações, some com testemunhos únicos, afeta a capacidade de construir e consolidar o conhecimento e de narrar histórias locais, regionais, nacionais ou mundiais. Não podemos aceitar essas perdas como algo natural. A política de corte de investimentos no setor público nos deixou a todos com os olhos e a boca cheios de cinzas.

A comunidade do Museu Goeldi se solidariza com a comunidade do Museu Nacional e reforça publicamente o compromisso de continuar lutando pela conservação do patrimônio cultural e ambiental nacional e pelo avanço do conhecimento."

(Hélio Granado/DOL)

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