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“Nosso dinheiro é para investir em Educação, Saúde e Moradia” , diz Cleber Rabelo

Operário da construção civil, Cleber Rabelo tem 45 anos e nasceu na localidade de Bacuri, no Estado vizinho do Maranhão. Mora no Pará há 20 anos e se considera um “paraense de coração”. Ele já presidiu o Sindicato dos Trabalhadores da Construção C

Operário da construção civil, Cleber Rabelo tem 45 anos e nasceu na localidade de Bacuri, no Estado vizinho do Maranhão. Mora no Pará há 20 anos e se considera um “paraense de coração”. Ele já presidiu o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

Em 2010 disputou pela primeira vez o Governo do Estado pelo PSTU. Em 2012 foi eleito vereador de Belém e em 2016 foi candidato a prefeito. Agora, concorre novamente ao Governo do Estado. Também integra a secretaria executiva estadual da CSP Conlutas.

Rabelo contará com um tempo pequeno de propaganda na TV para defender suas ideias, como a substituição da Lei de Responsabilidade Fiscal pela Lei de Responsabilidade Social. Acompanhe a entrevista aos repórteres Luiz Flávio e Leidemar Oliveira.

O PSTU vem mais uma vez sozinho para uma disputa majoritária?
Assim como na eleição de 2010, na eleição deste ano não entramos em acordo com o programa de governo do PSOL que, cada vez mais, gira para a direita e se aproxima do PT. Então, decidimos lançar uma candidatura própria, com programa próprio. Será uma candidatura pura.


E como o partido espera fazer propaganda política, já que o tempo de rádio e TV será bem pequeno

Realmente. Devemos ter uns quatro ou seis segundos de propaganda na TV... Isso nos prejudica bastante do ponto de vista da aparição pública.(...) Não queremos ter compromisso com qualquer outro partido em troca de tempo de televisão ou qualquer outra vantagem. Nossa candidatura continua independente e vamos colocar na campanha aquilo que defendemos e pensamos.


O PSTU então quase não terá recursos para a campanha, além de quase não participar dos debates...

As regras eleitorais para nós são desiguais e excludentes. Além de não termos tempo de televisão, a maioria das emissoras do país nos exclui dos debates, nos impedindo de transmitir nossas ideias para a população. Então, a única forma que temos de fazer campanha é o trabalho de formiguinha, fazendo caminhadas pelas ruas e feiras, nos bairros periféricos, priorizando as estruturas operárias, como trabalhadores da construção civil, rodoviários, eletricitários, entre outros. Vamos para o contato direto com a classe trabalhadora. Não aceitaremos nenhum centavo de qualquer empresa para a nossa campanha. Tudo será feito com os recursos dos trabalhadores e militantes. Também utilizaremos maciçamente nossas redes sociais já que não teremos tempo de televisão. Não queremos qualquer compromisso com empresários, porque quem mandará no nosso governo serão os trabalhadores. Governaremos para a maioria e não para a minoria milionária que hoje comanda nosso país.

Na sua opinião qual vai ser o diferencial nessa campanha em relação à última disputa majoritária?

Sem dúvida as novas regras eleitorais excluem os partidos ideológicos como o PSTU, que não possuem aqui deputados estaduais, federais ou senadores e que não sobrevivem do dinheiro do parlamento. Por outro lado nessa eleição os trabalhadores terão a experiência de terem sido administrados pela democracia burguesa, voltada apenas para atender os interesses do agronegócio, dos banqueiros, latifundiários... A greve dos caminhoneiros mostrou isso. Aquela greve não foi só dos caminhoneiros, mas da maioria da população contra o aumento do combustível, do gás, na energia elétrica... Essa greve desmascarou completamente o governo. A população já está farta de tudo isso porque sabe que após as eleições, nada muda. As pessoas querem um governo capaz de enfrentar o grande capital e governar, de fato, para a grande maioria da população pobre.

Historicamente o PSTU tem votações baixas e pelo menos aqui no Pará nunca conseguiu eleger deputados, senadores e governador. Isso não desanima?

Não, porque se fossemos utilizar os mesmos métodos que os outros partidos utilizam nós também elegeríamos vários candidatos, financiados pelas grandes empresas e com muito dinheiro e isso não nos interessa. Depois os eleitos ficam presos a esses financiadores e vão governar para atender aos interesses de quem os financiou. O resultado disso é esse mar de lama que presenciamos nos últimos anos no Brasil. Nosso principal objetivo na eleição é divulgar nossas propostas, disputar a consciência de cada trabalhador, cada trabalhadora e mostrar que a eleição não vai mudar a vida dele. O Pará precisa de uma revolução socialista para que a gente possa transformar tudo isso.

Qual o principal problema que os trabalhadores enfrentam hoje no país?

É o pagamento da dívida pública que consome mais de 40% do orçamento da União. É um problema que reflete em todos os Estados da federação através da Lei de Responsabilidade Fiscal e um dos pontos do nosso programa é trocar essa Lei pela Lei de Responsabilidade Social. Para o PSTU é inadmissível retirar dinheiro para os banqueiros e agiotas e deixar as pessoas morrendo na porta dos hospitais... Nosso dinheiro é para investir em Educação, Saúde e Moradia. Essa é uma dívida que já foi paga várias vezes e ela só aumenta.

E na sua avaliação qual o principal problema do Pará atualmente?

O nosso Estado contribui muito para o PIB nacional mas continuamos um Estado rico com um povo pobre. Não usufruímos das nossas riquezas. Temos minério, ouro, muita água para gerar energia... E o que fica para o povo? Nada... Hoje nossos recursos naturais são explorados não para o benefício do nosso povo. O resultado é que 40% da nossa população vive com até um salário mínimo. Outras com menos que isso...Essa falta de emprego e renda é consequência de todas as mazelas sociais que a gente vive e isso se reflete em todos os setores da sociedade.

Qual a sua proposta para a área da segurança pública, um dos maiores problemas que o paraense vem sofrendo nos últimos meses?

Os governos implementam políticas equivocadas nesse setor, baseada na repressão com investimentos grandes em mais viaturas e armamentos. Não se resolve esse problema matando as pessoas, mas sim gerar políticas públicas que evitem que jovens cheguem à criminalidade. Se repressão resolvesse alguma coisa o Rio de Janeiro seria uma maravilha hoje. O Estado gasta milhões numa intervenção militar que apenas aumentou a violência no Estado. Sem uma política pública de Educação e para gerar emprego e renda jamais vamos resolver o problema da violência. A nossa polícia hoje ainda é militarizada e o Estado utiliza a polícia para reprimir greves, ocupações, mas para combater de fato o crime organizado a polícia é ineficaz. Defendemos a unificação das polícias civil e militar para prevenir e combater o crime e não para reprimir os trabalhadores.

O aumento da violência contra as mulheres e o preconceito contra as diferenças de gênero têm aumentado consideravelmente no país e no Pará não é diferente. Quais as suas propostas para essa área?

A luta contra a opressão integra nosso programa envolvendo o combate ao machismo, ao racismo, à lgbtfobia. Não podemos aceitar que mulheres sejam violentadas, maltratadas e que ganhem menos que os homens mesmo desenvolvendo o mesmo trabalho. Defendemos que a pessoa viva livremente a sua orientação sexual e não pode ser agredida ou morta por causa disso. Em razão disso o vice da nossa chapa é um transexual e operário da construção civil. Seu Alex nasceu com o sexo feminino mas se identifica com o gênero masculino e é parte desse processo de luta contra as opressões e a discriminação. É o primeiro candidato a vice-governador trans do Brasil!

E num eventual segundo turno? O PSTU faria algum tipo de composição ou apoiaria alguma candidatura?
Analisando todas as candidaturas colocadas muito provavelmente chamaremos o voto nulo porque elas não representam o que queremos para a população e para o Estado do Pará.

(Luiz Flávio e Leidemar Oliveira / Diário do Pará)

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