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Comunidade ribeirinha Porto da Ceasa está esquecida pelo poder público

Quando se pisa sobre a palafita, as tábuas já gastas estalam. Nos perímetros em que o caminho passa por cima do igarapé, a estrutura sem qualquer corrimão balança conforme o ritmo dos passos e pode facilmente desequilibrar os menos acostumados. Ao longo d

Quando se pisa sobre a palafita, as tábuas já gastas estalam. Nos perímetros em que o caminho passa por cima do igarapé, a estrutura sem qualquer corrimão balança conforme o ritmo dos passos e pode facilmente desequilibrar os menos acostumados. Ao longo do 1,5 km de palafita construída floresta adentro, também é preciso tomar cuidado com as partes quebradas e já sem tábuas.

A descrição da dificuldade de locomoção provocada por uma estrutura deteriorada poderia ser de uma localidade do interior do Estado do Pará, distante muitos quilômetros do centro urbano, mas não é. Trata-se da Comunidade Ribeirinha Porto da Ceasa, localizada às proximidades do asfalto do bairro Curió-Utinga, em Belém.

A comunidade tradicional é formada por 50 casas, nas quais moram diversas famílias, mais de uma por moradia. Para se chegar até lá, é preciso passar da feira da Central de Abastecimento do Pará (Ceasa) através da Estrada do Murutucu, uma rua de terra batida que segue até a beira do Rio Guamá. A partir daí, para se ter acesso às casas, o único caminho é formado pelas pontes de madeira.


(Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

DIFICULDADE

Moradora que, junto com o marido, deu origem à comunidade 69 anos atrás, a aposentada Maria Petrolina, 89 anos, vive até hoje na casa onde criou os sete filhos, aprendeu a apanhar açaí e a ‘riscar seringa’. Depois de sofrer um AVC há cerca de 12 anos, porém, a matriarca da comunidade perdeu a possibilidade de se locomover pelas pontes de madeira.

Ainda que com certa dificuldade, Maria consegue dar alguns passos com a ajuda de um andador dentro de sua casa. Mas o mesmo não é possível nas palafitas que servem de rua para a comunidade. As tábuas de madeira muito gastas quebram com facilidade e expõem o risco iminente de uma queda. “A nossa ponte tinha que ajeitar. Tem muito buraco”.

Mesmo diante da estrutura deteriorada, quando a aposentada precisa ser levada ao médico, são as pontes de madeira que recebem a cadeira de rodas que a transporta. O percurso não é nada fácil. É preciso desviar das tábuas podres, se equilibrar pelo caminho estreito e cuidar para que as rodas não engatem nas frestas e buracos.

“O Governo fez essa ponte no primeiro mandato do Simão Jatene (2002 a 2006) e depois disso esqueceu. Nunca fizeram manutenção”, lembra a vendedora e neta de Maria Petrolina, Rosana Santos, 30. “Quando quebra, são os moradores que fazem coleta e ajeitam do jeito que dá”.

Enfrentado o percurso por cima da ponte, os problemas de locomoção não encerram quando os moradores chegam à beira da Estrada do Murutucu. De terra batida, a via é tomada por enormes buracos desde a comunidade até o portal de entrada da feira da Ceasa. Ao todo, são cerca de 2 km de poeira, pedras e lama. Na rua não passam ônibus.

Para que os moradores saiam do local, precisam andar até a feira da Ceasa para pegar o coletivo. Isso no curto período de tempo em que os ônibus pegam passageiros na feira. “Os ônibus só vem até a Ceasa durante a madrugada até as 9h. Depois desse horário eles não vem mais até a Ceasa”, explica a moradora da comunidade, Delma Souza, 29 anos.

(Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

QUEDA DE ÁRVORES

Além dos problemas decorrentes da deterioração das palafitas, da falta de saneamento da estrada e da ausência de transporte público, os moradores da Comunidade Porto da Ceasa ainda têm enfrentado, recentemente, o problema da queda de árvores.

Na última semana, durante um vendaval, pelo menos quatro árvores desabaram no local. Duas caíram sobre casas (sem machucar ninguém), uma caiu sobre a ponte de palafita (destruindo parte do caminho) e outra caiu sobre a Estada do Murutucu, onde permanecia, até a terça-feira (14), obstruindo parte do percurso.


(Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

CONDUÇÃO

De 9h em diante, os moradores precisam somar ao percurso de 2 km da Estrada do Murutucu mais 3 km de caminhada pela Estrada da Ceasa até o final da linha do Curió-Utinga onde, enfim, conseguem pegar um coletivo. Considerando o 1,5 km de palafita são, ao todo, 6,5 quilômetros de caminhada para sair de casa e conseguir pegar um transporte público.

Para quem tem condições, há a opção dos moto-táxis ou táxis, mais ainda assim não faltam problemas. “Quando eles sabem que vão ter que seguir até a beira da comunidade, os táxis cobram mais caro porque eles sabem que a rua (Estrada do Murutucu) é toda esburacada e isso acaba danificando o carro”, aponta Delma.

Problemas também são enfrentados quando se tenta sair do local pelo outro jeito possível: através do rio. O trapiche utilizado pelas crianças de 4 a 12 anos para entrar no barco que as leva à escola está ainda em pior condição do que as palafitas centrais. “Aqui nós fomos esquecidos”, diz Delma.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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