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Barbearias de Belém superam o boom do mercado, a crise e a concorrência

Nas ruas de Belém não é difícil encontrar estabelecimentos com os chamados Barber Poles (postes de barbeiros), aqueles pequenos cilindros giratórios nas cores branco, azul e vermelho. O símbolo que indica que ali funciona uma barbearia remete à Idade Médi

Nas ruas de Belém não é difícil encontrar estabelecimentos com os chamados Barber Poles (postes de barbeiros), aqueles pequenos cilindros giratórios nas cores branco, azul e vermelho. O símbolo que indica que ali funciona uma barbearia remete à Idade Média, quando os barbeiros-cirurgiões faziam não apenas barba, cabelo e bigode dos clientes, mas também sangrias e pequenas intervenções cirúrgicas, como procedimentos odontológicos. Ao fim do serviço, as bandagens ensanguentadas dos clientes eram penduradas na porta da barbearia e balançavam ao sabor do vento, como os cilindros de hoje, em uma forma de fazer propaganda do serviço.

A curiosidade é antiga como as barbearias, mas os cilindros de hoje não indicam mais qualquer procedimento cirúrgico, o que não quer dizer que os serviços das barbearias diminuíram. Pelo contrário, se multiplicaram e se modernizaram. Além de barba, cabelo e bigode, o cliente que adentra um estabelecimento desses pode encontrar serviços até então inimagináveis para o ramo.

Na Rua João Balbi, Umarizal, o empresário Edson Lima, 39, mantém desde outubro de 2016 a Barbearia Democrata. No local, além de dar um ‘tapa no visual’, o cliente pode se distrair com jogos eletrônicos, cartas, bilhar, dominó e ainda degustar cervejas, uísques, refrigerantes, sucos e cafés de cápsulas no pub.

“Os serviços também vão além do corte e da barba. A gente faz selagem, coloração, pigmentação, limpeza de pele, porque tem muita barbearia em Belém e a gente precisa fazer as coisas diferentes para não ser só mais um”, justifica Edson. Para quem acha que todos esses serviços são adaptados do que usualmente o público feminino utiliza nos salões tradicionais, saiba que o mercado está cheio de linhas de cosméticos exclusivas para os homens, público-alvo das barbearias.

“A maioria dos clientes aproveita para consumir as opções. Às vezes vêm universitários só para passar o tempo, jogar bilhar. Tem amigos que vêm aqui só para beber, bater papo, assistir um jogo”, conta Edson que, no entanto, explica que nem tudo são flores e no primeiro ano precisou pedir ajuda ao balcão de serviços do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para sobreviver à forte concorrência de cerca de dez barbearias em um raio de um quilômetro. “Isso divide o mercado, mas a gente tenta fidelizar, fazendo as pessoas se sentirem bem no estabelecimento”, informa o empresário, que tem planos de abrir uma filial em um município do interior. Em tempo, segundo ele, o investimento inicial de uma barbearia diversificada gira em torno de R$ 80 mil. “Mas o céu é o limite”, completa.

A cada 15 dias, Ulisses Pinto faz a barba e aproveita os jogos (Foto: Wagner Santana)

Casarão antigo se transformou em um centro de negócios

Se a palavra de ordem é diversificar, a Barbearia Belém, na Rua Antônio Barreto, também no Umarizal, é outro belo exemplo. O estabelecimento funciona em um casarão antigo de 500m² e tem espaços diferentes, do porão ao quintal. Além de cortar o cabelo e fazer a barba, é possível comprar cosméticos para fazer a manutenção do visual na lojinha (barber shop), admirar as exposições da galeria de arte, relaxar no pub que oferece de sanduíche natural à cerveja artesanal, complementar o visual na área da camisetaria, jogar fliperama, fazer tatuagem e até mesmo se inscrever em um curso e aprender desenho artístico. “É muito normal o cliente chegar para fazer a barba e sair com uma tatuagem”, conta o professor de desenho e tatuador, Marcelo Nunes, 33 anos.

O estabelecimento é um dos pioneiros dessa nova safra de barbearias multiserviços e existe desde 2013. Para manter toda essa seara, são necessários 24 funcionários que atendem cerca de cem clientes por dia, conta a sócia, Carina Moura, 43 anos. “No começo era só pub, deu super certo, mas depois vimos que era necessário ampliar a área infantil, que os clientes pediam. Hoje temos esse leque de serviços diferenciados. Temos terapia capilar, pigmentação de barba, disfarce de falha de barba”, enumera.

“A gente tem tudo isso para facilitar a vida do cliente. Tem gente que passa o dia inteiro, se tem que se arrumar, no lugar de ir ao shopping já passa na camisetaria; se deu fome, vai no pub”, pontua Carina, que garante que dessa forma conseguiu diminuir a rotatividade da clientela. “Buscamos atualização em workshops, os barbeiros viram confidentes dos clientes, fica um espaço muito agradável”, avalia a empresária que lembra também que a barbearia promove eventos periódicos com food trucks e até shows musicais.

Sebrae garante que há espaço para novos locais na capital

O barbeiro Mizael Oliveira, 54, começou na profissão quando as barbearias não ofereciam tantos serviços e afirma que evoluiu junto com o ofício. “Os produtos melhoraram, as técnicas são inovadoras. Faltava esse espaço masculino, porque a mulher já tinha só o dela. Antes o homem chegava, fazia a barba e ia embora, agora não, chega e fica aqui se divertindo. Eu também sempre procuro me atualizar”, afirma.

Lucas Alexandre é bem mais novo que Mizael e, com apenas 16 anos de idade, também dá show como barbeiro. “Sempre que tem workshop procuro fazer, a gente divide os custos com o dono da barbearia, aí facilita. Comecei há alguns meses e já fiz uns cinco”, ressalta.

CLIENTES

O empenho em oferecer algo diferenciado e atravessar qualquer risco de “modinha” de barbearia cativa clientes de todas as idades. O administrador Ulisses Pinto, 33, conta que gasta cerca de R$ 140 por mês, com visitas quinzenais à barbearia. De máscara anticravos no rosto, ele admite a vaidade. “Antes eu nem tinha barba, não frequentava esse tipo de local, mas passei em frente, vi a oferta de serviços, tive curiosidade e resolvi frequentar. Corto o cabelo, aparo a barba, faço limpeza de pele e hidratação. Às vezes também consumo bebidas e participo dos campeonatos de videogame que eles promovem”, conta.

O autônomo Felipe Vale, 30, frequenta a barbearia com o filho Luiz Fernando, de três anos. “Eles são pacientes com as crianças, colocam numa cadeira em forma de carrinho. No meu caso, vou em outra barbearia e faço sobrancelha e corto o cabelo. O diferencial, com certeza, é o tipo de atendimento”, considera.

CAMINHO CERTO

O Sebrae não tem o levantamento exato de quantas barbearias atuam hoje em Belém, mas informa que elas se inserem nos 3.787 estabelecimentos de tratamento dos cabelos e atividades de estética e serviços de cuidado com a beleza, levantados pela Receita Federal no ano passado.

A gerente do Sebrae na Grande Belém, Leda Magno, destaca que a oferta de serviços variados é o caminho para os estabelecimentos já existentes se consolidarem no mercado e acredita que ainda há espaço para novas unidades se instalarem na capital. “A sociedade está em transformação e é uma tendência esses serviços de cuidados com a beleza. O setor está se restabelecendo, as barbearias estão se reinventando, esse é o caminho, associar serviços de acordo com o perfil do cliente”, avalia.

Leda pontua ainda que o Sebrae possui um atendimento especializado para esse tipo de empreendimento, com balcão de negócios e orientação ao empreendedor, com rede de parcerias e ações de organização e gestão do negócio, tanto para quem já está no mercado, quanto para quem quer se inserir no ramo.

ORIENTAÇÃO

O Sebrae agenda atendimento para o setor de beleza, estética, barbearia, esmalteria e bem-estar pelos telefones (91) 3181-9017/3181-9011/98426-5345 – contato com José Antônio Elleres Dias.
Endereço: Rua Municipalidade, 1461, Umarizal, Belém.

(Luiz Octávio Lucas/Diário do Pará)

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