É muito carro para pouco estacionamento em Belém

Não é preciso circular por muito tempo para identificar que Belém não tem espaço suficiente para comportar a frota de pouco mais de 440 mil veículos, segundo dados atualizados em junho deste ano pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Como alternativa para a dificuldade de estacionamento, há quem decida parar o carro em qualquer lugar, mesmo em locais proibidos. Prática que só atrapalha o trânsito já complicado da cidade.

Via de grande movimentação, sobretudo nos horários de pico, a avenida Rômulo Maiorana, no bairro do Marco, é um exemplo da insuficiência de vagas em estacionamentos públicos. Diariamente é possível flagrar carros parados irregularmente em cima do canteiro central da via.

(Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)

No trecho que vai da travessa Mauriti até a travessa Estrela, o canteiro central estava tomado, na manhã de ontem (31), por veículos estacionados. Sob a grama já danificada do local, muitos automóveis ficavam estacionados entre duas árvores, mesmo que, para isso, precisassem parar em cima das raízes dos vegetais. Bem no centro do canteiro, um dos carros ainda possuía um adesivo que o identificava como veículo de “treinamento para habilitados”.

Morador do trecho, o autônomo João Furtado, 62 anos, conta que o problema é crônico no local. “Esse problema é constante. De vez em quando a Semob (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana) passa e multa, mas em seguida outros voltam”, aponta, sem deixar de observar que a falta de vagas para estacionar também é um problema sério. “Belém é muito carente de vagas de estacionamento público. A gente sai de casa e pra conseguir estacionar é uma dificuldade”.

(Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)

PEDESTRES

Na avenida Visconde de Inhaúma, já no bairro da Pedreira, a via sequer possui recuo para que veículos possam estacionar corretamente. O que se viu, no trecho entre as travessas Barão do Triunfo e Angustura, foram vários motoristas parando em cima da calçada do canteiro central. Para os pedestres que tentavam passar, restava descer para a pista de rolamento para desviar dos bloqueios.

Para o chefe de cozinha Edivaldo da Silva, 40, essa é uma realidade enfrentada frequentemente pelos pedestres em Belém, em diferentes bairros. “Os pedestres não são respeitados. Temos que passar na rua porque as calçadas estão ocupadas”, reclamou. “Tem muito motorista que é folgado e estaciona em qualquer lugar, mesmo que não seja permitido”.

Ainda na Visconde, já no perímetro entre a Angustura e a Lomas Valentinas, os carros estacionados irregularmente já ocupavam a área da grama do canteiro, da mesma forma como na av. Rômulo Maiorana. “Para mim o erro maior é esse: parar em cima da grama porque vai destruindo tudo”, reitera Edivaldo.

RESPOSTA

Segundo a Semob, em nota, não cabe ao poder público disponibilizar vagas de estacionamento em locais públicos, e sim garantir a mobilidade em modais como transporte público e garantir o melhor fluxo das vias.

O órgão informa ainda que não há justificativa prevista para o estacionamento irregular em nenhuma hipótese e, na falta de vaga por qualquer motivo que seja, a responsabilidade é sempre do condutor de procurar uma vaga mais distante que seja permitida.

A Semob informa ainda que existem 20 penalidades previstas no Código de Trânsito, cada uma com uma penalidade e um valor.

(Cintia Magno/Diário do Pará)