O bairro de São Brás chega a ser, em média, 2,5° C mais quente que outras áreas da cidade. Para o grupo de iniciação científica coordenado por Maurício Castro da Costa, professor de Engenharia Ambiental e Sanitária da Estácio Belém, o motivo é a falta de arborização, característica que tem influência sobre o microclima urbano da capital.
A pesquisa foi iniciada em junho de 2016 e, desde então, o grupo tem coletado dados quinzenais referentes à temperatura, umidade e velocidade dos ventos em três bairros de Belém com diferentes graus de arborização: São Brás, com escassez de árvores; Nazaré, bastante arborizado; e Marco, como meio termo.
Segundo o professor, os resultados não deixam dúvidas de que quanto maior a quantidade de arborização, mais amenas são as temperaturas. “O que aquece a superfície é a radiação solar que é absorvida e reemitida pelo solo, o que chamamos de radiação terrestre. O sombreamento é quando as árvores funcionam como uma barreira que bloqueia a radiação solar e assim ameniza o acúmulo de energia na superfície, reduzindo as temperaturas”, explicou.
Da Costa esclarece ainda que a alta taxa de umidade da região é responsável por aumentar a sensação térmica, já que a grande quantidade de água na atmosfera dificulta a transpiração, causando um aumento de energia e de suor e assim gerando mais desconforto térmico. Dentre os bairros analisados, no entanto, a diferença entre as umidades é muito baixa, de acordo com o pesquisador, e por isso não possuem muita influência na variação da temperatura. “Já os ventos funcionam como removedores. A ventilação carrega o ar quente, balanceando as temperaturas”, detalhou.
Embora seja o bairro com maior velocidade de ventos, porém, a escassez de árvores e o excesso de concreto em São Brás mantêm as temperaturas elevadas na região. “O bairro melhor ventilado acaba sendo o de Nazaré, por causa dos canais formados pelas mangueiras”, argumentou.
AR FRESCO
A intenção do grupo é manter a pesquisa por mais um ou dois anos, a fim de identificar também os dados sazonais da cidade, verificando o comportamento das temperaturas em diferentes períodos, como o chuvoso e a estiagem.
Ao final do projeto, de acordo com o professor, relatórios técnicos serão entregues à Prefeitura de Belém com intuito de orientar melhor seus planejamentos urbanos para que incluam mais arborização. “Algo diferente do que é feito atualmente com o BRT, por exemplo. Obras com uma quantidade imensa de asfalto, mas sem arborização”.
(Arthur Medeiros/Diário do Pará)
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