Nova interdição do BRT confunde e irrita motoristas e pedestres

Motoristas, pedestres e comerciantes locais reclamam da desordem no trânsito após nova interdição de um trecho da Avenida Augusto Montenegro, próximo da entrada do bairro do Tapanã, em Belém. De acordo com a Prefeitura, a interdição é necessária para a pavimentação da pista no sentido Icoaraci/Belém, construção das calçadas, ciclovia e finalização das saídas de drenagem, além de toda urbanização nesse trecho. A previsão, segundo a Prefeitura, é que os serviços sejam concluídos em cerca de 20 dias.

Nesse trecho, o tráfego será desviado para as pistas do BRT que contornam o terminal “Tapanã”, com o funcionamento de duas faixas: a da esquerda seguirá no sentido Entroncamento e da direita servirá para acesso ao Tapanã. No momento em que a equipe de reportagem fazia a apuração no local, um caminhão passou em alta velocidade e arrancou fiações do poste de iluminação.

“O poder público parece ter esquecido das pessoas para fazer uma obra dessas”, diz a atendente de loja Solange Alves, 29 anos.

“Nos sentimos abandonados pela falta de planejamento para a execução de mais um desvio sem o devido preparo possível”, avalia.

PEDESTRES

Duas mulheres com uma criança pequena precisaram de paciência para atravessar a rua, no sentido Belém. Sem faixa de pedestres na via, ninguém parava para o trio cruzar até o outro lado da pista. Solange diz que a faixa de pedestre mais próxima fica distante a 100 metros. “A gente se sente obrigada a atravessar mesmo com o perigo, porque eles não param”, conta.

O trecho da interdição possui cerca de 400 metros. Sem orientação de agentes de trânsito, sobra a imprudência de motoristas.

“Os veículos passam por cima de calçadas, que representa um perigo para quem passa no local a pé”, opina o gerente de um consultório odontológico local, Geovane Oliveira, 53, que diz ter testemunhado a cena mais de uma vez.

Nesse mesmo perímetro, a proprietária de uma academia que integra um complexo esportivo na área, Lúcia Melo, 52, conta que na semana passada um ônibus atingiu o toldo de uma loja, tentando passar pela calçada.

“A gente foi até a empresa de ônibus, mas eles se negaram a arcar com os prejuízos”, lamenta. Lúcia diz que já perdeu 40% de sua clientela por causa dos transtornos das obras do BRT.

Agora com mais essa interdição, que ela acredita ser demorada, já pensa em buscar outros espaços para desenvolver seu negócio. “Todos os empresários daqui já sentiram os efeitos dessa obra porque além de ter quebrado boa parte da pista, os prazos dados nunca são cumpridos. Por isso, muita gente está abandonando aqui para começar em outro lugar”, comenta.

Resposta da Semob

Em nota, a SeMOB, informou que a interdição foi a única alternativa encontrada pela Prefeitura de Belém para não interromper o trânsito totalmente, utilizando a canalização para dentro da pista do BRT. A nota diz ainda que as travessias são distantes da área crítica do desvio exatamente para garantir a segurança na travessia de pedestres.

“Os desvios estão devidamente sinalizados com placas e agentes de trânsito e apoiadores operacionais da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém estão posicionados na entrada e na saída do desvio em horários de pico, para ajudar na fluidez do trânsito”, afirmou.

(Wal Sarges/Diário do Pará)