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Ensaios fotográficos registram momentos importantes

Com muita criatividade e sensibilidade, tem se tornado bem comum a realização de ensaios fotográficos para marcar situações importantes da vida. “São pessoas que gostam de ser fotografadas. Ou que querem registrar momentos importantes como gravidez, forma

Com muita criatividade e sensibilidade, tem se tornado bem comum a realização de ensaios fotográficos para marcar situações importantes da vida. “São pessoas que gostam de ser fotografadas. Ou que querem registrar momentos importantes como gravidez, formatura, aniversário de casamento... E isso que é muito interessante”, relata a fotógrafa e maquiadora Walda Marques, que há 20 anos trabalha com retratos e ensaios em seu estúdio no bairro de Batista Campos, em Belém. Para ela, a fotografia é uma lembrança permanente.Foi exatamente isso que motivou a pedagoga Marly Kato, 59 anos, a procurar a fotógrafa para registrar seu aniversário de 40 anos de casamento, dois anos atrás. “Chegar aos 40 anos de casados não é algo fácil. Então, eu queria deixar esse momento especial eternizado”.

Ela já havia trabalhado com a fotógrafa antes, no aniversário de 15 anos de sua filha, e escolheu voltar pela afinidade, o que ela garante que foi essencial para fazer o ensaio dar certo. “Meu marido (Otávio Kato), que antes era tímido e dizia não gostar de tirar foto, adorou fazer”, conta. “Tanto que fizemos outro logo em seguida, em Mosqueiro”, ressalta.
Sobre o ensaio de Marly Kato, Marques destaca a preocupação com a transmissão da história do casal. “Foi maravilhoso porque eles têm uma história de amor muito bonita, em que eles se aproximaram muito novos, através da troca de cartas, e o trabalho do retrato é contar isso”, explica.

A profissional destaca que, para fazer um ensaio, ela precisa conhecer as pessoas, entrar em suas vidas, descobrir quem elas são e do que gostam. “O fotógrafo não tem que se olhar, ele tem que olhar o outro”, afirma. Outra característica presente entre pessoas que gostam de fazer ensaios fotográficos é o retorno. Depois do primeiro, é comum participarem de outros.

Foi assim com a engenheira Flávia Cardoso, 37, por exemplo. Inspirada pela mãe, que fez questão de registrar diversos momentos de sua infância com seu irmão, ela fez um ensaio quando estava grávida de 7 meses de sua filha Fernanda, em 2015.

“Eu queria ter esse registro. Queria que ela, quando crescesse, pudesse olhar para as fotos e se ver. Assim como eu cresci fazendo”, explica. Cardoso conta que algumas de suas memórias mais especiais foram construídas a partir de fotografias, momentos que ela própria não consegue lembrar com clareza. “E eu gosto de foto revelada. Pra pegar, pra carregar, ter aquele momento materializado”, destaca.

EXPERIÊNCIA

Ela gostou tanto da experiência que o ensaio de gravidez foi apenas o primeiro. Logo foi a vez de registrar sua filha recém-nascida, depois no aniversário de um ano, com ela vestida de anjo no Círio de Nazaré do ano passado e vários outros momentos. “Ela está tão acostumada que ela mesma já faz pose, pergunta pelas tias fotógrafas, tudo”, diz a mãe. Outra preocupação da engenheira é participar dos ensaios com a filha. “Eu quero aproveitar cada momento, ser mãe tá sendo uma experiência ótima, mas tudo passa muito rápido. As fotos são uma forma de manter isso”, comenta.

A estudante e bailarina Paola Pinheiro, 21, também é uma das fãs dos ensaios. O primeiro trabalho da jovem com Walda Marques foi ainda nos seus 15 anos de idade, quando realizou o ensaio para o baile de aniversário. Feliz com o resultado, a jovem repetiu a iniciativa quando completou 18, agora mais interessada pelo lado artístico da fotografia. “Eu queria algo mais completo, com significado. Então, tive essa ideia de fazer um ensaio inspirado nos anos 50 e na atriz Audrey Hepburn”, conta.

De acordo com a jovem, ela e a fotógrafa fizeram muitas pesquisas sobre a cultura, os comportamentos e os trajes da época para criar o ensaio. “O material final ficou excepcional”, garante. Já familiarizada com a câmera, ela voltou a trabalhar com Marques, dessa vez por convite da fotógrafa. “Era uma fotonovela inspirada na lenda da ‘moça do táxi’, e foi muito diferente de qualquer coisa que já fiz”, relata, referindo-se a oportunidade de interpretar uma personagem na frente das lentes.

Elevação da autoestima

A fotografia consegue aproximar as pessoas de quem elas são. Se ver pelo olhar do outro, muitas vezes, pode trazer novas perspectivas sobre si mesmos. Essa é a intenção do fotógrafo Fernando Diniz, que tem o projeto “Na Própria Pele”, que busca retratar pessoas de forma sensual, mas natural, valorizando os corpos como eles realmente são.

“Minha relação com a fotografia começou há uns 10 anos, quando descobri que tinha glaucoma e decidi que precisava fazer algo para aproveitar a minha visão enquanto ainda a tivesse”, relata. A ideia para o projeto surgiu depois de ter contato com amigos que lidavam com problemas de aceitação e de relacionamentos por causa da autoimagem.

Desde então ele tem fotografado amigos e conhecidos em ensaios. “A mensagem do projeto é de aceitação e bem estar. Fazer as pessoas se sentirem bem, bonitas e confortáveis na própria pele, como realmente são”, explica o fotógrafo.

No caso da jornalista Bruna Dias, por exemplo, o resultado foi extremamente positivo. “Eu tinha problemas com o meu corpo. A princípio, não quis aceitar por receios com celulites, gorduras e acabou que a foto que eu mais gostei foi uma que estou de costa e aparecem alguns pneuzinhos, por exemplo”, conta.

RESULTADO

Ela achou o resultado tão bom que percebeu diversas qualidades sobre si mesma que estavam esquecidas. “E não é só sobre autoestima. Mas sobre liberdade também, principalmente para a mulher”, acrescenta. Segundo a jornalista, depois que compartilhou as fotos recebeu mensagens de diversas amigas que vieram perguntar sobre a experiência. “Percebi mulheres que também que queriam se sentir livres ou que aproveitaram a situação para pedir ajuda”, ressalta.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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