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Radialista paraense que criticava políticos é assassinado

A imprensa paraense está de luto e as rádios da região bragantina silenciaram por um minuto para se despedir do radialista Jairo Sousa, de 43 anos. O comunicador foi assassinado na madrugada de ontem (21), no centro da cidade de Bragança, no nordeste para

A imprensa paraense está de luto e as rádios da região bragantina silenciaram por um minuto para se despedir do radialista Jairo Sousa, de 43 anos. O comunicador foi assassinado na madrugada de ontem (21), no centro da cidade de Bragança, no nordeste paraense. Ele foi baleado na porta do prédio onde funciona a rádio Pérola FM, quando chegava para apresentar mais uma edição do matinal ‘Show da Pérola’. Dois homens numa motocicleta aguardavam pelo radialista. O que estava na garupa desceu e o alvejou com 2 tiros. Jairo foi socorrido para o Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, mas não resistiu aos ferimentos.

O corpo do radialista foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Castanhal, ainda pela manhã de ontem, e à tarde foi liberado para a família. O sepultamento do radialista será realizado, hoje, no cemitério na comunidade de Montenegro, na zona rural de Bragança, vilarejo onde Jairo José de Sousa nasceu. Ele deixa esposa e filhos.

Antes de trabalhar na rádio Pérola FM, Jairo comandou o Programa Patrulhão 106 da rádio Princesa FM, em Capanema. O comunicador era conhecido na região por abordar temas polêmicos em seus programas na rádio – entre as pautas assuntos relacionados a Segurança Pública e também a política. Era conhecido como um radialista que “batia pesado” nos microfones. Com isso ganhou admiradores e também fez muitos inimigos.

DOIS ATENTADOS

Jairo Sousa já teria sofrido duas tentativas de homicídio e uma agressão física dentro de um restaurante na região bragantina. No velório da mãe dele, que aconteceu há 5 meses, ele chamou a atenção por usar colete a prova de balas, devido as ameaças de morte que vinha sofrendo.

Comunicador criticava vários políticos, dentre eles o prefeito de Bragança

Até a noite de ontem (21), nenhum suspeito do crime havia sido preso pela polícia. As investigações começaram no início da manhã com a perícia no local do crime e também na análise de imagens câmeras de vigilância instaladas em residências e prédios comerciais próximos da sede da rádio Pérola FM. Os trabalhos são coordenados pelos delegados Wander Veloso e Emanuela Amorim.

Informações extraoficiais indicaram que o radialista teria chegado consciente ao hospital e ainda teria dito que reconheceu um dos suspeitos que atirou contra ele e que sabia quem seria o mandante.

As informações sobre quem seria este homem que a vítima reconheceu foram mantidas em sigilo e repassadas apenas para a polícia que já está apurando os relatos. Até então, a Polícia Civil ressalta que não há confirmação da autoria do crime, nem a motivação.A família não descarta o possível envolvimento de políticos no assassinato do policial. Inclusive no final de semana passado, Jairo teria discutido com um prefeito de uma cidade próxima (quase vizinha) a Bragança.

No decorrer das investigações, testemunhas serão ouvidas para prestar informações a respeito da vítima. Qualquer informação que ajude a localizar os autores do crime pode ser repassada ao Disque Denuncia (181). A ligação é gratuita e quem ligar não será identificado.

Apesar das investigações do assassinato do radialista Jairo Sousa estarem sendo mantidas em sigilo pela polícia, uma testemunha ouvida pelo DIÁRIO, que terá a identidade preservada, afirmou que as últimas palavras do profissional ao irmão, quando ainda estava vivo no hospital da cidade, onde recebeu atendimento, afirmam que sua morte teria motivação política. Ele criticava as supostas fraudes que seriam cometidas pelo prefeito de Bragança, Raimundo Nonato de Oliveira (PSDB), o Raimundão.De acordo com o vereador de Bragança, Rivaldo Miranda, que era amigo pessoal de Jairo Sousa, entre as denúncias feita pelo radialista estava o superfaturamento por parte do prefeito Raimundão em obras públicas na cidade. “Ele denunciou a construção da academia ao ar livre numa praça de Bragança, que teve o valor superfaturado em relação ao valor real da obra”, disse o vereador Rivaldo.

Ainda de acordo com o político, as denúncias feitas por Jairo Sousa também atingiam pessoas ligadas diretamente ao prefeito de Bragança, como a secretária de Finanças, Tatiana Rodrigues, que estaria envolvida em supostas negociações ilícitas da administração da prefeitura. Ao mesmo tempo, o radialista batia de frente com o defensor público da cidade, Fernando Eurico, que é marido da secretária Tatiana.Além disso, o profissional do rádio denunciou o ex-secretário de Educação Luís Augusto, conhecido como professor Isis, acusado de desvio de merenda e superfaturamento na aquisição de material escolar. “As denúncias dele foram comprovadas e até nos ajudaram a exonerar esse secretário de Educação”, confirmou o vereador Rivaldo Miranda.

Por conta disso, o radialista passou a ser alvo dos denunciados, que o encaravam como verdadeiro inimigo. Em conversa entre amigos, ele sempre reclamou que vinha sendo ameaçado de morte. “Para mim mesmo ele falou várias vezes que recebia essas ameaças de morte de maneira anônima, em que ele acreditava que era por causa das denúncias que fazia”, declarou Rivaldo Miranda.

O vereador espera que aja rapidez nas investigações sobre o assassinato. Até o momento foram ouvidos pela polícia a esposa, o filho e irmão de Jairo Sousa, assim como a técnica de enfermagem que o atendeu. Uma testemunha também foi ouvida: o segurança que trabalhava nas proximidades, que teria visto como tudo aconteceu. “Ele viu que o assassino estava de boné, o momento em que ele atira e guarda a arma, e o momento em que entra num carro que deu apoio para fugir”, concluiu o vereador Rivaldo.

LAMENTO

A morte do radialista Jairo Sousa foi lamentada por amigos e familiares dele. Em passagem por Bragança, o deputado estadual Carlos Bordalo, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará, se pronunciou e cobrou medidas urgentes na apuração do crime, em seu blog pessoal.

“O assassinato brutal ocorreu na porta da rádio Pérola FM, onde o radialista exercia seu oficio. Mais um crime violento, com características de execução a mando. Definitivamente, a barbárie se instalou no Pará”, disse o deputado.Ainda em seu blog, o deputado Carlos Bordalo destaca o risco de se exercer a profissão de jornalista ao citar que o Brasil é o segundo país da América Latina com mais jornalistas assassinados.

De acordo com a ONG Repórteres sem Fronteiras, 26 repórteres foram mortos no país, entre 2010 e 2017, deixando o Brasil na 102° posição no ranking mundial que avalia a liberdade de imprensa, que analisou apenas crimes que estão diretamente ligados a prática do jornalismo.

(Denilson D´Almeida, Tiago Silva e Alexandre Nascimento/Diário do Pará)

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