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Guilherme Boulos se coloca como alternativa ao atual sistema político

Pré-candidato à presidência da República pelo PSol, Guilherme Boulos é um dos nomes da esquerda na corrida eleitoral, com propostas críticas ao atual sistema político. “Para nós, só faz sentido entrar em uma disputa presidencial se for para levantar as no

Pré-candidato à presidência da República pelo PSol, Guilherme Boulos é um dos nomes da esquerda na corrida eleitoral, com propostas críticas ao atual sistema político. “Para nós, só faz sentido entrar em uma disputa presidencial se for para levantar as nossas bandeiras com coerência”, declarou em coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (18), após uma programação na Região Metropolitana de Belém com povos quilombolas e comunidades afetadas pelo lixão de Marituba.

Boulos afirma que a defesa assumida por ele junto à militância do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) contra a prisão do ex-presidente Lula (PT) é uma peleja em favor da democracia e não de uma figura política e defende uma candidatura alternativa, em construção, com anuência de pessoas e cada vez mais afastada de interesses político-partidários. Confira alguns trechos da fala do psolista.

Você se considera um candidato de extrema esquerda nesse cenário?
Extrema é a realidade brasileira. É seis bilionários terem mais renda e patrimônio que 100 milhões de pessoas. A desigualdade no Brasil é extrema, a falta de democracia é extrema, a existência de privilégios também. Se opor contra isso não é ser extremista. Nossa pré-candidatura defende igualdade de oportunidades.

O atual cenário é favorável a essa pauta?
É um cenário de muita descrença em relação às mudanças políticas. Existe uma crise de representação. Boa parte do nosso povo -se nós andarmos na rua e conversarmos com as pessoas-, acha que política não tem jeito, que é tudo igual, não presta, não tem saída. Esse é um sentimento forte na sociedade brasileira. E está forte porque, efetivamente, o atual sistema político se esgotou, porque não representa as maiorias, não nos representa. Representa um Estado sequestrado por bancos e grandes corporações econômicas. É compreensível que as pessoas se sintam assim. Nossa pré-candidatura tem o objetivo claro de apresentar uma nova alternativa, um novo jeito de fazer política. Então a gente acredita que sim, que tem um cenário muito favorável para crescer. As pessoas estão buscando algo que seja uma alternativa nova em relação a esse sistema em vigor. Um exemplo são as pesquisas de intenção de voto hoje. Nos cenários em que não está o ex-presidente Lula, quem lidera não é o Jair Bolsonaro (deputado federal pelo PSC-RJ e pré-candidato à presidência da República). Com dez pontos a mais lideram os votos nulos, brancos e indecisos.

Como alcançar o eleitorado jovem que, justamente nessa descrença tem o discurso anti-partido, anti-político...?
Eu sou o pré-candidato mais jovem a concorrer à presidência da República. O partido tem observado um crescimento expressivo, durante os debates, do eleitorado jovem. Essa semana vim de uma agenda pelo Nordeste, estive em Aracaju, Maceió, Recife, ontem (quinta) no Rio e hoje (sexta) viemos para cá. Em todos esses lugares fizemos debates em universidades e todos eles foram lotados, não havia menos de 300, 400 jovens para discutir esse projeto novo. Dá para chegar, a juventude que não se sente representada por esse sistema político está buscando uma forma nova de participação. E o que estamos propondo é exatamente uma forma de fazer política que aumente o poder da sociedade. Que enfrente o verdadeiro abismo que existe hoje entre Brasília e o Brasil, entre o poder e as pessoas. Quando propomos, para enfrentar isso, iniciativas como plebiscitos, referendos, conselhos, é para que as pessoas possam participar das decisões do país, e não apenas a cada quatro anos para apertar o botão e depois se encerrou. Mas de uma forma que as pessoas possam ser ouvidas e consultadas permanentemente nas decisões. Isso nos aproxima de quem também não se sente representado na democracia limitada que vivemos hoje no Brasil. É prática e discurso, não é só discurso. Temos um posicionamento claro de entender os limites desse sistema político e, ao mesmo tempo, construímos nossa campanha a partir de uma articulação que vem de baixo para cima. É uma campanha-movimento, que vem da sociedade. Eu, há 16 anos, atuo em um movimento social que luta por moradia. Minha companheira de chapa é a principal liderança indígena do país, e a primeira indígena em uma chapa presidencial na história do país. Existe um conjunto de movimentos sociais: mídia ninja, setores do movimento feminista, movimento negro, movimento LGBT, artistas, professores, intelectuais, quilombolas, que nós inclusive visitamos durante essa agenda ao Pará. O PSol teve a abertura, a generosidade e a ousadia de se abrir a essa articulação de movimentos sociais, o (Partido Comunista Brasileiro) PCB se coligou nacionalmente também.

Por que você priorizou o debate com os quilombolas em sua vinda à capital paraense?
A questão quilombola no Brasil, tal e qual a questão indígena, tem sido maltratada nos últimos anos. O que temos visto é um modelo de crescimento econômico que não se preocupa com a sociedade e nem com o meio ambiente. A nossa proposta é que não é a sociedade que deve servir a economia, e sim a economia é que deve servir a sociedade. E isso tem um significado. Significa que o crescimento econômico, por si só, não necessariamente traz desenvolvimento social. A história brasileira é exemplo disso. O período de maior crescimento econômico que tivemos nos últimos 50 anos foi o “milagre econômico” na ditadura militar, quando também houve a maior concentração de renda no país. Não queremos crescimento econômico para engordar o bolso de minorias. Queremos crescimento sintonizado com o enfrentamento à desigualdade social, com inclusão das pessoas, qualidade de vida e preservação do meio ambiente.

O PT precisou de várias candidaturas para conseguir estabelecer uma candidatura de esquerda, que durou quase quatro mandatos e terminou com um impeachment. Você consegue entender o peso de sua candidatura em uma possível reconstrução desse cenário, em que a esquerda deixa de ser Governo e volta a ser somente representatividade?
Precisamos pensar no futuro, e não só na próxima eleição. É a próxima geração que está em jogo. Para isso é preciso passar por eleições e tentar ganhar - não estamos aqui só para marcar posição. Essa é uma eleição absolutamente imprevisível, que ainda está totalmente em aberto e portanto há espaço de crescimento para uma proposta como a nossa. Temos corrido o país com uma excelente recepção junto a juventude, periferia, movimentos sociais, professores universitários. Ou seja, achamos que há espaço para essa proposta crescer muito já agora. O que estamos semeando não termina em 7 de outubro, é um projeto de longo prazo de mudança para o país. O Brasil, no caminho que está, com 30% de desemprego entre os jovens, não tem futuro. A maior taxa do Brasil em 27 anos! O jovem está sendo morto por consequência de uma política de segurança pública inconsequente e insana. O estado brasileiro está sendo destruído em sua capacidade de investimento público com a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Teto de Gastos, que congela os investimentos por 20 anos.

Você fala em suas entrevistas em não ser mais possível governar com as maiorias no Congresso, por conta dos lobbies e tudo o mais. Consegue ver a viabilidade de entrar em harmonia com o parlamento, com os bancos, em um eventual Governo do PSol?
Este modelo de governabilidade que foi se construindo chegou ao esgotamento. Hoje, formar maioria parlamentar é fazer balcão de negócios. Em que você troca voto no Congresso por cargo no Governo. É o nascedouro da corrupção. Hoje tem bancada de tudo: ruralista, dos bancos, da construção, das universidades privadas, do plano de saúde, como funciona esse jogo: pessoa se elege com apoio do financiador e depois vai atender a ele, e não ao eleitor, é o rabo preso, o toma lá, dá cá. Não dá mais para ser assim. Dizer que quer mudar o Brasil e fazer do jeito velho. Para mudar, tem que enfrentar essa lógica diminuindo o poder dos políticos e aumentando o poder das pessoas, aproximando-as das decisões, com plebiscitos, referendos, conselhos.

Mas o modelo de plebiscito também hoje tem de ser referendado pelo Congresso
Pois é, mas o Congresso é caixa de ressonância. Se a sociedade se mobiliza e pressiona, eu quero ver. Se no dia 1º de janeiro de 2019 nós estivermos no Governo, vamos mandar para o Congresso e para a sociedade brasileira uma proposta de plebiscito para revogar as medidas do Michel Temer. Que aprovou reforma trabalhista que retira direito, que congelou investimento, que entregou o pré-sal ao estrangeiro, um monte de retrocessos. Com o povo defendendo isso, as pessoas em cima disso, alguém acha que os deputados vão agir como se não fosse nada?

Sua visita focando povos tradicionais e povos afetados pelo lixão em Marituba significa uma tentativa de criação de proposta de Governo levando em consideração as peculiaridades de cada região?
Importante reforçar: esse projeto está mesmo em construção e essa foi uma primeira visita como pré-candidato, eu já estive várias vezes aqui antes, em outros movimentos, com os companheiros de partido. Fui visitar para ouvir, saber das gravidades de Marituba, da Hydro, dos ataques às terras quilombolas. O momento é de construir a proposta com as pessoas. (...) Queremos um modelo de escuta permanente das pessoas. Políticas públicas regionais não podem ser formuladas em Brasília, dentro de um gabinete.

(Carol Menezes/Diário do Pará)

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