plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 30°
cotação atual R$


home
NOTÍCIAS PARÁ

Mulheres contam histórias de como o sonho de ser mãe superou qualquer barreira

Superação, fé e gratidão. Foi com essas três palavras que a servidora pública Rebeca Monteiro Reitz, 36 anos, resumiu os primeiros 365 dias vividos ao lado do seu filho, o pequeno Henry Reitz, – que completou o primeiro ano de vida no último dia 9 –, junt

Superação, fé e gratidão. Foi com essas três palavras que a servidora pública Rebeca Monteiro Reitz, 36 anos, resumiu os primeiros 365 dias vividos ao lado do seu filho, o pequeno Henry Reitz, – que completou o primeiro ano de vida no último dia 9 –, juntamente com seu esposo, o servidor público Lothar Richard Reitz, 55. Casados há 15 anos, eles sonhavam com o dia em que teriam o filho nos braços. Foram várias tentativas e, depois de 11 anos, conseguiram concretizar o sonho.

Com quatro anos de casada, em 2007, Rebeca decidiu que havia chegado a hora de se tornar mãe. Porém, o casal passou por dificuldades. Na época, ela foi diagnosticada com endometriose e ovário policístico. Rebeca passou por diversas cirurgias e, em 2011, precisou retirar as trompas e parte do ovário direito. Mesmo assim, não desistiu de tentar engravidar e optou pela fertilização in vitro – tratamento que consiste em realizar a fecundação do óvulo com o espermatozoide em um laboratório de embriologia que permite acompanhar o desenvolvimento dos embriões para posteriormente fazer a transferência ao útero materno.

Foram dez tentativas de fertilização que não deram certo. Quando o casal já estava quase desistindo e partindo para a adoção, surgiu na vida deles um grande gesto de generosidade e amor, que faria o sonho tornar-se realidade. “A minha prima se ofereceu para gestar o nosso bebê para a gente. O Henry foi meu último embrião (do tratamento de fertilização in vitro). Foi uma mistura de medo e ansiedade, mas resolvemos embarcar nesse novo sonho”, relatou Rebeca.

“Eu sabia que ia ser mãe, só não sabia como. E Deus trouxe para a gente essa forma. A gente percebe que quando o bebê está nos nossos braços não importa. O amor cresce e o que mais importa é a criança, o vínculo e o biológico, pelo material genético ser meu e do meu marido”, pontua.

Foi com a chamada “barriga solidária” que a estudante Elenice Renata Oliveira, 24, resolveu ajudar a prima Rebeca a ser mãe: a jovem gerou o embrião do casal, o último que havia passado pelo processo de fertilização in vitro e que estava guardado em uma clínica de São Paulo.

O primeiro passo para realizar o sonho foi oficializar o pedido de autorização para a realização do procedimento junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), em São Paulo. Até receberem a resposta positiva do órgão, autorizando a jovem a ser submetida ao tratamento, eles passaram por um processo que teve duração de oito meses e meio, envolvendo documentação, acompanhamento psicológico do casal e de Elenice, entre outros trâmites legais.

EMBRIÕES

“Os meus embriões estavam lá (em São Paulo). Foram várias documentações. Minha prima passou por acompanhamento psicológico para saber se estava apta para ser a nossa barriga solidária. Quando foi aprovado, no mês seguinte fizemos. E, para nossa felicidade, deu tudo certo”, comemora Rebeca, ao ressaltar que ela e o marido participaram e acompanharam de perto os meses de gestação.

“A gente gestou essa criança juntas. Participei de toda evolução dele, dos momentos em que passávamos juntas. Gravava as músicas que gostaria que ele escutasse e colocava na barriga dela. Na sala de parto, nós fomos juntas e de lá eu peguei o Henry. Foi algo surpreendente. Uma atitude tão generosa dela de dispor um ano de vida para poder fazer o bem e trazer o Henry para a gente. É algo indescritível esse amor familiar que juntou ainda mais as nossas vidas. Ela realmente é um anjo”, declara Rebeca.

No aniversário de um ano do pequeno Henry, comemorado no último dia 9, o casal reuniu a família, amigos e a prima Elenice para comemorar. Ao invés de presentes para a criança, a família pediu que os convidados doassem alimentos como leite, mingau e kits de higiene, que, nos próximos dias, serão destinados para instituições de caridade que atendem crianças.

“A gratidão pela minha prima era tanta que a gente quis que isso se transformasse em ajuda para outras crianças. Esse Dia das Mães será muito especial porque foram 365 dias de presença de um anjo que só veio transparecer o amor e misericórdia de Deus. Se eu pudesse descrever, eu diria que tudo vale a pena quando você tem um sonho. Embora a gente tenha muitos fracassos, se temos fé e coragem, a gente deve seguir adiante e colocar todos os nossos esforços ao máximo”, afirma Rebeca. “Me sinto recompensada”, diz ela.

FELICIDADE EM DOBRO

Adriana e suas filhas Sofia e Valentina. (Foto: arquivo pessoal)

Assim como ocorreu com Rebeca, nenhuma barreira foi capaz de impedir a empresária Adriana Henriques Lima, 35 anos, de realizar o grande sonho de ser mãe. A ideia de gerar uma criança sempre figurou no topo da lista de anseios que ela tinha para a própria vida. Quando decidiu que seria a hora de realizar a missão para a qual ela sempre esteve preparada, sabia que os caminhos a percorrer seriam diferentes. “O meu marido é vasectomizado, então nós buscamos a fertilização in vitro”, conta “Como na época eu não conhecia muita coisa sobre o assunto, eu achei que conseguiria engravidar de primeira”.

Adriana iniciou o tratamento aos 30 anos. Após a primeira fertilização, porém, ela recebeu a notícia de que a gravidez não havia ocorrido. A segunda tentativa foi realizada após um ano. Desta vez, os exames que comprovavam a gravidez apontavam um resultado positivo. Porém, os exames de imagem não constatavam a presença do embrião. “A gente sempre acha que vai dar tudo certo. Então, essa expectativa e depois a decepção de saber que não ocorreu é muito sofrida”.

Como até então nunca havia tentado engravidar, Adriana conta que começou a pensar sobre a possibilidade de ter alguma dificuldade. Em meio a tantas incertezas, chegou a pensar que nunca conseguiria realizar o sonho. Porém, a descoberta do que provavelmente poderia estar ocasionando o problema fez com que ela precisasse superar mais um obstáculo. “Descobrimos que as minhas células de defesa atacavam os embriões”, lembra. “Para que isso não acontecesse, tivemos que buscar um medicamento que só era vendido em São Paulo. Eu tive de tomá-lo cinco dias antes da terceira tentativa”.

GÊMEAS

A persistência gerou um resultado que superou, e muito, as expectativas do casal. Adriana engravidou de gêmeas e, aos 33 anos, deu à luz Sofia e Valentina. “Nós colocamos dois embriões, mas descobrimos que a gestação não era de gêmeos bivitelinos – quando cada um dos bebês tem sua própria placenta, cordão umbilical e bolsa amniótica –, o que é mais comum nesses casos”, explica a mãe. “O que aconteceu foi que um dos embriões que colocamos não vingou e o que vingou se transformou em dois, gerando gêmeas idênticas”.

Adriana lembra que, neste momento, a alegria foi maior ainda. “Eu queria gritar para o mundo que eu estava grávida. Não tem como descrever a emoção que eu senti quando elas nasceram.”

REPRODUÇÃO ASSISTIDA

  • Quando se trata de reprodução assistida, o ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana, Pablo Sales, explica que os tratamentos podem ser divididos em baixa e alta complexidade.
  • Na baixa complexidade, um dos tratamentos disponíveis é a inseminação intrauterina – quando é feito o controle da ovulação na mulher e, no período adequado, o parceiro coleta o sêmen que é preparado para ser injetado dentro do útero da mulher. “Seria baixa complexidade porque naturalmente aqueles espermatozoides vão tentar encontrar o óvulo”, explica.
  • Já a fertilização in vitro (FIV) é considerada de alta complexidade, já que a formação do embrião ocorre fora do útero para, posteriormente, ser transferido para dentro da cavidade uterina. “É bem mais complexo porque geralmente a mulher ovula um óvulo por mês. Então, para um caso de FIV, a gente quer uma quantidade bem maior, até para ter uma chance maior de gravidez. Ela toma alguns hormônios, os ovários passam a se desenvolver, ela passa por uma espécie de pequena cirurgia para poder retirar esses óvulos e, no mesmo dia, o parceiro coleta o sêmen. Aí o espermatozoide é preparado e a fertilização é feita toda no laboratório”, descreve o médico.
  • Pablo aponta, ainda, que o embrião precisa ficar em observação e somente após o período, que geralmente vai de 3 a 5 dias, é que ele é transferido para dentro do útero. Normalmente, todo esse processo, que vai desde o início da monitorização com ultrassom para início do tratamento hormonal até saber se tudo deu certo e a gravidez se concretizou, dura, em média, 30 dias.
  • Como não há certeza de que a gravidez se concretizará logo na primeira tentativa, uma alternativa possível é fazer o congelamento de óvulos e/ou de embriões. Assim, em caso de uma segunda tentativa, seria necessário apenas preparar a cavidade do útero, descongelar o embrião e fazer a transferência.
  • A possibilidade de congelamento de óvulos também pode contribuir para as chances de gravidez em mulheres que pretendem ter filhos já depois dos 35 anos, quando a fertilidade começa a diminuir. “Uma mulher que congelou os óvulos antes do 35 anos pode escolher engravidar aos 45, por exemplo. É como se os óvulos congelados tivessem parado nos 35 anos, então ela vai ter boas chances de engravidar”.
  • Sem a opção do congelamento, caso a coleta dos óvulos fosse feita por uma mulher com mais de 40 anos, por exemplo, as chances de gestação seriam menores.
  • Para mulheres que já passaram pela menopausa ou mesmo que tiveram algum problema ovariano que resultou na retirada dos dois órgãos, ainda há a opção de receber um óvulo fruto de doação. Da mesma forma, os espermatozoides utilizados também podem ter sido doados e podem ser requeridos a um banco de sêmen, para o caso de mulheres que desejam engravidar sem parceiro.
  • “O tratamento seria basicamente o mesmo. A mulher selecionaria o sêmen – temos clínicas gabaritadas para isso - e faria o tratamento posterior para a fertilização.”

ADOÇÃO

Nicinha Câmara, ao lado de sua filha Isabela, sabe que consegue dar o apoio que a adolescente precisa "e que tudo dá certo". (Foto: Octávio Cardoso/Diário do Pará)

A forte emoção provocada pela missão de ser mãe também foi sentida pela professora Nicinha Câmara, 47 anos, quando ela viu seu nome na certidão de nascimento da filha Isabela Câmara, hoje com 13 anos. Nicinha conta que o desejo de ser mãe não necessariamente esteve presente desde os primeiros anos da vida adulta. Porém, quando a aspiração se fez presente, tudo culminou para que sua maternidade fosse concretizada. “Quando eu pensei em adotar, soube de uma pessoa que tinha o interesse de entregar a criança para adoção”, lembra.

Seguindo todos os trâmites legais exigidos, Nicinha recebeu, primeiramente, a guarda provisória da pequena Isabela – que chegou aos braços da mãe 48h após o nascimento. Enquanto já se ocupava dos cuidados com a filha recém-nascida, Nicinha acompanhava o andamento do processo de adoção.

Foi necessário aguardar por um ano para ver a confirmação da condição de mãe oficializada na certidão de Isabela. “Foi uma emoção muito grande. Eu fiz o registro desse dia no ‘livro do bebê’ e troquei logo o nome dela no plano de saúde”, diz sorrindo, ao lembrar a felicidade proporcionadapelo momento.

CAMINHO

Quando pensa no caminho percorrido para que pudesse se tornar a mãe de Isabela, a professora tem uma certeza: tudo valeu a pena. “Quando eu cheguei nessa fase da minha vida, eu diminuí o ritmo de trabalho e me preparei para ser mãe. Além de fazer terapia, eu li muito sobre adoção”, lembra. “Ser mãe sozinha é um desafio, mas vale a pena porque eu sei que eu consigo dar o apoio que ela precisa e que tudo dá certo”.

PROCEDIMENTOS LEGAIS

  • É necessário que o pretendente à adoção procure a Vara da Infância e da Juventude da Comarca na qual reside para ter informações sobre a documentação necessária para requerer o processo de adoção. Os documentos em geral são os de identificação civil (RG, CPF), comprovante de renda e de residência, atestado de saúde física e mental, dentre outros.
  • Após a formalização do processo, o pretendente à adoção será chamado para avaliação na Vara da Infância e da Juventude, que será realizada por equipe interprofissional. No estudo, serão verificadas motivações para adoção, habilidades emocionais para a construção do vínculo de parentalidade, dinâmica das relações familiares, dentre outros aspectos.
  • Após o estudo, em geral, ocorre a realização de audiência judicial.

FONTE: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARÁ

(Pryscila Soares e Cintia Magno/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias