Mesmo depois da greve dos rodoviários ser considerada abusiva pela Justiça do Trabalho, a categoria decidiu manter o movimento e 2 milhões de pessoas permanecem sem ônibus em Belém, Ananindeua e Marituba. Na manhã deste sábado (21), motoristas e cobradores se concentram em frente ao prédio da Unama, na BR-316, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. No local, dois ônibus estão parados com pneus furados.
Tito Melo, diretor do Sindicato dos Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), reforçou, neste sábado, que a categoria está forte e que não há margem para negociação. Segundo ele, a biometria, principal reivindicação dos rodoviários, é o impasse que a patronal não sinalizou que vai ceder.
Já em Belém, Brás Afonso, do sindicato da capital, reitera que os rodoviários não aceitam o reajuste de 1,62% oferecidos tanto para o salário quanto para o ticket. Até o momento, poucos carros saíram das garagens. Na entrada da empresa Belém Rio, na rodovia Augusto Montenegro, uma Kombi está impedindo que ônibus saiam.
Reunidos nas portas das garagens, rodoviários se dizem mais fortes no terceiro dia do dissídio (Ney Marcondes/Diário do Pará)
Decisão
Ontem (20), a desembargadora do Trabalho Francisca Formigosa votou pela abusividade da greve, determinando a aplicação de multa primeiramente no valor de R$ 100 mil por dia parado. Mas depois da manifestação dos demais integrantes da sessão, a multa foi reduzida para R$ 10 mil/dia, a contar no mesmo momento. Os dias parados também serão descontados na folha de pagamento.
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A abusividade se deu devido ao não cumprimento da medida cautelar que determinava a obrigatoriedade de 80% da frota. A juíza determinou, ainda, que os rodoviários retornassem ao trabalho às 16h e autorizou as empresas de transporte coletivo a contratar temporários caso os trabalhadores não atendessem à determinação.
Apesar da decisão, a categoria decidiu resistir e continuar a greve geral por tempo indeterminado. Em Ananindeua, os rodoviários bloquearam a BR 316, no sentido Ananindeua-Belém, desde as primeiras horas do dia, causando um grande engarrafamento. O objetivo era pressionar entidade patronal a negociar as reivindicações. Após a sessão no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a categoria realizou assembleia geral, no final da tarde, e decidiu resistir.
Os poucos coletivos nas ruas passavam lotados (Foto: Maycon Nunes)
Rodoviários chegaram a fechar a rodovia, gerando engarrafamentos (Foto: Maycon Nunes)
PNEUS FURADOS
Após a decisão do Tribunal, poucos ônibus começaram a circular pelas ruas de Belém. Alguns coletivos tentavam furar o bloqueio, mas foram impedidos de passar e tiveram os pneus esvaziados e vidros quebrados, na BR-316. “Estamos dispostos a cumprir a decisão, mas a greve só termina quando houver negociação”, informou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), Huellen Ferreira.
Em Belém, os rodoviários de Belém se concentraram em São Brás e votaram pela manutenção do movimento. A categoria reivindica ser recebida em mesa de negociação diretamente com os representantes das empresas. A categoria reivindica diversos pontos, mas o principal deles é a redução da jornada de trabalho de 8h20 para 6h20 e a instalação do ponto biométrico. Atualmente, a frequência é feita manualmente e as horas extras não são computadas.
Quem tentava furar a greve tinha os pneus do veículo furados (Foto: Maycon Nunes)
Paralisação também afetou movimento no comércio da capital. Lojistas reclamam
Falta do transporte coletivo afastou clientes e deixou as ruas do Centro Comercial vazias (Foto: Ricardo Amanajás)
O movimento grevista também provocou prejuízos para o comércio da capital. Lojistas do centro comercial calculam que somente nos dois últimos dias, houve uma queda de 80% nas vendas. “Estão sendo dias muito ruins. A manhã está terminando e até agora não vendemos nada. Infelizmente a greve só prejudica a gente. As pessoas não vêm para o comércio”, avalia Diana Rocha, de 50 anos, gerente em uma loja de variedades na rua João Alfredo.
Socorro Aleixo, de 54 anos, supervisora em loja de calçados, também calcula uma queda significativa nas vendas. “Na verdade, o movimento já não estava bom, agora ficou péssimo. Estamos preocupados com as despesas. Tem mercadoria e funcionários para pagar. Bate o desânimo com um movimento tão fraco”, desafaba. De acordo com Marinaldo Campos, diretor do Sindicato dos Rodoviários de Belém, a greve é a única maneira da categoria negociar com a patronal. “Infelizmente, a maior prejudicada é a população. Mas a culpa não é nossa. Queremos negociar a pauta de reivindica
(Leidemar Oliveira e Michelle Daniel/Diário do Pará)
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