Ator escreve cartas para Lula na prisão ditadas por moradores

JUma banca improvisada, montada no centro de Recife, e uma placa com o chamado "escreva sua carta para Lula". Em alguns minutos, uma pequena fila, formada em sua maioria por pessoas analfabetas, estava formada.

Sentado num banco de plástico, o ator pernambucano Cláudio Ferrario ouvia e escrevia tudo o que as pessoas ditavam.

Em três horas, 18 cartas haviam sido escritas. Todas já foram encaminhadas para a sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso desde o dia 7 de abril.

"Escrever as cartas é fundamental para a história. Já coloquei todas nos Correios", conta o ator.

O fotógrafo Nilton Pereira, junto com o coletivo Jacaré Vídeo, filmou a ação e postou nas redes sociais.

No vídeo, uma senhora elogia o petista e questiona a prisão. "Tem arrumadinho por trás disso aí. Não querem que o pobre vá pra frente. Querem que o pobre peça esmola. Onde era que o pobre fazia faculdade, meu senhor? Pobre nunca fez faculdade do Brasil."

Em outro trecho, um homem diz que votaria em Lula até se ele estivesse preso no fundo do mar. "Para falar a verdade, eu sou um semianalfabeto. Eu estou achando que isso aí é despeito porque, se ele fosse candidato, ganharia. Se ele estiver preso, eu voto nele. Ele pode estar no fundo do mar, na cadeia, eu vou votar nele."

Uma das mensagens escritas aconselha o ex-presidente a não comer nada antes que outra pessoa prove o alimento para evitar o risco de envenenamento.

No próximo domingo, o ator vai montar sua banca no bairro de Brasília Teimosa, primeiro lugar visitado por Lula após se tornar presidente, em 2003. "Vamos fazer muitas cartas ainda. A ideia é ir pro sertão", diz Cláudio Ferrario.

(Folhapress)