Vereadores teriam retirado voto para criar CPI

Quinze dos 35 vereadores da Câmara Municipal de Belém (CMB) assinaram ontem o requerimento protocolado pelo vereador Sargento Silvano (PSD) para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a atuação do crime organizado e das facções criminosas (Família do Norte-FDN, Primeiro Comando da Capital-PCC e Comando Vermelho-CV) que “estão desafiando o Estado e a segurança pública” na Grande Belém, segundo o vereador.

Porém, a mesa diretora da casa informou no fim da manhã que “os vereadores não validaram a assinatura por acompanharem a Constituição Federal e entenderem assim não ser competência municipal tratar de segurança pública”. E prossegue: “Dessa forma, não restam assinaturas suficientes para a instalação da CPI”. São necessárias 12.

Por outro lado, o DIÁRIO apurou que pelo menos oito vereadores teriam retirado a assinatura do requerimento após o protocolo. Silvano disse não ter recebido nenhum comunicado oficial da mesa diretora ou da Comissão de Constituição de Justiça da casa sobre a retirada das assinaturas. “Não acredito que meus pares na Câmara tenham ficado com medo de apurar a situação. Se realmente retiraram, terão de explicar o motivo”, afirma. “No Rio de Janeiro, a Guarda Municipal está atuando conjuntamente com as Forças Armadas na segurança pública do Estado. Então, há sim jurisprudência que respalde a CPI”, completa.

Ainda segundo o vereador, a CPI vai investigar especificamente as facções criminosas, uma vez que as milícias já foram investigadas pela Alepa. “Vamos entrar numa seara onde ninguém teve coragem de entrar ainda, que é investigar a atuação do crime organizado que se instalou nos presídios e na nossa capital.”

A ideia da CPI é chamar representantes das Polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e Sistema Penitenciário, para encontrar falhas e apontar soluções. “Quem está por trás de todas essas mortes e atentados são essas facções criminosas. Policiais estão sendo expulsos das suas casas. Hoje, as viaturas só andam em duplas. As motos, só de três ou quatro”, encerra.

QUEM ASSINOU

Fabrício Gama, Vitor Dias, Joaquim Campos, Fernando Carneiro, Toré Lima, Paulo Bengtson, Marciel Manão, Amaury Souza, Moa Moraes, Zeca Pirão, Nehemias Valentim, Igor Normando, John Wayne, Sargento Silvano e Celsinho Sabino.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)