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Jatene gasta mais em propaganda do que em obras para a segurança

É incrível, mas verdadeiro: nos últimos 7 anos, o dinheiro torrado em propaganda pelo governador Simão Jatene ultrapassou largamente tudo o que ele investiu na compra de equipamentos para todos os órgãos de Segurança Pública do Pará (armas, coletes à prov

É incrível, mas verdadeiro: nos últimos 7 anos, o dinheiro torrado em propaganda pelo governador Simão Jatene ultrapassou largamente tudo o que ele investiu na compra de equipamentos para todos os órgãos de Segurança Pública do Pará (armas, coletes à prova de bala, veículos, embarcações, por exemplo). Também ultrapassou todo o investido na construção e reforma dos prédios desse setor.

Entre 2011 e 2017, Jatene gastou em propaganda quase R$ 350 milhões, em valores atualizados pelo IPCA-E de dezembro último. Foram R$ 304.357.640,63 do Poder Executivo e R$ 43.456.131,98 do Banco do Estado do Pará (Banpará), cujo acionista majoritário é o Governo Estadual, com 99,9% das ações. Já na compra de equipamentos para os órgãos de Segurança, os gastos ficaram em pouco mais de R$ 293,9 milhões. Em construção e reforma dos prédios da Segurança, o investimento foi ainda menor: apenas R$ 200 milhões, ou 57,5% do que ele gastou em propaganda.

Os números são de um levantamento realizado pelo DIÁRIO, com base em documentos oficiais: balanços gerais do Estado (que registram todas as receitas e despesas do Governo e estão no site da Secretaria de Estado da Fazenda/Sefa); demonstrativos contábeis do Banpará, que estão no site da instituição; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), de dezembro de 2017, que está no site da Secretaria do Tesouro Nacional (STN); portal estadual da Transparência; e do Siafem, o sistema de administração financeira dos estados e municípios, que permite acompanhar todos os gastos governamentais.

A montanha de dinheiro já torrada em propaganda por Jatene é tão impressionante que equivale a quatro vezes tudo o que ele investiu em Segurança Pública, no ano passado: pouco mais de R$ 87,8 milhões, que incluem, além de obras e equipamentos, o pagamento de despesas de exercícios anteriores (DEAs), contribuições e gastos não especificados.

Esses quase R$ 350 milhões da propaganda também dariam para sustentar, durante um ano, três dos maiores hospitais públicos do Pará. No ano passado, os gastos da Santa Casa de Misericórdia totalizaram R$ 293,137 milhões. Já a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana gastou R$ 187,511 milhões; e o Ophir Loyola, R$ 187,839 milhões. A conta inclui desde os salários dos médicos, enfermeiros e outros profissionais de Saúde, até os fios de sutura usados nas cirurgias, gaze, luvas, seringas e os copos descartáveis do cafezinho.

Os três hospitais atendem a milhares de pacientes do Estado, na maioria pessoas pobres, e muitas vezes em condições precaríssimas. E esses R$ 350 milhões também superam os investimentos, no ano passado, do Fundo Estadual de Saúde (R$ 232,685 milhões).

SAÚDE

Só o que Jatene torrou em propaganda, em 2017 (mais de R$ 57 milhões) supera as despesas, somadas, no mesmo período, do hospital Abelardo Santos (R$ 4,877 milhões) e dos hospitais regionais de Cametá (R$ 3,156 milhões), de Conceição do Araguaia (R$ 14,557 milhões), de Salinópolis (R$ 3,660 milhões), de Tucuruí (R$ 13,606 milhões) e do Laboratório Central/Lacen da Sespa (R$ 9,272 milhões), que ficaram em R$ 49,128 milhões.

Esses R$ 57 milhões também representam quatro vezes os R$ 12,380 milhões gastos, no ano passado, pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico do Estado, que financia projetos importantes para o desenvolvimento do Pará, objetivando reduzir as desigualdades sociais e regionais. Pior: para o ano eleitoral de 2018, a previsão do Orçamento Geral do Estado (OGE) é que os gastos na propaganda de Jatene atinjam mais de R$ 40 milhões, apenas no Poder Executivo, sem contar o Banpará. Se isso ocorrer, a propaganda do governador, nesses dois mandatos sucessivos, custará ao contribuinte paraense cerca de R$ 400 milhões.

MARQUETEIRO DO PSDB É O GRANDE BENEFICIADO

Orly Bezerra recebeu R$ 21 milhões dos cofres públicos no ano passado. Ele coordena a campanha do PSDB no Pará FOTO: DIVULGAÇÃO

Em setembro de 2014, o DIÁRIO mostrou que, dos R$ 143,3 milhões gastos até então na propaganda de Jatene, quase a metade (mais de R$ 71,4 milhões) foram destinados à Griffo Comunicação.

O mesmo aconteceu no ano passado: segundo o portal da Transparência, dos R$ 44,359 milhões pagos pelo Poder Executivo às seis agências que detêm a conta de publicidade do Governo, R$ 21,891 milhões (ou 49,3%) foram parar nos cofres da empresa. A Griffo pertence ao publicitário Orly Bezerra, o marqueteiro do PSDB, no Pará. Foi ele quem coordenou as campanhas eleitorais de Almir Gabriel e de Simão Jatene, ao Governo do Estado, e de Zenaldo Coutinho, à Prefeitura de Belém.

LICITAÇÕES

E é a Griffo que, em uma estranha “coincidência”, ganha todas as licitações realizadas, desde meados da década de 1990, pelos governos tucanos, para os milionários contratos da propaganda. Desde a eleição de Zenaldo, o mesmo acontece na Prefeitura. Em tese, a Griffo fica com apenas um percentual desse dinheiro e distribui o restante aos veículos de comunicação que divulgam a propaganda de Jatene.

Mas ninguém sabe exatamente para onde vai tanto dinheiro, depois que ele entra na empresa. Outro mistério é o porquê de ela receber metade da verba da propaganda e apenas o resto ser dividido entre as outras cinco agências. Por “coincidência”, a Griffo também tem contrato de propaganda com o Banpará.

GASTOS DA PROPAGANDADE JATENE

Os valores de 2011 a 2016, do Poder Executivo, são dos balanços gerais do Estado; o de 2017 é do Portal da Transparência e representa o que foi pago às agências de propaganda. Os números do Banpará são de demonstrativos contábeis do banco, mas não há informações de 2011. Todos os valores foram atualizados pelo IPCA-E de dezembro.

PARA ENTENDER

Veja o comparativo entre os gastos em propaganda de Jatene e os investimento em obras e em equipamentos para os órgãos de Segurança. Os valores da propaganda são a soma dos gastos do Poder Executivo e do Banpará e foram extraídos de demonstrativos contábeis do banco, dos balanços gerais do Estado e do Portal da Transparência. Os investimentos em obras e equipamentos são do Siafem. Todos os números foram atualizados pelo IPCA-E de dezembro. Em 2011, não há informações do Banpará.

(Ana Célia Pinheiro/Diário do Pará)

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