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Ver-o-Peso faz aniversário sem festa

Chamado inicialmente de Casa de Haver o Peso, quando ainda se restringia a apenas um posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos, o Complexo do Ver-o-Peso chega hoje aos 391 anos de existência como grande representante da diversidade cultur

Chamado inicialmente de Casa de Haver o Peso, quando ainda se restringia a apenas um posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos, o Complexo do Ver-o-Peso chega hoje aos 391 anos de existência como grande representante da diversidade cultural paraense e amazônica. Apesar da relevância, frequentadores e feirantes lamentam as condições encontradas por quem visita o cartão-postal de Belém.

A última grande reforma realizada no Complexo do Ver-o-Peso iniciou ainda em 1985, sendo concluída apenas em 2002. Passados mais de dez anos, as tendas tensionadas que encobrem boa parte da feira – onde são vendidas desde refeições até frutas, hortaliças, castanhas e farinhas – já demonstram os sinais da deterioração.

Na tentativa de garantir conforto aos clientes, coube aos próprios feirantes realizar reparos improvisados e remendos na cobertura. A autônoma Arlete Maia, 48, já trabalha com a venda de refeições no local há 35 anos e conta que a prestação de manutenção adequada ao espaço é um pedido antigo dos feirantes. “Se eles apenas fizessem a manutenção, essa cobertura estaria de bom tamanho. O problema é que eles deixam largado e a gente é que tem de fazer os remendos quando rasga”, reclama.

A cobertura já está deteriorada e suja. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

DESFIGURADO

Arlete lembra que um projeto de reforma chegou a ser apresentado aos feirantes pela Prefeitura Municipal de Belém no ano de 2016. Porém, ela critica a forma como o projeto foi elaborado e as mudanças propostas. “O projeto que apresentaram nada tem a ver com o Ver-o-Peso. O Ver-o-Peso sempre foi do povão e do jeito que estava se parecia mais com a Estação das Docas”, aponta.

Sem que a polêmica reforma tenha saído do papel, do mesmo jeito não foram realizadas manutenções consideráveis no espaço. Na véspera da data que marca a fundação do complexo, 27 de março, o clima encontrado no Ver-o-Peso não era de festa. “Não tem o que comemorar. A situação que está até dificulta a chamada de turistas”, afirma o feirante Reginaldo Barbosa, 41.

Os feirantes já fizeram vários remendos na tenda. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

Apesar de apreciar toda a riqueza cultural e gastronômica no complexo, a turista Leda Maciel, 75, não esconde que estranha as condições de conservação do espaço. Natural de São Paulo, ela conta que viaja a Belém todos os anos, mas que esperava ver o Ver-o-Peso melhor cuidado. “Realmente, precisa de cuidados, tanto na parte da estrutura quanto na higienização”, enumera. “O Ver-o-Peso é maravilhoso, mas precisa de uma boa reforma”, completa a paulista.

Para a professora doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (UFPA) e conselheira estadual do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado do Pará (CAU-PA), Roberta Menezes Rodrigues, o complexo do Ver-o-Peso exige manutenção permanente e que respeite suas peculiaridades.

ESPECIALISTA PEDE CAUTELA NA PRODUÇÃO DE UM PROJETO DE REFORMA

Trabalhador reclama das condições. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

O acúmulo de problemas encontrados é fruto da ausência da estrutura de gestão e manutenção contínua. Independente da carência, a professora Roberta Menezes acredita que qualquer reforma que venha a ser realizada não pode prejudicar as características próprias do espaço. “Os problemas acumulados não podem justificar intervenções que o descaracterizem como feira, caráter que deveria ser reforçado e não alterado, e que tende a produzir um impacto considerável na paisagem e no conjunto de edificações existentes, como o último projeto apresentado pela Prefeitura de Belém”, diz.

A arquiteta reforça que o projeto que resultou na intervenção existente ainda hoje foi vencedor do concurso nacional de projetos. Ela defende que a mesma forma de seleção seja utilizada para definir uma possível nova reforma. “Mas padece da falta de manutenção crônica. Ajustes e melhorias poderiam ter sido feitos ao longo dos anos, mas não foi isso que aconteceu”, lamenta. “Ainda assim, qualquer alteração no atual projeto, fruto de um concurso público nacional, deveria ser discutido e viabilizado através, novamente, de um concurso público de projeto, e não da forma como tem sido conduzida pela atual gestão municipal”, argumenta.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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